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“Olhares Plurais de Paisagens Regionais” reúne time de fotógrafas negras  

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 Comemorando o bicentenário da Independência do Brasil, a exposição “Olhares Plurais de Paisagens Regionais” reúne um coletivo inédito de fotógrafas negras de diferentes regiões do Estado do Rio. Aliás, cada uma delas, através da fotografia, traz o seu próprio olhar, tendo como base de inspiração o poema “Canção do Exílio” (1843), de Gonçalves Dias, um marco no movimento romântico no Brasil. Sendo assim, elas ressignificam este poema a partir de um novo olhar dentro de suas respectivas regiões. A atriz e produtora Ester Freitas idealiza o projeto que tem abertura marcada para segunda-feira (6 de março), às 16h, quando as fotografias serão expostas na Escola de Teatro de Quintino, de segunda a sexta-feira.

A diversidade, tanto regional quanto de estética fotográfica, é um elemento que caracteriza o projeto que tem no time Mariana Alves, Camila Bózeo, Esther Januário, Fernanda Dias, Izabelle Brum, Karoline Lima, Maria Eduarda Ramos e Marina Alves.

Dando a oportunidade para artistas de diversas regiões fluminenses e estabelecendo vínculos profissionais e intercâmbio cultural, a exposição fortalece a representatividade e empregabilidade de mulheres negras neste segmento. “Eu acho que qualquer trabalho, em qualquer área do conhecimento que viabilize narrativas pouco exploradas, pontos de vista de pessoas pretas, é muito importante para a história deste país, visto que não possuímos a dimensão merecida. Essa iniciativa acaba também sendo um movimento de reparação histórica”, ressalta Marina Alves, fotógrafa, operadora de câmera, diretora de fotografia e cientista social, que já participou de mais de vinte exposições fotográficas e que integra o time de mulheres deste projeto que conta com incentivo do Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através do Edital Retomada Cultural RJ2.

Demonstrando a necessidade da criação de imaginários para o povo preto que infelizmente, por conta dos fatores históricos de um país estruturalmente racista, inviabilizou diversas possibilidades para a população negra, que – com base em dados do 2º trimestre de 2022 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE –, corresponde a 55,8% dos brasileiros, ou seja, mais da metade, mas que ainda se vê pouco representada. “O Brasil é um país que não conhece a fundo o trabalho de pessoas pretas. No geral, possuímos muitas referências embranquecidas e isso tem a ver com a história desse país que usa uma lente, um óculos embranquecido pro mundo. A minha formação em fotografia, por exemplo, inevitavelmente teve muitas referências de homens brancos europeus e essa é a referência de conhecimento deste país, por conta da imposição cultural que aconteceu aqui”, Mariana reflete.

Em meados do século XIX, após a independência do país, os brasileiros sentiram a necessidade de se afastar dos moldes europeus, buscando uma arte realmente brasileira. O grito de Independência e todo o processo político-social-econômico e cultural desencadeado por ele motivou as Artes Nacionais na sua busca identitária.

Para além de motivar a reflexão sobre o processo de Independência do Brasil e suas consequências para as Artes, essa exposição traz novos significados, reconstruindo mais uma vez a história, agora sob a perspectiva de mulheres negras com suas individualidades e histórias refletidas. “O processo colonial deu à escravidão um caráter racial para justificar a barbárie contra o corpo preto, em especial, o corpo preto feminino; foi preciso desumanizá-lo, tirando-lhe sua língua, história e identidade, demonizando sua cultura e desvalorizando o seu olhar. Por isso compreendo ‘Olhares Plurais de Paisagens Regionais’ como uma ação que objetiva resgatar essa identidade desse povo na diáspora”, destaca Heloísa de Souza que também faz parte do projeto. Professora e especialista de Língua Portuguesa e Literatura, também especialista em Educação das Relações Étnico-raciais na educação básica, ela possui projetos ligados à autoestima de alunas negras de periferia, em que utiliza a fotografia como veículo para valorizá-las.

A primeira fase do Romantismo no Brasil serviu como mote de criação para as obras desenvolvidas para esta exposição, trazendo olhares atuais sobre diversos pontos do estado do Rio de Janeiro. “Os olhares plurais destas mulheres pretas reconstroem a História, valorizando e recuperando o lugar de protagonismo que lhes foi roubado. Neste projeto, elas se refletem com sensibilidade nas imagens captadas por suas lentes”, Heloísa conclui.

SERVIÇO:
Exposição Olhares Plurais de Paisagens Regionais
Visitação a partir de 06 de março
Local: Escola de Teatro de Quintino
Endereço: Rua Clarimundo de Melo, 847 – Quintino Bocaiuva

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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