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“Nossas Sensações Não São Nossas” no Museu da Imagem e do Som

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Há pessoas, costumes, estéticas e sons que ecoaram antes de nós, muitas vezes por figuras que foram amplamente perseguidas e criminalizadas, e que propuseram questões e modos de brincar que ainda podem ser identificados e, principalmente, ouvidos hoje essa é a proposta da exposição “Nossas Sensações Não São Nossas” que explora a relação entre arte contemporânea, música e o carnaval através dos tempos.

 “Nossas Sensações Não São Nossas” também terá uma ação educativa com bate-papos sobre os temas da exposição, tais como “Papel dos museus e seus acervos hoje”, “Expressões de carnaval e arte”, “Balanço do carnaval: cidade e economia” e “Carnaval entre histórias e religiões”. A programação das mesas ainda será confirmada.

"Nossas Sensações Não São Nossas"
19 de junho de 2021, saida de santo, no terreiro abassa de matamba, bairro de jacarepagua, rio de janeiro, brasil.

Com curadoria de Ana Paula Rocha, “Nossas Sensações Não São Nossas” é composta por itens do acervo do MIS, além de obras de expoentes da nova cena contemporânea. Jefferson Medeiros apresentará o trabalho inédito “Viramundo”, assim como Lucas Almeida, que apresenta obra inédita sem título, concebida para a exposição. Ramo apresentará a série “Ausar” e duas telas inéditas, “Sete Coroas” e “Kushita”. Os artistas André Vargas, Mulambö e Uberê Guelé também terão obras não-inéditas na mostra. O fotógrafo Guga Ferreira vai expor fotos inéditas da série Ponto Riscado clicadas em festas de terreiros da Zona Oeste do Rio de Janeiro de religiões de matriz africana.

Entre os destaques do acervo do MIS, estarão expostas memórias das produções de João da Baiana e Heitor dos Prazeres, além de fotos e artigos que remontam ao carnaval e à Rádio Nacional, especialmente de artistas como Clementina de Jesus, Elizeth Cardoso, Pixinguinha, Sinhô, Ismael Silva, Aracy de Almeida, Orlando Silva e Zé Keti. Apesar dos tempos anacrônicos, o que essas obras têm em comum? Todas trazem reflexões e aspectos a respeito dos carnavais de seu tempo, muitas vezes invisibilizados por artistas brancos com maior projeção midiática, outras vezes ditando novos padrões sonoros e estéticos que bebem de fontes e experiências vividas comuns: a rua, a festa, a boemia, o sofrer racismo e a perseguição policial.

“Os artistas que reverenciamos na exposição como Heitor dos Prazeres, Clementina de Jesus, Aracy de Almeida, Sinhô e o grupo Os Oito Batutas integrado por Pixinguinha, por exemplo, são homens e mulheres, todos negros, que tiveram a coragem de criar arte, fazer carnaval, e de levar reflexões e felicidade para um Brasil extremamente racista e hostil. Muitas vezes, eles foram perseguidos por isso, evidenciando não só alegrias, mas práticas de exclusão em suas músicas. Já os artistas de hoje vêm para dialogar com essas obras, demonstrando muitas vezes ressonância entre essa produção e as suas próprias, fazem ecoar imagens, sons e a mesma luta nos tempos atuais”, afirma Ana Paula Rocha, curadora.

O carnaval como uma festa e expressão popular oriunda da população negra, bem como a influência das religiões de matriz africana que perpassam as obras e a produção intelectual e estética dos artistas históricos, estarão presentes em Nossas Sensações Não São Nossas, que também resgata a memória das sonoridades carnavalescas, que ecoam pelas ruas da cidade do Rio de Janeiro até os dias de hoje e que têm, com as transmissões do rádio e seus personagens, uma indiscutível relação.

“A relação entre arte contemporânea, música e carnaval é algo que vem sendo paulatinamente consolidado. Também entre os novos artistas, a temática da festa de rua, seja o próprio carnaval, passando pelas folias, o maracatu ou os bailes funk, ganha uma relevância nas formas como eles vêm se expressando. Assim, é inevitável unir essas temporalidades”, explica a curadora, que desenvolveu sua pesquisa de mestrado sobre o carnaval de rua, atualmente pesquisa arte contemporânea e tecnologia, além de já ter atuado no acervo da Discoteca do MIS.

Além disso, no acervo musical da exposição, o público poderá conferir recortes de depoimentos concedidos à Rádio Nacional, especialmente de artistas como Clementina de Jesus, Elizeth Cardoso e Pixinguinha.

“A influência dos artistas e movimentos culturais negros e racializados na cultura carioca é muito forte, indissociável. Não somente no carnaval, mas na arte de uma forma geral, na comida, na arquitetura, na música… Em diversos movimentos culturais da cidade. Então, convidamos o público a refletir sobre esses encontros sonoros atemporais”, conclui a curadora.

SERVIÇO:
Visitação: de 20 de março a 5 de maio de 2023
Local: Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro (Endereço: Rua Visconde de Maranguape 15, Lapa)
Horários: De segunda a sexta, das 10h às 17h
Grátis. Livre.
Mais informações em: https://www.instagram.com/mis.rio/ e https://www.instagram.com/intrusacultura

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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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