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“Atos de revolta”: Exposição investiga relações entre uma série de levantes e o marco histórico

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No dia 17 de setembro, o MAM Rio inaugura a exposição “Atos de revolta: outros imaginários sobre independência”, desenvolvida em colaboração com o Museu da Inconfidência.

Com curadoria de Beatriz Lemos, Keyna Eleison, Pablo Lafuente e Thiago de Paula Souza, a exposição parte do bicentenário da independência do Brasil para propor uma releitura desse processo histórico desde a arte, reunindo obras e objetos do período colonial, em diálogo com a produção de artistas contemporâneos, de gerações e geografias diversas.

 "Atos de revolta"  Por meio de obras de artistas contemporâneos e objetos da época colonial, “Atos de revolta” foca em uma série de levantes populares, motins e revoltas que antecederam esse momento ou que ocorreram nas décadas subsequentes — durante o Primeiro e o Segundo Reinado, e o período regencial.

“A proclamação da independência não é um fato isolado e tampouco um desfecho. Ela resulta de uma série de insurgências populares e levantes burgueses que reverberaram por todo o território brasileiro, sendo frequentemente relegados a segundo plano nos livros de história”, analisa a curadora Beatriz Lemos. “Ao abordar as tensões e conflitos do sistema colonial, a exposição revela as contradições da historiografia brasileira, que produziu apagamentos de personagens determinantes, sobretudo de populações negras, indígenas e mulheres.”

Com o objetivo de discutir os diversos imaginários de país esboçados naquele contexto, a mostra faz referência à Guerra Guaranítica (1753-56), à Inconfidência Mineira (1789), à Revolução Pernambucana (1817), à Independência da Bahia (1822), à Revolta dos Malês (1835), à Cabanagem (1835-40), à Revolução Farroupilha (1835-45), à Revolta de Vassouras (1839) e à Balaiada (1838-41), entre outras.

Para o curador convidado Thiago de Paula Souza, esses eventos, além de disputa por território, propuseram novos modelos de organização política, bem como outras concepções do sistema de direitos e a reorganização dos processos de distribuição econômica: “Atos de revolta pretende convidar os públicos a ler a história a contrapelo e a se perguntar quem foram as pessoas que conceberam um projeto de país. Que grupos triunfaram ou foram vencidos? Qual o papel dos artistas na construção de imagens sobre o que hoje entendemos como independência? Que personagens do passado impedem ou possibilitam a circulação de novas ideias?”.

As obras contemporâneas são apresentadas em diálogo com uma seleção de objetos e fragmentos dos séculos 18 e 19 (pórticos, colunas, maçanetas, frisos e outras estruturas) do acervo do Museu da Inconfidência, do Museu Histórico Nacional e do Convento Santo Antônio, no Rio de Janeiro, sinalizando conceitualmente os resquícios e descontinuidades de uma época que se mantém presente em nosso cotidiano como um sintoma do período colonial. Completam a mostra oito pinturas de Glauco Rodrigues (RS), pertencentes ao acervo do MAM Rio, que propõem uma reflexão imagética sobre a construção do país.

Os trabalhos apresentados respondem a cinco eixos conceituais que oferecem chaves de leitura para determinados acontecimentos: a figura do herói e a posição de liderança política; as construções simbólicas (bandeiras, hinos, brasões); os modos de organização e sua relação com sistemas de direitos; a definição de territórios/cartografia; e os processos de produção e circulação de valor.

“Ao longo de todo o ano de 2022, o MAM Rio tem se dedicado a refletir sobre a história do Brasil, usando a arte como ponto de partida. Para nós é importante que o museu esteja atento a seu tempo, que assuma sua responsabilidade de contribuir em processos de formação e educação. Nesse sentido, é importante que o trabalho seja feito em colaboração com outras instituições que pensam o passado e o presente desde a arte e a cultura, como o Museu da Inconfidência”, comenta Pablo Lafuente, codiretor artístico do MAM Rio.

Além disso, “Atos de revolta” conta com um mostra paralela com obras da artista Gê Viana, a ser apresentada no Palacete Princesa Isabel, em Santa Cruz, além do projeto de Ana Lira, que toma a forma de exposição interativa explorando as possibilidades emancipadoras das tradições musicais do território brasileiro. A exposição contempla um programa educativo e uma publicação com documentos e textos de ficção.

SERVIÇO:
Visitação: De 17 de setembro de 2022 a 26 de fevereiro de 2023
MAM Rio (Av. Infante Dom Henrique, 85 Aterro do Flamengo)
No dia 3 de dezembro, a artista visual e performer mineira Luana Vitra realiza uma ativação da obra “Bandeira nacional atualizada”, parte da exposição “Atos de revolta: outros imaginários sobre a independência”. A artista irá se despedir do projeto distribuindo gratuitamente 400 múltiplos da bandeira que integra a instalação, entre 14h e 16h, no espaço expositivo.

O Palacete Princesa Isabel (R. das Palmeiras Imperiais, s/n – Santa Cruz), em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio, receberá a exposição entre os dias 30 de setembro e 11 de dezembro, com entrada franca.

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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