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MAM Rio celebra 75 anos com exposição que reúne 500 peças

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MAM RioO Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro celebra seus 75 anos com a abertura da exposição “Museu-escola-cidade: o MAM Rio em cinco perspectivas”. Com cerca de 500 itens, entre obras do acervo e documentos do arquivo da instituição, a exposição propõe um exercício de memória a partir dos cinco eixos temáticos que foram fundamentais para a sua história, e apresenta um evento que mudou o curso do museu.

Assim, o público é convidado a olhar para a trajetória do MAM Rio nas suas três primeiras décadas por meio da educação, do design, da experimentação na produção artística, da Cinemateca do MAM e dos movimentos artísticos na história da arte brasileira e internacional, tendo como marco temporal o incêndio de 1978. Aliás, a curadoria resulta de um esforço de todas as equipes do museu, que se uniram em um processo coletivo para realizar a mostra.

“Os campos de atuação escolhidos cimentam a relevância do MAM Rio como uma instituição que se entende, desde sua fundação, como um centro de formação e um espaço intimamente ligado às dinâmicas da cidade”, comenta o diretor artístico Pablo Lafuente. “Em cada uma dessas áreas, obras do acervo são apresentadas junto a documentos dos arquivos do museu, escrevendo a história por meio de objetos, registros e narrativas que mostram cursos de ação que se entrecruzam em movimentos de convergência e divergência.”

A exposição, certamente, reúne grandes nomes do acervo do MAM Rio para pontuar os momentos em que o museu foi espaço de experimentação, produção de pensamento e fazer artístico: Abraham Palatnik, Alberto Giacometti, Anita Malfatti, Anna Bella Geiger, Anna Maria Maiolino, Antonio Dias, Candido Portinari, Carlos Vergara, Carlos Zilio, Cildo Meireles, Constantin Brancuși, Fayga Ostrower, Hélio Oiticica, Ivan Serpa, Lygia Clark, Lygia Pape, Max Bill, Nelson Leirner, Rubens Gerchman, Tunga e Willys de Castro, dentre 93 nomes da arte brasileira e internacional.

“Podemos dizer que é uma exposição coletiva e parcial. Coletiva porque conta sobre ações desenvolvidas por muitos, dentro e fora do museu. Em resposta, sua curadoria é assinada pela totalidade da atual equipe da instituição. Parcial porque é feita a partir de escolhas que necessariamente deixam de fora muitos elementos e histórias e, portanto, demandam que o exercício de memória e reflexão a que ela dá início seja contínuo”, avalia Lafuente.

“Atuando de forma revolucionária, o MAM Rio não somente abrigou manifestações artísticas, mas apoiou e incentivou a experimentação”, destaca Beatriz Lemos, curadora do museu. “A ideia da mostra é dar visibilidade a esses momentos em que a instituição foi um espaço único de vanguarda.”

Criado como um museu-escola, em 3 de maio de 1948, o MAM Rio encontra-se instalado desde 1958 no icônico edifício localizado à beira da Baía de Guanabara. Referência da arquitetura moderna mundial, o projeto de Affonso Eduardo Reidy foi assolado por um incêndio em 1978, que marcou a mudança de períodos na história da instituição. O evento permeia a narrativa criada pela mostra museu-escola-cidade, que ocupa o Salão Monumental e revisita seu projeto expositivo original, desenhado por Karl Heinz Bergmiller.

Composto por painéis, vitrines e pedestais, o sistema criado pelo designer de origem alemã foi usado na expografia entre 1967 e 1978. “Bergmiller pensa em todos os preceitos da arquitetura do museu e tem a preocupação de manter o vão livre. Ele constrói esse sistema modular e móvel para que possa ser modificado com facilidade, permitindo a utilização do prédio de diferentes formas”, explica Aline Siqueira, pesquisadora da equipe do MAM Rio.

Espacialmente, os períodos e as áreas de trabalho do museu se mesclam ao longo desta mostra, que se debruça sobre as perspectivas institucionais a partir dos cinco eixos curatoriais.

O MAM Rio sob cinco lentes

A seção dedicada à educação salienta o pensamento que acompanha o museu desde a sua fundação, com cursos de teoria e prática de diversas modalidades, ministrados por artistas a partir de 1952. Ganham destaque os primeiros cursos desenvolvidos a partir de 1958, no Bloco Escola. A mudança de perfil dos cursos sob a coordenação de Frederico Morais em 1969, em que o foco passa a ser a experimentação, é outro ponto alto. Bem como o momento pós-incêndio, com iniciativas de outros projetos que assumiram a educação do museu até os tempos mais recentes, incluindo a ocupação do Galpão das Artes, projetado no local/espaço destinado ao Teatro, que serviu de espaço para os ateliês nos anos 1990.

Entre as fotografias das atividades realizadas nos diversos espaços do museu, desde os ateliês provisórios até os eventos promovidos nos entornos da instituição, merecem atenção os registros dos Domingos da Criação – iniciativa incontornável na escrita da história do museu, idealizada pelo então coordenador de cursos, Frederico Morais. Também compõem a seção capas dos catálogos das exposições dos alunos do artista Ivan Serpa e obras dos expoentes que atuaram como professores no Bloco Escola, como Aluísio Carvão, Anna Bella Geiger, Carlos Vergara, Cildo Meireles, Décio Vieira e Fayga Ostrower.

Esta perspectiva educacional encontra a sessão dedicada ao design na abordagem sobre a Escola Técnica de Criação (ETC), projeto feito em parceria com o artista argentino Tomás Maldonado que teve como inspiração conceitual e prática a Escola de Ulm, na Alemanha, onde ele era professor. Apesar de não ter sido executado, suas ideias foram fundamentais para a criação do programa pedagógico do Bloco Escola, influenciaram a criação da Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI) da UERJ, inaugurada em 1962, e formaram as bases para a implementação do Instituto de Desenho Industrial (IDI), que funcionou no museu entre 1968 e 1980. Esta seção explora também o design do logotipo do MAM Rio e o sistema de exposições de Bergmiller, reconstruído para a mostra.

“O museu é um lugar definidor na história do design brasileiro, uma vez que traz o frescor do que se fazia de vanguarda no mundo, em conexão com o Rio de Janeiro”, situa Beatriz Lemos. Esta seção traz fotografias de Tomás Maldonado e Max Bill, ligados à diretoria e à programação da ETC; e a documentação do período de atuação do IDI, em que propôs exposições, organizou as Bienais Internacionais de Desenho Industrial e atuou na consultoria de manuais de mobiliário escolar para o Ministério da Educação e Cultura. Também são exibidas algumas páginas do projeto de Bergmiller, que registram a sua instalação no espaço expositivo; peças de mobiliário que poucas vezes foram expostas, como as cadeiras de Joaquim Tenreiro e Le Corbusier; e uma história visual da logomarca do MAM Rio.

O bloco sobre o fazer experimental mergulha na atitude artística que entra no museu com na Unidade Experimental – um grupo de trabalho e laboratório pedagógico criado por Frederico Morais, no Bloco Escola, que visava promover experiências em todos os níveis. “Daí surge um modo de pensar arte muito próprio do momento, que não se rende ao objeto de arte nem ao mercado ou à ideia tradicional de exposição, mas à própria experimentação. Isso se torna uma metodologia comum na arte até os dias de hoje”, explica Beatriz Lemos.

O anteprojeto de regulamentação da Unidade Experimental é um dos destaques da seção, junto a obras de Hélio Oiticica, Cildo Meireles, Carlos Zilio, Artur Barrio, Lygia Clark, Lygia Pape, Tunga, Antonio Manuel, Luiz Alphonsus e Antonio Dias. Estes e outros artistas participaram das experimentações que resultaram em exposições – como Circumambulatio, de Anna Bella Geiger, desenvolvida em parceria com os alunos do curso ministrado por ela – e eventos organizados dentro do museu e no seu entorno.

Outro pilar que sustenta a concepção do MAM Rio é a Cinemateca, cujo modelo original engloba o acervo de filmes, documentação e pesquisa, e tem como carro-chefe a programação, que introduz a ideia de memória do cinema junto ao público. Em atividade desde 1955, a Cinemateca do MAM influenciou gerações de realizadores, incluindo a do Cinema Novo de 1968 e a de curta-metragistas dos anos 1960 e 1970, marcando a cultura carioca. Atualmente, a Cinemateca do MAM promove exposições, debates e encontros, além de oferecer apoio nacional e internacional a mostras e retrospectivas, principalmente sobre cinema brasileiro.

Nesse núcleo da exposição, o público tem acesso à documentação relacionada à programação e a parte do acervo histórico da Cinemateca, como projetores, lanternas mágicas e cartazes raros.

Por fim, Museu-escola-cidade resgata alguns dos movimentos artísticos que estiveram ligados à história do MAM Rio, destacando o papel da instituição como propositora desses movimentos e do seu desenvolvimento. Associado ao modernismo desde a sua fundação, o MAM Rio assumiu como tarefa principal acolher e dar acesso à arte do seu tempo, e também contribuiu diretamente na criação.

SERVIÇO:
Museu-escola-cidade: o MAM Rio em cinco perspectivas
Abertura: 27 de maio / 3 de dezembro de 2023
MAM Rio (End: av. Infante Dom Henrique, 85)
Tel: (21) 3883-5600

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Instagram: @mam.rio

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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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