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“Rainha Cleópatra” é bem intencionada, mas não alcança grandiosidade da rainha egípcia

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"Rainha Cleópatra"Você já ouviu falar de Cleópatra? Certamente, todo mundo já ouviu falar dela. Cleópatra é uma dessas personalidades da História cujos feitos são ensinados nas escolas do mundo inteiro, afinal, seu legado transcende a sua vida. Entretanto, alguns pontos divergem em sua biografia, especialmente no que se refere à sua aparência física. Apoiando-se em estudos recentes que confirmaram a ancestralidade negra de Cleópatra, a Netflix, junto com a atriz Jada Pinkett Smith (que é produtora e narradora desta produção), apresentam a minissérie “Rainha Cleópatra”, que está dando o que falar!

Dividida em quatro episódios com pouco mais de 40 minutos cada, o projeto segue o formato padrão de outras produções semelhantes da gigante do streaming. Pega-se uma pessoa famosa que é o centro da biografia, elenca-se uma turma de especialistas no assunto para dar depoimentos sobre o tema, e, intercala com um conteúdo histórico, junto a ficção criada sobre episódios marcantes na vida do biografado. Neste quesito, não traz nada de novo.

“Rainha Cleópatra” faz parte de um projeto maior intitulado Rainhas Africanas, cuja intenção é jogar luz sobre poderosas mulheres de África que demonstraram resistência, liderança e resiliência ao longo de séculos, mas cujas biografias não são amplamente conhecidas devido ao racismo que incide sobre as culturas africanas graças à hegemonia ocidental que só aceita suas próprias histórias como centro de mundo.

Ao contrário da série anterior desse mesmo projeto, intitulada “Rainha Njinga”, “Rainha Cleópatra” conta com um elenco de especialistas que se repete em seus comentários, construindo uma ideia de que Cleópatra foi uma grande estrategista, ainda que isso incluísse envolver-se com Júlio César com uma finalidade política quase insistente para garantir seu próprio poderio, como se, sem ele, ela não tivesse ou pudesse reconquistar o próprio trono.

Além disso, o elenco de atores que recriam a vida de Cleópatra ficcionalmente são bem fracos, não conferindo o poder hipnótico da rainha (interpretado pela fraquinha Adele James) nem dos outros personagens importantes da trama (como John Partridge, que faz um Júlio César com cara de britânico-alemão), já em “Rainha Njinga” ambos esses quesitos foram melhor trabalhados, ao ponto de de fato cumprir seu papel sobre trazer a história de uma mulher africana que deveria ser mais conhecida mundo afora.

Independentemente do questionamento se Cleópatra era negra ou não,  “Rainha Cleópatra” fica aquém da vida da biografada. Para quem não conhece a história da rainha-deusa, vale como uma introdução ao tema, porém, há livros que contam melhor essa história do que esta série documental da Netflix.

Janda Montenegro
Janda Montenegro
Escritora, roteirista, mestranda em Literatura Brasileira pela UFRJ, crítica de cinema, tradutora e revisora.

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