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Ana Kfouri dirige “Império nacionalista- MANIFESTO DESCOLONIALIZANTE”

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Ana Kfouri

“O manifesto de Luzé precisa ser ouvido, lido, visto”, atesta a diretora de cena e atriz Ana Kfouri, que fica em cartaz de 25 de novembro até 2 de dezembro, no Youtube.

Autora e performer carioca, Luzé começou a escrever o texto de “Império Nacionalista – MANIFESTO DESCOLONIALIZANTE” há quatro anos, instigada por muitas negativas, sentiu-se cada vez mais impelida a colocar o espetáculo em cena. Aliás, para entrar em cena, Luzé contou com a generosa supervisão de dramaturgia do ator, diretor e dramaturgo carioca Márcio Abreu. O aval de Márcio Abreu e de Ana Kfouri para o texto do manifesto, Luzé ganha novo fôlego para pensar a versão on- line.

“O texto de Luzé é uma espécie de palavra encarnada. Existe num fluxo intenso de linguagem que incorpora movimentos e visões históricas a respeito de corpos e existências brasileiras que estão fora do padrão hegemônico. É uma explosão crítica, estética e propositiva de se habitar o mundo de formas outras. São palavras que movem.” diz Márcio Abreu.

Além disso, Luzé reconhece que o trabalho em conjunto foi essencial para fazer o texto e pensar nas possibilidades da dramaturgia e do palco. É permeado por referências: Abdias Nascimento, Achille Mbembe, Bispo do Rosário, Davi Kopenawa, Djamila Ribeiro, Eduardo Galeano, Franz Fanon, Grace Passô, Grada Kilomba, Kabengele Munanga, Lélia González, Lilia Schwarcz, Sueli Carneiro, Tamandaré, Túpac Amaru entre outras. Destaque para o escritor e ativista chileno Pedro Lemebel, a partir do encontro com Márcio Abreu. “Com todos esses outros nomes, o manifesto nasceu. Mas com Pedro, eu me concretizei dentro do manifesto”, atesta Luzé.

“A importância do texto para este Brasil que não tem vergonha de reforçar ideias mortas e de ser racista é, certamente, tentar sair desse ciclo”, diz Luzé. “Eu não sei se consigo no texto, não sei nem se é possível. Mas eu também não tenho a pretensão de dar respostas como os políticos, sim, deveriam fazer. Minha ferramenta é a arte. Fazer pensar, fazer sentir o corpo, desafiar a ir mais longe ou mais fundo. Estou falando de arte que desafia a vida concreta”.

Esse trabalho nunca foi pensado para ser feito em teatro e, sim, num espaço completamente invisível da cidade do Rio de Janeiro, onde habitam pessoas invisibilizadas. “A ideia era levar o público nesse lugar, pedir licença e incluir as pessoas nesses espaços. Então quando a gente fala em on-line, me frustrou num primeiro momento. Por exemplo, tenho uma referência, dentro do âmbito do teatro, que não se desenvolveu porque estamos fazendo online”, conta Luzé.

Luzé guarda ainda mais novidades para este ano, inspirado no líder indígena e escritor Ailton Krenak. “Desenvolvi uma cena onde todo esse processo pudesse ser experimentado através das palavras de outras pessoas, para, quem sabe, eu me encontrar nessas outras vozes. Foram as palavras de Aílton Krenak que me atravessaram. A cena se chama “Quando Aílton Krenak Rasgou minhas Vestes”, que disponibilizarei em dezembro deste ano no Youtube”, afirma.

Sobre o manifesto

Luzé define o espetáculo como uma “autoficção errante”. Posiciona a raça mestiça enquanto corpo-nó e segue numa travessia de destituição dessa carcaça histórico-política imposta às existências; questiona, de forma ousada, pontos que são “ignorados”.

O mito mestiço é atravessado em toda sua complexidade e em suas diferentes facetas. De dentro da mestiça, Luzé fala em relação com a mitologia brasileira. Autofágica, “a artista come as células mortas do seu próprio corpo, elementos podres nascidos da narrativa colonial, enfrentando a necropolítica que produz o Brasil e suas alegorias racistas.

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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