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Audiobook “Marielle: Uma Biografia” Busca Honrar Marielle Ecoando Sua Voz

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Neste março de 2023 uma terrível marca foi atingida: fez cinco anos desde o assassinato da vereadora Marielle Franco. Sem respostas nem ninguém cumprindo prisão pelo crime, o homicídio segue em investigação, sem muito avanço. Apesar da tentativa de silenciamento da vereadora, fato é que, após sua morte, seu exemplo de vida tem inspirado muitas lutas. Mas, há também uma ausência de conhecimento sobre como era sua vida antes de tudo acontecer, e, numa tentativa de ajudar a espalhar a voz de Marielle mundo afora a plataforma Storytel lança, no dia 30 de março, o audiobook intitulado “Marielle: Uma Biografia”, inspirado no livro ou homônimo de Audrey Furlaneto. Na tarde desta segunda-feira, 27 de março, as narradoras Dira Paes, Gabriela Loran, Verônica Bonfim, Zélia Duncan conversaram com a imprensa.

Uma das experiências compartilhadas pelas quatro narradoras foi a surpresa do convite – e o consequente congelamento diante de tamanha responsabilidade, afinal, não seria fácil dar voz à história de uma voz tão potente. Apesar da paralisia inicial, cada uma, a seu modo, foi entendendo a importância de participar do projeto. “Foi o maior desafio da minha vida”, comentou Gabriela. “Quando criança eu tive trauma de leitura, eu gaguejava. Comecei a me sabotar, achando que eu não deveria aceitar o convite, tinha muito medo de gaguejar na leitura. Eu só tomei minha decisão quando, depois de me mudar, estava olhando assim, parada, sem prestar muita atenção, quando, de repente, foquei minha visão e percebi que estava passando em frente ao local onde Marielle foi morta. Achei que aquilo não era por acaso”, continuou a criadora de conteúdo.

Para compor o material que virou o livro, a autora Audrey Furlaneto explicou que a ideia não era falar da morte de Marielle, mas sim da vida, mostrar como foi, para essa mulher negra, crescer na favela da Maré nos anos 90, suas dificuldades como qualquer outra mulher negra, a história de seus pais, que chegam nos anos 50. “Aos poucos eu fui percebendo que, enquanto eu contava a história da família de Marielle, também estava contando um pouco da história do surgimento da favela da Maré”, contou a escritora, que buscou em jornais e publicações da época para poder mostrar como foi o crescimento da região.

Assim, o audiobook, dividido em 10 episódios, busca mostrar como o símbolo Marielle foi construído a partir do corpo dela, de suas ancestrais pernambucanas ao curso de Ciências Sociais na PUC-RJ. Ela foi símbolo de resistência e de direitos humanos, mas era também filha da Marinete, mãe, esposa.

Desdobrando-se em duas Filós (a da novela “Pantanal” e também a avó de Marielle), a atriz Dira Paes conta que narrar foi um processo individual, que elas estiveram separadas, mas que conviveram por um ano ao longo desse tema. O resultado final é o encontro das vozes que se reuniram em torno dessa biografia. Dira contou que as dificuldades não estavam apenas nos múltiplos trabalhos que fazia na época, mas principalmente por conta da temática dos capítulos, que, muitas vezes, impunha a necessidade de se fazer uma pausa para respirar e refletir. Por isso, inclusive, tentavam fazer um capítulo por encontro. “No final, os encontros eram mais comigo mesmo, porque cada encontro era um encontro com uma Marielle, sobre o que eram as escolhas que a levavam por aquele caminho”, confessou a atriz.

Em um momento emocionante, a atriz Verônica Bonfim comentou ter conhecido rapidamente Marielle, porém não tiveram tempo de colocar seus projetos adiante, mas que ao ler o projeto, se reconheceu na história dela. Zélia Duncan também compartilhou com a imprensa a vez que encontrou com a vereadora, “Uma vez uma amiga politizada me mostrou ela (Marielle) e eu fui procurar saber quem era, e acabei me tornando eleitora dela. Aí um dia eu estava em uma dessas Marcha das Mulheres e eu a vi ali, numa esquina. Ela tinha uma energia diferente, quem a conheceu sabe disso. Aí ela me viu, me abraçou e falou “que bom você aqui”. Eu fiquei com isso na cabeça e pensei eu tenho que estar aqui, onde estão todas as mulheres. Às vezes nos contentamos com o espaço em que estamos, mas tem que ser mais do que a esquina. Marielle é um símbolo contra as violências contra as mulheres”.

Para Ana Julia, representante da Storytel e responsável pela produção, uma das vantagens de a plataforma estar presente em 25 países do mundo é que o audiobook estará disponível automaticamente em todos esses territórios. Em resposta ao Rota Cult, Ana contou que a equipe da plataforma irá, a partir do lançamento, medir o interesse do público nesses países para analisar a possibilidade de se fazer tradução. E assim fazer com que o público que não conhece Marielle passe a conhece-la.

Além disso, Ana contou ao Rota Cult que a Storytel tem o intuito de investir no Marketing dessa produção, justamente para disseminar as sementes de Marielle através do áudio e de sua história.  Entre histórias de cafezinho com as comadres e bastidores de luta, o audiobook “Marielle: Uma Biografia” quer emocionar os audioleitores do mundo todo a partir do próximo dia 30 de março, apresentando a mulher Marielle e sua história.

Janda Montenegro
Janda Montenegro
Escritora, roteirista, mestranda em Literatura Brasileira pela UFRJ, crítica de cinema, tradutora e revisora.

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