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“Praeteritum” reúne perolas da MPB na voz de Sergiopí

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Álbum foi produzido por Wado, Marco Bombom e Hiroshi Mizutani.

Um mergulho memorialista marca “Praeteritum”, novo álbum de Sergiopí. O trabalho coloca em destaque o lado de intérprete do cantor e compositor carioca, apresentando versões para algumas faixas icônicas, mas pouco lembradas, da música nacional, além de “Finding Out the Hard Way”, da trilha sonora de “Staying Alive (Os Embalos de Sábado Continuam)”. O disco é um lançamento do selo LAB 344, já disponível nas principais plataformas.

“Praeteritum” faz um resgate de raízes com olhar moderno e plural, onde canções da MPB ganham ares alternativos de avant garde.  Ao longo de oito faixas, Sergiopí vai de Candeia e Milton Nascimento a Chico Buarque, Tim Maia, Marina Lima e Gonzaguinha. A produção, assinada por Wado, Marco Bombom e Hiroshi Mizutani, foi realizada entre julho e setembro de 2021, de Alagoas ao Rio de Janeiro, com a última parada em Miami, onde Carlos Freitas fez a masterização.

“Praeteritum” por Pedro Só, Jornalista Musical

Deixemos no passado o ditado em latim “praeteritum tempus umquam revertitur”, usualmente traduzido como “tempo perdido não se recupera”. Este “Praeteritum” é presente, nos conduz em tempo real por um emocionante passeio pela memória. Não só a memória de Sergiopí mas também o arsenal afetivo de ouvintes de outras gerações, latitudes, gostos e formações.

O terceiro álbum do cantor, compositor e produtor Sergiopí conecta décadas, climas e formas sensíveis do fazer Pop. Mais do que nostalgia, é uma subversão do efeito do tempo, revisitando o conforto musical de outrora com referências contemporâneas ou de décadas mais próximas. “Praeteritum” promove uma espécie de sinestesia de eras, cruzando canções brasileiras e americanas dos anos 70, 80 e 90 com uma sonoridade tão contemporânea quanto retrô. Dito assim, parece difícil de entender, mas não é.

O percurso do álbum inclui desconstruções e reconstruções mais ou menos ousadas, mas sempre reverentes à musa melodia. Apenas uma nota melódica ou outra foi alterada; mais que opção estética e respeito às tatuagens aurais impressas na infância e na adolescência, são cuidados de um tipo raro de cantor.

Sergiopí diz que prefere cantar suas composições, mas, depois de duas incursões autorais (“Meu Pop É Black Power”, de 2015, e “Auradelic”, de 2020), tomou o caminho de intérprete a partir de referências familiares. Familiares e peculiares, bem pessoais: verões em Itacuruçá (costa verde do Rio de Janeiro), brincadeiras na linha de trem de Mangaratiba, o castelinho onde Os Trapalhões filmaram “O Trapalhão na Ilha do Tesouro” (1976), perto de Muriqui; os vinis de Rita Lee, precocemente colecionados; os filmes de John Travolta, o samba que o pai, boêmio criado na Saúde (Centro do Rio), tocava em casa, e as histórias do avô negro que, preso por ser comunista, dividiu cela com Graciliano Ramos na Ilha Grande.

  “Praeteritum” traz escolhas de repertório que escapam do conhecimento da imensa maioria do público. Na faixa 1 está a única canção realmente famosa do disco, “Preciso Me Encontrar”, clássico de Candeia eternizado na gravação de Cartola, de 1976, e muito conhecido também na versão registrada por Marisa Monte em seu disco de estreia.

 Aliás, não é por acaso que a data escolhida para o lançamento do álbum é dia de santo, Oxóssi, 20 de janeiro.  “Praeteritum” termina reafirmando sua artesania Pop com os efeitos mágicos, curativos e terapêuticos que a boa música tem desde que o mundo é mundo. Como diziam Candeia e outros mestres antigos, lenitivo.

 

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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