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Editora Paris de Histórias lança obra premiada de Karine Tuil

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Karine TuilA Editora Paris de Histórias lança em abril, com eventos em São Paulo e no Rio de Janeiro, o premiado “Coisas Humanas”, da autora francesa Karine Tuil, ainda inédita no país.  “Coisas Humanas” é o quinto lançamento da editora parisiense, fundada há pouco mais de um ano pela brasileira Natália Bravo.

Em “Coisas Humanas”, Jean e Claire Farel são um casal poderoso. Ele é um famoso apresentador de TV que não aceita a passagem do tempo, já Claire, 27 anos mais jovem, é uma ensaísta engajada no feminismo que se apaixona vertiginosamente por outro. Juntos, Jean e Claire têm um filho, Alexandre, dedicado aos esportes na Universidade de Stanford. Tudo parece conspirar a favor dessa família até que uma acusação de estupro abala as estruturas e revela os fios frágeis que ligam os Farel.

Em “Coisas Humanas”, o sexo e o seu impulso selvagem estão no centro da trama. Karine Tuil questiona o mundo contemporâneo simpático às aparências, desmantela o implacável funcionamento da máquina judicial e nos confronta com os nossos próprios medos neste poderoso romance, o seu décimo primeiro, vencedor dos prêmios Interalié e Goncourt des Lycéens de 2019. Afinal, quem de nós está livre de cair nessa armadilha?

“A literatura é sempre política. O que me interessa é entender as disfunções de nossa sociedade, revelar as falhas, as fraturas. Já a escrita me permite compreender e questionar o mundo. Para escrever meus romances, gosto de ir a campo e tentar encontrar uma linguagem que também dê conta de meu projeto literário. Comecei ‘Coisas humanas’ em 2016, quando descobri o caso Stanford: um jovem foi acusado de agredir sexualmente uma jovem no campus universitário”, disse Karine Tuil à jornalista Júlia Corrêa, da TAG, que lançou a obra antes para os seus seletos assinantes.

Tuil conta que, na vida real, o jovem havia sido condenado a seis meses de prisão, mas três foram suspensos. “Isso me marcou muito porque o pai do réu disse ao juiz que não se podia destruir a vida de seu filho por ‘vinte minutos de ação’. Essa expressão terrível usada para resumir uma agressão sexual que destruiu a vida da menina me fez perceber a distorção entre a percepção da vítima e a do acusado, de sua família. O rapaz minimizou os fatos diante de uma jovem que sofria. A partir daí, quis trabalhar sobre esse assunto, participei de julgamentos por estupro em tribunais da França. Achei que essa história deveria ser contada do ponto de vista do acusado, já que é ele quem está no centro do julgamento criminal na França”, concluiu a autora.

Para escrever “Coisas Humanas”, Tuil frequentou os julgamentos por violações sexuais durante dois anos, ouvindo atentamente os depoimentos dos agressores e das vítimas. O seu texto reflete esse estudo, tamanha a fidelidade que imprimiu aos detalhes. A autora coloca os pontos de vista em oposição, sem julgamentos morais e revelando a complexidade da violência e da sociedade em si. O livro traz elementos do movimento feminista #MeToo e suas nuances na França, propondo uma reflexão sobre o papel das mulheres hoje.

“Com um caso de estupro ocorrido no grand monde, Karine Tuil ajusta seu foco no tempo e captura o espírito de uma época com a delicadeza de uma rendeira. Um romance de costumes de Balzac marcado com o ferro vermelho do progresso”, escreveu a crítica Marine de Tilly na revista semanal Le Point, baseada em Paris. Já a repórter Claire Julliard escreveu na concorrente L’Obs que “Coisas Humanas é um romance magistral que aponta para a deterioração das relações entre homens e mulheres e a imprevisibilidade da sexualidade. Um retrato implacável da violência social contemporânea”.

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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