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Campeões é filme inclusivo para se emocionar

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Muito se tem falado sobre os projetos e propostas de inclusão nos cinemas – inclusão de narrativas não hegemônicas, de perspectivas diferentes, raças, gênero e também de pessoas portadoras de deficiência intelectual ou física nas histórias. Felizmente as produtoras estão assumindo um compromisso de pensar tramas que tragam personagens com essas características ou temas que abordem estes universos, tornando o cinema um território tão plural quanto a sociedade mundial o drama cômico esportivo, Campeões, segue essa premissa.

Campeões
Credit : Shauna Townley/Focus Features

Em Campeões, Marcus (Woody Harrelson) sabe que tem potencial para ser um grande técnico da NBA nos Estados Unidos, porém, sente-se frustrado por ver seu talento ser desperdiçado. Após sofrer um acidente de carro, ele é punido por seu comportamento. Agora, ele deve cumprir noventa dias como serviço comunitário, trabalhando voluntariamente como técnico de um time de basquete composto por jovens com Síndrome de Down.  Entre o preconceito e o medo de ir para a prisão, Marcus acaba aceitando o cargo, sem imaginar que isso iria para sempre mudar sua vida.

Pela sinopse acima dá para imaginar que Campeões é um filme conforto com uma estrutura que não deixa espaço para muita criatividade, o que significa que o espectador pode adivinhar o que vai acontecer. E o filme entrega exatamente isso, sem frustrar a nossa expectativa. Se por um lado isso parece uma fórmula cansativa de repetição de sucesso, por outro, ao contrário de tantos outros filmes centrados em técnicos frustrados que vão dar aula para um time de perdedores e os transforma em campeões, aqui o grande diferencial é trazer luz ao universo paralímpico de atletas, profissionais ou amadores, com deficiência intelectual, tal universo que não entra na grade comercial dos cinemas.

O roteiro de Mark Rizzo (inspirado no filme espanhol Campeones, escrito por Javier Fesser e David Marqués) traz a história particular de cada um dos atletas do time, mesmo sem aprofundá-las dramaticamente. Ao fazê-lo, Rizzo dá uma dimensão talvez desconhecida pelo grande público, demonstrando que pessoas com Síndrome de Down são perfeitamente capazes de viver uma vida comum como qualquer outra, incluindo morar sozinho, trabalhar, ter relações sexuais ou praticar esportes.

Com Woody Harrelson encabeçando o elenco, o destaque fica mesmo para os atores com Down especialmente o jovem Johnny (Kevin Ianucci), muito carismático e expressivo, demonstrando as emoções bem evidentes para o espectador, aproximando-nos de seu universo. Isso demonstra o bom trabalho do diretor Bobby Farrelly (produtor de O Amor é Cego) em construir uma unidade com esse elenco especial.

A Universal Pictures está de parabéns em apostar neste filme como um lançamento nos cinemas brasileiros, mostrando a importância de trazer esses temas também para as telonas. Certamente, esperamos por mais mais produções do gênero. Campeões é um filme simpático, levemente emocionante e para toda a família.

Janda Montenegro
Janda Montenegro
Escritora, roteirista, mestranda em Literatura Brasileira pela UFRJ, crítica de cinema, tradutora e revisora.

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