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Mostra sobre Maria Martins reúne cerca de 40 obras entre as décadas de 40 e 50

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Retrospectiva é a mais ampla pesquisa já dedicada à artista.

Maria Martins
Foto: Vicente de Mello

A Casa Roberto Marinho e o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) apresentam a retrospectiva “Maria Martins: desejo imaginante”, que abre sua temporada carioca no dia 12 de março. Com curadoria de Isabella Rjeille e curadoria adjunta de Fernanda Lopes, a mostra reúne cerca de 40 obras (esculturas, gravuras, desenhos e pinturas) produzidas entre as décadas de 40 e 50, além de documentos, publicações e fotografias que contextualizam a trajetória da artista mineira, no Brasil e no exterior.

A obra que intitula a exposição é a tradução da obra Désir imaginant, cujo paradeiro é desconhecido e sobre a qual a artista escreveu, em 1948, a epígrafe: “É preciso que o desejo tenha muita imaginação para poder suportar-se a si mesmo”.

Foi nos anos 40, após mudar-se para os Estados Unidos, que ela se tornou mais conhecida como artista e intermediadora cultural, obtendo rápida inserção no circuito internacional: “O fato de ter desenvolvido grande parte de seu trabalho no exterior a impediu de participar ativamente dos movimentos modernistas brasileiros. Porém, Martins não deixou de realizar suas leituras e contribuições únicas a respeito de certa visualidade nacional, o que acabou lhe rendendo a alcunha de escultora dos trópicos”, comenta Rjeille.

Maria de Lourdes Martins Pereira e Souza nasceu em 1894, em Campanha (MG), marcou presença na história da arte moderna brasileira e no panorama do surrealismo internacional. Porém a escultora, desenhista, gravadora e escritora, teve seu trabalho reconhecido tardiamente no Brasil. Aliás, grande parte de sua carreira foi desenvolvida no exterior, enquanto acompanhava as atividades de seu segundo marido, o embaixador Carlos Martins.

A poética libidinal de Maria, que abordou questões relacionadas ao erotismo e a uma ideia de feminino ameaçador, desafiou a moralidade da época. A artista enfrentou a rejeição pequeno-burguesa a seu sucesso e chegou a ser classificada como obscena pela crítica especializada.

A curadora Fernanda Lopes conta que essa é a maior exposição dedicada à obra de Maria no Rio de Janeiro, desde sua retrospectiva no Museu de Arte Moderna em 1956, “É muito interessante mostrar seu trabalho em 2022, ano em que se comemora o centenário da Semana de Arte Moderna. Ela, como Goeldi e Flavio de Carvalho, representa, certamente, outra ideia dos trópicos, um moderno mais sombrio que subverte o que é dócil e agradável aos olhos do espectador. Não há em sua obra o suposto verniz cordial de um Brasil solar”.

De acordo com Isabella Rjeille, “ao colocar o desejo como sujeito da ação de imaginar, Martins enfatizou seu potencial criativo, transformador e subversivo. Assim, o desejo pode ser entendido como uma força motriz que atravessa toda sua produção, atribuindo agência a um sentimento muitas vezes silenciado, sobretudo quando quem deseja e o expressa é uma mulher”.

 Lauro Cavalcanti, diretor da Casa Roberto Marinho, ressalta que Maria Martins é uma artista que se destaca na Coleção do patrono do instituto, e relembra que seu trabalho nem sempre foi apreciado: “Restrições eram-lhe nutridas pela nata da crítica e por destacados pintores. A primeira lamentava que sua arte não fosse claramente ligada a uma corrente, de preferência geométrica; já os mestres das tintas, à procura de tons locais, rejeitavam o que não fosse exclusivamente ligado a termos nacionais. Os ‘defeitos’ então alegados na obra da escultora seriam, hoje, considerados virtudes: a expressão singular de sentimentos, a marca absolutamente feminina e a não evidência de pertencimento a uma corrente específica”.

A mostra divide-se em seis núcleos que abordam como a artista articulou, ao longo de sua produção, os diversos imaginários acerca do Brasil e dos trópicos. A exposição inclui legendas expandidas das obras, oferecendo informações acerca da trajetória da artista e apresentando novas leituras de seu trabalho.

SERVIÇO:
“Maria Martins: desejo imaginante”
Abertura pública: 12 de março de 2022, às 12h
Instituto Casa Roberto Marinho (Rua Cosme Velho, 1105 – Tel: (21) 3298-9449 )
Visitação: terça a domingo, das 12h às 18h (entrada até às 17h15)
(Aos sábados, domingos e feriados, a Casa Roberto Marinho abre a área verde e a cafeteria a partir das 9h.)
Link para ingressos: http://www.casarobertomarinho.org.br

Estacionamento gratuito para visitantes, em frente ao local, com capacidade para 30 carros.A Casa Roberto Marinho é acessível a portadores de deficiências físicas.

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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