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Miguel Rio Branco ganha exposição no IMS Rio sobre sua obra

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Exposição reforça a originalidade e a atualidade da obra do fotografo, marcada pela inquieta experimentação.

Exposição reúne cerca de 200 trabalhos de Miguel Rio Branco, produzidos desde os anos 70, quando o fotografo iniciava as experimentações com a fotografia, até os dias de hoje. Em sua carreira de mais de 50 anos, Miguel Rio Branco construiu uma obra singular, marcada pelo cruzamento entre a fotografia, o cinema, a instalação e a pintura. Sua produção fotográfica é o foco da exposição “Palavras cruzadas, sonhadas, rasgadas, roubadas, usadas, sangradas”, que o IMS Rio inaugura, com entrada gratuita. a

Com curadoria de Rio Branco e Thyago Nogueira, coordenador da área de Fotografia Contemporânea do IMS, exposição traz obras produzidas especialmente para a apresentação no Instituto Moreira Salles. Aliás, a seleção é, certamente, resultado de um mergulho de Rio Branco em seu próprio arquivo. Ao rever sua produção, o artista cria conexões e diálogos entre suas fotografias, atribuindo novos sentidos às imagens.

A mostra, que já passou pela sede do IMS de São Paulo, reúne trabalhos produzidos desde os anos 1970, quando Rio Branco iniciava as experimentações com a fotografia, até os dias de hoje. As obras investigam temas caros ao artista, como a sexualidade, a violência, a dor e a solidão, além de evidenciar o caráter multidisciplinar de sua produção.

Filho de diplomata, Rio Branco cresceu entre Espanha, Portugal, Brasil, Suíça e os Estados Unidos. Nos anos 60, em Berna, Suíça, iniciou-se no desenho e na pintura, linguagens que influenciariam sua obra posterior. Em 1966, matriculou-se no New York Institute of Photography.

No Brasil dos anos 70, trabalhou como diretor de fotografia em filmes de Júlio Bressane e Arnaldo Jabor, entre outros cineastas. Também atuou como fotógrafo documental, registrando paisagens e habitantes do país. Entre 1980 e 1982, foi correspondente da Agência Magnum, em Paris. Pioneiro no uso da cor, Rio Branco aos poucos distanciou sua produção visual da função documental para criar painéis e obras instalativas que assumissem conotações poéticas e sensoriais, em diálogo com outras linguagens artísticas.

Miguel Rio Branco
Foto: Miguel Rio Branco

“Palavras cruzadas…” apresenta imagens de vários momentos da carreira de Rio Branco. Inclui, por exemplo, New York Sketches, rara série produzida em preto e branco em Nova York, entre 1970 e 1972, quando Rio Branco morou na cidade e conviveu com artistas como Hélio Oiticica, Antonio Dias e Rubens Gerchman. Pouco conhecidas, essas fotografias documentam ao mesmo tempo a energia vibrante e ambiente decadente do bairro de Lower East Side. Entre as imagens, há registros de Oiticica no metrô e de marcos da arquitetura, como o World Trade Center, destruído em 11 de setembro de 2001.

Em seguida, a mostra apresenta trabalhos produzidos no Brasil, como as séries Coração, espelho da carne, premiada em 1980 na I Trienal de Fotografia do MAM/SP, e Mona Lisa (1973), sequência fotografada em um bordel no município de Luziânia (GO), no entorno do Distrito Federal.

Além disso, Miguel Rio Branco criou para a exposição “o políptico Maldicidade #3”, parte da série em desenvolvimento contínuo que recombina imagens de diferentes cidades para tratar vivência urbana, associada ao prazer, à violência e à solidão. Este terceiro políptico reúne fotografias feitas em metrópoles como São Paulo, Salvador, Nova York e Cidade do México.

“A carreira de Rio Branco é uma elegia à experiência urbana e coletiva, encenada pelas pessoas que cruzaram seu caminho. Ninguém capturou a beleza e a penúria das cidades como ele. Suas imagens antecipam muitas das contradições que se instalaram de forma brutal com a pandemia e crise econômica que vivemos, mas também apontam uma forma de repensar a dignidade da vida urbana”, pontua Thyago Nogueira, co-curador da mostra.

A partir dos anos 90, o artista trocou a agilidade da câmera de 35 mm pelos filmes de médio formato, produzindo imagens cada vez mais depuradas. “A força do trabalho de Rio Branco não está apenas no quadro das imagens, mas na liberdade com que as descola de seu contexto original para dar-lhes um novo sentido, construído através de uma cuidadosa edição. Rio Branco usa suas fotografias como notas musicais, que associa em dípticos, trípticos e polípticos para compor os acordes de uma melodia visual”, afirma Nogueira.

Fotografia e música estão reunidas na instalação Out of Nowhere, criada originalmente para a Bienal de Havana de 1994 e exibida aqui em nova versão. Nesta obra espacial, Rio Branco combina as famosas imagens que produziu em uma academia de boxe da Lapa (bairro boêmio do Rio de Janeiro) à fotografias de outros momentos da carreira e páginas de um jornal nova-iorquino dos anos 1930 — tudo emendado por um grande tecido negro. Na instalação, a própria movimentação do visitante entra em quadro, refletida em espelhos antigos.

 “Miguel Rio Branco é um dos grandes nomes da fotografia brasileira e mundial. Não apenas pela forma como usou a cor para narrar um Brasil visceral, mas também pela liberdade que trouxe à fotografia ao desfocar o aspecto documental e dar às imagens conotações transcendentes. Rio Branco transitou com desenvoltura entre as artes plásticas, o cinema e a fotografia, mas são seus exercícios de escrita visual o foco desta nova exposição. É também esta forma de pensar a imagem que o permite rever um acervo histórico para transformá-lo em uma obra viva e pulsante”, conclui Nogueira.

 Serviço
Visitação de 19 de novembro até 26 de março de 2023
IMS Rio (Rua Marquês de São Vicente, 476, Gávea)
Horário de funcionamento: Terça a sexta-feira das 12h às 18h. Sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h.
Entrada gratuita

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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