“Morte vela sentinela sou do corpo desse irmão que já se vai, revejo nessa hora tudo que ocorreu, memória não morrerá… ” , esses versos de ‘Sentinela’ foram escritos por Fernando Brant para um professor de quem gostava muito, mas acabou se tornando um hino cantado com emoção por aqueles que lamentavam a morte do estudante secundarista Edson Luís, assassinado durante a ditadura, na porta do restaurante Calabouço, no Centro do Rio, em março de 1968, recorda Aquiles, integrante do MPB4 desde o início do grupo.

O disco “Encontro marcado – MPB4 canta Milton Nascimento” reunia várias canções de Milton registradas em álbuns diferentes do quarteto. Em 1971, por exemplo, o grupo gravou, no LP “De palavra em palavra”, “Cravo e canela”, a faixa contou com a participação no violão do próprio Milton, que, por questões contratuais, aparece na ficha técnica creditado como Catubi (sílabas invertidas de Bituca, apelido dele). Aliás, o mesmo aconteceu na gravação da canção “Moreno”, lançada pelo MPB4 em 1976, no disco “Canto dos homens”.

O nome “Encontro marcado” foi inspirado no best-seller homônimo de Fernando Sabino, que fala do encontro dele com os amigos Otto Lara Rezende, Paulo Mendes Campos e Hélio Pellegrino, todos mineiros. Miltinho, integrante do MPB4 que leu o livro na adolescência, recorda: “aproveitamos o nome da obra para batizar o CD, e ainda contamos com textos de outros dois mineiros – Ziraldo e o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, cujas palavras foram lidas pelo saudoso Magro no show”.

A coletânea, agora balzaquiana, contava com tudo o que o MPB4 havia gravado de Milton Nascimento até então, com o reforço das gravações inéditas de “Coração de estudante”, “Maria Maria”, “Milagre dos peixes” e “Travessia”, sendo as duas últimas com a participação especial do próprio homenageado. O LP fez muito sucesso e rendeu uma importante turnê para o grupo. Então, para comemorar os 30 anos de tão relevante álbum, que está sendo lançado nas plataformas de streaming pela Universal Music, o MPB4 promete um show com as canções já citadas e outras como “Canção da América” e “San Vicente”. Mas é claro que o repertório do espetáculo conta também com sucessos da carreira do quarteto que não podem faltar em nenhum show. Caso da emblemática “Roda viva”, de Chico Buarque.

No palco ao lado de Aquiles Reis, Miltinho, Dalmo Medeiros e Paulo Malaguti Pauleira, estarão os músicos que acompanham o MPB4 há mais de três décadas: Pedro Reis (guitarra e bandolim), João Faria (baixo) e Marcos Feijão (bateria).

O show para o público carioca acontece em apresentação única no dia 4 e 5 de Agosto no Teatro Rival, no Centro do Rio de Janeiro. Ingressos pela Sympla.