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O Exorcista do Papa: Terror baseado em fatos reais deixa o espectador com a pulga atrás da orelha

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Quanto mais Hollywood lança seus filmes, mais vamos descobrindo as histórias escondidas nos armários do Vaticano. E quanto mais histórias vão surgindo, mais inacreditável fica para nós, espectadores, pensar em como isso tudo pode estar acontecendo enquanto nós seguimos com as nossas vidinhas normais aqui no mundo da realidade. Uma dessas histórias inacreditáveis chega a partir dessa quinta-feira nos cinemas brasileiros, intitulado O Exorcista do Papa.

O Exorcista do Papa

O ano é 1987. O padre Gabriele Amorth (Russell Crowe) é um dos padres mais requisitados para performar um tipo de ritual que nem todo sacerdote é habilitado a fazer: o exorcismo. Acontece que pela experiência dele a maior parte dos episódios que aparentam ser algum tipo de possessão demoníaca no fundo são apenas episódios em que as pessoas estão sofrendo com algum mal psíquico e buscam algum tipo de atenção daqueles que os cerca. Entretanto, quando recebe o chamado para visitar uma família recém mudada dos Estados Unidos para uma cidadezinha no interior da Espanha ele conhece os jovens Amy (Laurel Marsden), Henry (Peter DeSouza-Feighoney) e a recém viúva Julia (Alex Essoe), mãe deles. A contragosto, Gabriele percebe que Henry pode estar realmente com seu espírito aprisionado a um demônio, e tudo leva a crer que dessa vez Gabriele terá que se empenhar para salvar a vida do jovem menino.

O que logo de cara impressiona em O Exorcista do Papa é que é um filme baseado em eventos reais, o que sempre acaba deixando a pulga atrás da orelha do espectador, afinal, com o desenrolar do enredo, há coisas que nos fazem duvidar da nossa própria realidade, e, acima de tudo, assusta com relação ao tanto de informação que nos é omitido.

O longa de Julius Avery começa de uma maneira meio truncada, inicialmente apresentando o protagonista Gabriele, em seguida contextualizando-o dentro de um espaço da igreja católica em que ele não é muito bem-quisto e, de repente, o roteiro muda o foco para a família estadunidense se mudando para Espanha. Esse corte abrupto na história sem nenhum link aparenta causa estranheza. Embora o espectador consiga desconfiar o que vai acontecer em seguida, a construção não natural para que ambos os núcleos se convirjam vem aos tropeços.

Ainda assim O Exorcista do Papa é um filme divertido, que foge do lugar comum de filmes de possessão demoníaca ao construir um protagonista menos sério e não tão cerimonioso com relação ao demônio, o que, para um filme de terror de entretenimento, acaba se tornando uma ótima escolha para entregar um longa que contemple os fãs de terror e ao mesmo tempo segure a atenção do espectador até a última cena. No geral, é um filme que vai agradar a ambos os públicos, uma boa diversão com um Russell Crowe bem carismático de volta à ativa.

Janda Montenegro
Janda Montenegro
Escritora, roteirista, mestranda em Literatura Brasileira pela UFRJ, crítica de cinema, tradutora e revisora.

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