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Ninguém é de Ninguém uma emocionante história sobre ciúmes e destinos traçados

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Há um mistério sobre como ou porque determinadas coisas acontecem conosco nessa vida. Alguns acreditam que acontecimentos podem ter raízes em vidas passadas, que justifiquem, de alguma maneira, ou que ajudem a explicar, as coisas que determinadas pessoas fazem nesta vida. Através da colaboração de espíritos que decidiram compartilhar suas histórias conosco, a escritora Zíbia Gasparetto conseguiu construir um verdadeiro universo de narrativas de vidas passadas, e vendeu, com isso, milhares de livros no Brasil e no mundo. Dentre todos, um dos seus maiores best-sellers chega a partir dessa semana aos cinemas brasileiros sobre o título Ninguém é de Ninguém trazendo para as telonas uma emocionante história sobre ciúmes e destinos traçados.

Ninguém é de NinguémGabriela (Carol Castro) é uma advogada bem-sucedida, casada com Roberto (Danton Mello) e mãe de duas crianças – ou seja, tem uma família perfeita e feliz. Certo dia, porém, Roberto recebe a notícia de que seu sócio roubara todo o dinheiro de sua empresa, deixando-o na falência. A partir daí, aos poucos Roberto muda seu comportamento, o que passa a ameaçar a convivência do casal. Tudo isso ocorre no mesmo momento em que Gabriela recebe uma promoção na sua empresa para se tornar sócia do escritório. Louco de ciúme, Roberto começa a querer controlar Gabriela a todo custo, vendo coisas onde não existem e determinado a mantê-la em casa para que, assim, ele mesmo possa ser feliz. Acontece que Gabriela é uma mulher bem resolvida e buscará ajuda até mesmo no plano espiritual para manter sua segurança e a de seus filhos.

Com cerca de duas horas de duração, Ninguém é de Ninguém vai aos poucos transformando a história da família perfeita em um drama pesado com cenas fortes de violência doméstica. Wagner de Assis se dedica em adaptar as mais de 500 páginas do livro em um filme que coubesse no tempo de exibição da sala de cinema, tendo que fazer escolhas sobre quais núcleos desenvolver mais, dando espaço para a trama, e ao mesmo tempo guardando o devido tempo para apresentar as percepções espíritas dessa história. Entretanto, o filme acaba tentando abranger assuntos demais, e algumas escolhas – por exemplo, o elemento do amigo que rouba a empresa – acabam consumindo um tempo precioso do enredo, que poderia ter sido deslocado para o melhor desenvolvimento de outras cenas mais relevantes a história, como a resolução do casal protagonista, que ocorre de maneira acelerada no tempo narrativo.

O filme, certamente, faz interessantes adaptações do livro de Zíbia, sem que com isso a história perca sua essência. Mas fica claro também que a produção se destina aos leitores da escritora espírita, que já conheçam os personagens e estejam acostumados com esse estilo narrativo, cuja explicação de vidas passadas ocorre apenas no fim, dando sentido ao todo. Estes leitores, ao verem o filme, farão conexões mais rápidas com o que está acontecendo na telona do que o espectador comum que quiser desfrutar do filme sem prévio conhecimento da trama.

Ninguém é de Ninguém é uma importante adaptação que confere mérito no audiovisual, ainda que tardio, a uma das maiores escritoras brasileiras e a um dos livros mais vendidos do país. Além disso, ainda demonstra todo o potencial de Carol Castro em passear entre gêneros entregando competência em tudo que faz.

Janda Montenegro
Janda Montenegro
Escritora, roteirista, mestranda em Literatura Brasileira pela UFRJ, crítica de cinema, tradutora e revisora.

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