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“Mánasteinn, o menino que nunca existiu” do escritor islandês Sjón, parceiro de Björk, chega ao Brasil

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“Ele consegue pegar o fio da literatura clássica e levar rumo ao futuro, trazer as raízes da autêntica Islândia antiga direto para o século 21, unir literatura e coração”, é assim que a cantora Björk descreve o trabalho de Sjón, seu parceiro de composição de longa data e um dos escritores islandeses mais celebrados da atualidade, o autor chega ao catálogo da PONTOEDITA em abril com “Mánasteinn, o menino que nunca existiu”.

“Mánasteinn, o menino que nunca existiu” é ambientado na conservadora Reykjavík do final de 1918 e durante importantes eventos históricos, como a conquista da soberania da Islândia, a grande erupção do vulcão Katla e a chegada da gripe espanhola ao país, o livro conta a história de Máni Steinn, um adolescente gay de 16 anos, órfão e disléxico, que vive às margens da sociedade e ganha dinheiro vendendo o corpo para outros homens. Máni é fascinado pelo cinema e por Sóla (uma garota à frente de seu tempo, muito parecida com Musidora e que subverte o papel atribuído às mulheres), mas vê todo o resto com indiferença. O livro é também uma leitura do mito escandinavo da Lua (Máni) e do Sol (Sól).

O romance ganha uma nova dimensão quando Sjón atravessa a quarta parede e os dramas de um personagem fictício distante no tempo e no espaço se transformam numa história pessoal muito próxima de todos nós. “A tela prateada se rasgou e um vento sopra entre os mundos”, o narrador enuncia a certa altura. O livro, então, torna-se uma fábula sobre preconceito e exílio, uma lembrança e uma advertência sobre o tipo de sociedade que estamos criando, uma elegia a todos aqueles que foram julgados diferentes e tiveram suas histórias apagadas da História.

Além disso, o interesse de Sjón está não em narrar eventos históricos, mas em buscar nos ecos do passado a voz daqueles que foram silenciados. “Uma das tarefas do escritor é preencher as lacunas da história e tentar imaginar o que aconteceu no silêncio associado à vida daqueles que não tiveram um lugar na sociedade num dado momento. Mánasteinn é uma tentativa de permitir que uma dessas vozes do passado seja ouvida”, disse em seu discurso ao receber o Icelandic Literary Prize 2013 pelo romance. Mánasteinn, portanto, é uma importante reflexão sobre o papel da arte, em especial o cinema e a literatura, na manifestação de nossa memória coletiva e testemunho de episódios que não deveríamos nunca mais deixar se repetir.

Como grande parte da obra de Sjón, este é um livro curto e sua linguagem econômica e precisa (recuperada brilhantemente pela tradução de Pedro Monfort), tributária do folclore islandês, em certos momentos ecoa o surrealismo de Antonin Artaud misturado à atmosfera punk dos anos 70 e início dos 80. As cenas breves e encadeadas como num filme do cinema mudo abrem espaço para o leitor preencher os silêncios com sua própria música. “Quando você começa como poeta, descobre que a gente precisa de poucas palavras para transmitir ideias. Gosto de deixar o leitor fazer seu trabalho”, revela o escritor.

 

MánasteinnInspirada no clássico pôster de divulgação do filme Les vampires (1915), do diretor francês Louis Feuillade, que apresenta a cabeça mascarada de Irma Vep envolta num ponto de interrogação, a capa da edição da PONTOEDITA tem projeto gráfico de Luís Fernando Protásio e reproduz a ilustração do artista visual Vinícius Alves impressa sobre Pantone metalizado.

 Sjón foi laureado com o Prêmio Nórdico da Academia Sueca, como um dos mais prestigiosos do mundo, por suas importantes contribuições à literatura nórdica. Foi também vencedor do prestigioso Icelandic Literary Prize no ano de seu lançamento, 2013, o romance obteve uma recepção internacional formidável, foi levado ao teatro algumas vezes e já foi traduzido para mais de 15 idiomas. A tradução brasileira, feita diretamente do original islandês, é assinada pelo tradutor e artista visual Pedro Monfort.

Sjón (Reykjavík, 1962) é um celebrado poeta, romancista, roteirista e compositor islandês. Começou a participar da cena artística underground e punk islandesa no final da década de 1970, foi um dos fundadores do grupo Medúsa (responsável por introduzir o surrealismo francês na Islândia) e membro honorário da icônica banda Sugarcubes, tornando-se um dos principais parceiros de Björk. Foi contemplado com o Prêmio do Conselho Nórdico duas vezes e em categorias distintas (Literatura em 2005, Cinema em 2022), ganhou o Icelandic Literary Prize e o Icelandic Bookseller’s Prize em 2013 por Mánasteinn, o menino que nunca existiu, foi condecorado com o Officier d’Ordre des Arts et des Lettres pelo Ministério da Cultura da França em 2020 e indicado ao Oscar® e ao Globo de Ouro® pelas letras do filme Dançando no escuro (Lars von Trier, 2000).

Em 2016, tornou-se o terceiro escritor escolhido para contribuir com a Future Library, projeto artístico colaborativo que está coletando 100 obras inéditas de escritores de todo o mundo e vai guardá-las em uma cápsula do tempo em uma floresta na Noruega para serem publicadas apenas em 2114. Em 2023, Sjón foi laureado com o Prêmio Nórdico da Academia Sueca, um dos mais prestigiosos do mundo, “por suas importantes contribuições à literatura nórdica”.

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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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