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“D” : Djavan lança seu 25º álbum, com dueto com Milton Nascimento

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D
Foto: Giovanni Bianco

“D”, novo álbum de Djavan, nem carece de ser explicado. É a inicial do nome do artista, sim! Aliás, o título-enigma nasceu das conversas entre Djavan e Giovanni Bianco, designer brasileiro, diretor criativo e responsável pela capa e pela direção dos clipes do novo álbum.

O 25º álbum de Djavan é na sua óbvia simplicidade provocativo. Aliás, 25 é uma espécie de bodas de prata do artista com a sua voz e suas melodias e letras gravadas. “D”  talvez proponha um jogo, seja um enigma: um estilo e um pensamento artístico a serem decifrados nas canções.

Produzido e arranjado por Djavan, “D” é antes de tudo uma impressionante safra de canções, todas com a marca do autor. Ou seja, melodias sinuosas, harmonias ricas e surpreendentes, com passeio por diversos gêneros e ritmos. Além disso, em canções novas, “D” parece conter todas as vertentes da criação de “D”javan, com desenhos de sopros, explorando a abertura de “vozes” e as muitas possibilidades de timbres dos instrumentos.

Falando de influências e de parte do tal enigma “D”, “Beleza destruída” é, certamente, uma canção importantíssima neste trabalho. Talvez pouca gente saiba, mas não houve influência maior do que Milton Nascimento na fase inicial, virada dos anos 60 para os 70, quando a sensibilidade musical de Djavan estava se formando. Sobretudo na liberdade e inventividade harmônica, na atenção às melodias e, é claro, na maneira única de cantar.

 “Beleza destruída” foi feita especialmente para este disco e para reparar uma lacuna em sua carreira, nunca ter gravado nada com Milton Nascimento. Segundo single e clipe do álbum, lançados em 21 de julho, o duo com Bituca é das canções mais comoventes de Djavan: a misteriosa melodia, sobre a harmonia inventada no seu violão são base para uma letra urgente, política, ecológica como tantas do repertório de Djavan e de Milton.

 Como todas as canções do disco, “Beleza destruída” foi arranjada com todo cuidado por Djavan para que as vozes tão únicas dele e de Milton Nascimento – encontro que em si já é um acontecimento – se harmonizassem. Evidentemente emocionados, eles gravaram suas vozes juntos no estúdio.

Seguindo seu método muito pessoal de compor, Djavan fez quase todas as músicas de “D” no Rio de Janeiro, a partir de junho de 2021 e no decorrer do segundo semestre do ano passado. Gravou-as todas com músicos de várias fases de sua carreira, cada canção “pedindo” o músico mais apropriado para ela. Em “Num mundo de paz”, por exemplo, na cozinha rítmica mistura a bateria técnica, perfeita, de Felipe Alves, da banda do disco anterior, “Vesúvio”, com o baixo mais criativo e suingado de Marcelo Mariano, que acompanhou Djavan há mais de 20 anos. Dessa mesma época, Djavan convocou o argentino brasileiro Torcuato Mariano na guitarra, que faz a introdução e os solos. Além do fiel escudeiro Paulo Calasans no teclado e assistente de Djavan na produção musical.

Outros antigos companheiros de banda compõem o naipe de sopros presente em várias faixas. Marcelo Martins no saxofone, Jessé Sadoc no trompete e flugelhorn, que recebem o novato do grupo Rafael Rocha, no trombone. Tal rodízio de músicos se dá em cada canção, e não uma banda fixa, o baterista pode às vezes ser o “antigo” Carlos Bala ao lado do baixista Arthur de Palla, da banda de “Vesúvio”. Esse rodízio, não deixa de fazer parte do enigma “D”, o segredo de seu som.

Com as músicas prontas, arranjadas e gravadas, Djavan foi para sua casa de praia em Alagoas, onde nos dois meses seguintes todas as letras foram escritas, talvez daí venha a característica tão solar do álbum. Todas, na verdade à exceção de duas: o samba “Êh, Êh!” e “Iluminado”, duas faixas que têm origens e características diferentes das outras dez do álbum, mas que contêm igualmente grande parte do enigma de “D”.

Feito em parceria com Zeca Pagodinho, “Êh, Êh!” foi lançado por Alcione, uma estilista do samba, em 2014. Também estilista e ele próprio um inventor do samba ao seu modo, Djavan sentiu vontade de mostrar também a sua maneira de fazer essa música. O violão de samba do autor de “Flor-de-lis” e “Fato consumado” e o jeito próprio de Djavan de fazer samba são precisamente a contribuição de “Êh, Êh!” ao enigma “D”. É a faixa feita para quem gosta de curtir o violão de Djavan.

Já “Iluminado”, a mais nova das canções de “D” e que lhe serve de terceiro single, foi composta na praia, diante do mar de Alagoas. E a sua prole, filhos e netos, todos reunidos. A melodia nasceu em Djavan a partir de uma batida de ukulele que sua filha Sofia fazia na praia. Djavan acha que é a canção mais popular do disco e lhe proporcionou um velho sonho: gravar com todos os filhos e netos músicos, dos mais velhos e já profissionais

O tal enigma de “D” está, surpreendentemente, em toda as canções.  As diversas abordagens do amor, aliás, também fazem parte do enigma “D”. Na verdade, o 25º álbum de Djavan traz esse título ao mesmo tempo simples e enigmático porque talvez “D” represente aqui a continuidade da obra de um artista, o desenvolvimento dos muitos caminhos musicais propostos por Djavan, e sua busca constante por novidades.

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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