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Pixies compensa anos de espera dos cariocas com show impecável

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Por Cesar Monteiro – Se você chegar em uma rodinha de fãs de Indie Rock e disser que não conhece o Pixies, prepare-se para ver olhares fulminantes em sua direção. A banda americana de Boston é sem sombra de dúvidas uma das mais influentes e queridas da cena alternativa e serviu de influência para diversas outras, a mais famosa delas o Nirvana. Kurt Cobain, certamente, era fã incondicional!

PixiesA estranheza era a marca registrada do quarteto formado e 1986 por Black Francis/Frank Black (vocal e guitarras), Kim Deal (baixo), Joey Santiago (guitarra) e David Lovering (bateria). Instrumentos mal afinados, versos berrados, distorção e a famosa dinâmica barulhenta silenciosa. Uma sonoridade que batia no liquidificador com Surf Music, Punk, Hardcore e Bossa Nova, com algumas letras cantadas em espanhol. E foi com essa forma desconcertante que a banda fincou seu nome na História do Rock mundial.

Os fãs brasileiros, no entanto, só tiveram a oportunidade de conferir o Pixies ao vivo pela primeira vez em 2004, no Curitiba Pop Festival, que conseguiu trazer a banda, que estava em sua turnê de reunião, após 11 anos de seu término. A segunda chance foi no SWU em Itú, interior de São Paulo, em 2010. Houve ainda uma passagem pelo Lollapalooza Brasil 2014. Mas o Rio de Janeiro só pôde receber os heróis do underground na noite de ontem (11), quando, sinceramente, os fãs cariocas já perdiam as esperanças de conferir seus ídolos sem precisar viajar para São Paulo.

Como se quisessem compensar a demora de 35 anos para vir à Cidade Maravilhosa, fizeram um show impecável, com todos os grandes hits para levantar a massa e pérolas mais obscuras para deleite dos mais fanáticos. Embora tenham lançados discos de inéditas desde 2014, o novo que acabou de sair, não entrou no setlist. O repertório focou mesmo nos quatro discos clássicos, “Come On Pilgrim”, de 1987, “Surfer Rosa”,  de 1988, “Doolittle” (1989), “Bossanova” (1990) e “Trompe Le Monde” (1991). No melhor estilo pouco papo e muita música, Pixies executou 38 faixas ao longo de praticamente duas horas, com a energia que sempre foi característica da banda – mesmo Frank, Joey e Dave não sendo mais meninos – e nenhuma interação com a plateia. Nenhuma mesmo. Mas o público do Vivo Rio não parecia se importar, vibrando fervorosamente a cada acorde inicial de suas canções.

O setlist seguiu o que tem sido apresentado em shows recentes. A clássica Gounge Away abriu os trabalhos, seguida de outro hit da era de ouro, Wave of Mutilation. A terceira, Broken Face é menos conhecida do grande público mas empolgou os fãs de primeira hora e com levada pesadona abriu várias rodas de pogo. Ao todo foram oito músicas da fase inicial emendadas quase que como um medley, incluindo Head On, o cover de Jesus & Mary Chain de que o Pixies se apropriou muito bem, e Monkey Gone to Heaven. A primeira novidade da noite já foi a nona faixa do repertório, o single Human Crime, lançado no início desse ano.

No entanto, no meio do show eles optaram por uma (ousada) sequência de músicas mais recentes, enfileirando “St Nazaire”, do disco “Beneath the Eyrie”, de 2019, e quatro faixas do recém-lançado “Doggerel: Vault of Heaven”, “Who’s Sorry Now The Lord Has Come Back Today” e “There’s a Moon”. Foram bem recebidas, embora tenham notoriamente esfriado os ânimos da parcela do público que não acompanha a fase século XXI da banda. Todavia, proporcionaram momentos contemplativos, dado que tecnicamente são composições mais sofisticadas do que as da fase anos 80/90.

Os momentos de catarse ficaram por conta dos hinos indie “Gigantic”, “Debaser”, “Here Comes Your Man”, “Velouria” e “Where Is My Mind?”, como já era previsto. Aliás, no palco, a química funciona perfeitamente, o que é compreensível, pois já são quase 20 anos da reunião.

Frank Black nunca gostou de como eles soavam ao vivo na primeira fase, daí o esmero em uma performance mais apurada (embora o som da casa tenha deixado a desejar até mais ou menos metade do show), sempre muito bem amparado por Joey Santiago, com quem extrai o efeito de guitarras gêmeas pouquíssimo usual no indie rock, além de efeitos inusitados como vindo de um rodopio do plug da guitarra de Joey.

A marcação precisa de David Lovering (em noite especialmente inspirada) forma a cozinha perfeita com o baixo de Paz Lenchantin, a quem coube a tarefa ingrata de substituir Kim Deal. Muitos fãs gostariam muito de ver a cofundadora e baixista original – privilégio que só quem esteve no Curitiba Pop Festival 2004 ou no SWU teve – mas a chilena desempenha bem o papel (toca até melhor do que a antecessora, na verdade), e como já está com o Pixies há 9 anos, foi naturalmente incorporada ao grupo.

Por fim, foi uma noite para lavar a alma dos fãs que tanto esperaram por esse momento e não se decepcionaram. Apesar de não terem dado sequer um boa noite durante a apresentação, escolheram a hora do encerramento, que se deu após o cover de Neil Young Winterlong (outra bela apropriação do cancioneiro pixiano), para demonstrar um carinho genuíno pelo público, só com olhares, sorrisos e acenos. Até o sisudão Frank Black parecia bastante feliz de ter tocado para a plateia inédita que o ovacionou intensamente. Pelo visto, não demora a voltar.

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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