- Publicidade -

Peça sobre Ana Cristina Cesar faz uso da metalinguagem

Publicado em:

Foto: Thaís Grechi

A obra de Ana Cristina Cesar (1952-1983), uma das grandes poetas brasileiras, é recheada de questões existenciais e reflexões sobre o próprio ato de escrever. Com refinamento, ela transformava a banalidade do cotidiano em arte, a partir de uma linguagem coloquial, mas repleta de imagens e referências sofisticadas. Como essa poesia chega e é sentida, no ano de 2021, por uma atriz de 39 anos que vive a quarentena no Rio de Janeiro? Assim se constrói “Ana C.”, solo com dramaturgia e atuação de Laura Nielsen e codireção dela com Thaís Grechi.

A montagem entra em temporada virtual, de 18 a 28 de março, com ingressos gratuitos e exibição pelo Youtube, aliás, os links estarão disponíveis 30 minutos antes de cada sessão nas páginas do projeto no Facebook e Instagram. Além disso, haverá também debates nos dias 20 e 27 após a sessão das 21h.  Entre as obras apresentadas na peça estão “soneto”, “poema óbvio”, “vacilo da vocação” e “samba-canção”.

Expoente da literatura marginal, a carioca Ana Cristina Cesar, também conhecida como Ana C., se destacava dentro do próprio movimento por uma linguagem singular, marcada pelo tom confessional e reflexões sobre a identidade feminina. Investindo em imagens concretas, por vezes brutais, e demonstrando um olhar irônico sobre o mundo, Ana C. escrevia, sobretudo, em formato de cartas, diários e anotações breves, trazendo para a sua poesia um aspecto intimista e autobiográfico.

“Ana C.” aposta também neste caminho transformando o apartamento da atriz, no Catete, em cenário e criando uma encenação a partir do seu espaço de intimidade. A peça exibe o próprio processo de criação da dramaturgia que coincidiu com a mudança da atriz para o novo endereço. O caos vivido nesta mudança, em plena pandemia, e o reencontro da atriz com arquivos, cartas e diários pessoais foram registrados em vídeo e acabaram sendo incorporados no espetáculo num entrelaçamento entre vida e obra que marcam também a poesia de Ana Cristina Cesar. O resultado é uma peça que faz uso da metalinguagem e vai intercalar momentos ao vivo e outros previamente gravados.

“A obra da Ana Cristina Cesar é repleta de contrastes entre o ser e o parecer, o conteúdo denso e enigmático que se contrapõe ao riso e a ironia, entre vida e morte, entre real e ficcional. Optei por criar uma peça a partir da obra dela e não por dar ênfase à vida pessoal da artista. A poesia dela é complexa, intensa, abre muitas possibilidades de leitura. Na peça, que tem uma estrutura fragmentada, os poemas são apresentados numa espécie de colagem de cenas”, explica Laura.

“Um dos nossos maiores desafios foi transpor a linguagem poética densa e complexa de Ana Cristina Cesar para a cena neste formato on-line, que se apresenta como um híbrido de teatro e cinema. Minha experiência é toda ligada ao teatro, e agora me vejo desafiada a explorar as possibilidades do audiovisual, a partir de processos de edição de vídeos, estudos de movimentos de câmera e planos. O encontro com Thaís Grechi, que é diretora de fotografia de cinema, possibilitou essa investigação”, acrescenta Laura.

Após a temporada, a filmagem do espetáculo ficará disponível no  Youtube até 15 de abril com medidas de acessibilidade.

Rota Cult
Rota Cult
Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

Mais Notícias

Nossas Redes

2,459FansGostar
216SeguidoresSeguir
125InscritosInscrever
4.310 Seguidores
Seguir
- Publicidade -