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Drácula: A Última Viagem de Demeter, de André Øvredal, explora capitulo crucial do livro

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Baseado em um capítulo específico do clássico “Drácula”, escrito por Bram Stoker, Drácula: A Última Viagem do Demeter, enquanto ideia de realização, é um grande achado. As versões anteriores, mesmo a celebrada de Francis Ford Coppola, tratou essa passagem com rapidez, e sozinha ela consegue capturar muito do espírito do qual o conde romeno impregna na atmosfera geral da obra, além de ser um ponto de partida dos mais precisos.

Concebido como o diário de bordo do capitão do navio que, sem querer, transporta o Mal para Londres – isso é devidamente mantido aqui no filme – , aliás, esse detalhe acrescenta um sabor especial a um filme que, não podemos negar, é tomado por coragem.

Primeiro por retomar um ícone do gênero, não necessariamente mais um vampiro, mas A Criatura que deu origem a todas as outras. Segundo por tratar de apenas um capítulo do livro, ainda que crucial, e conseguir transformá-lo em uma aventura minimamente excitante aos olhos do público. Terceiro porque poucos filmes estão apostando na violência gráfica e explícita hoje (Fale Comigo vai por esse lugar também), e ainda que não seja em excesso, como os amantes do terror apreciam, o que é colocado aqui em cena não está sendo reproduzido em outros exemplares. O cinema de horror se acovardou muito nos últimos anos, e Drácula: A Última Viagem de Demeter pode ser acusado de inúmeras coisas, mas não dessa.

Drácula: A Última Viagem de DemeterNão apenas no aspecto gráfico o que se pretende no filme é na intenção do impacto, mas também no desenvolvimento de alguns personagens, que também como no já citado título dos irmãos Philippou conta com a presença de uma criança entre os personagens centrais. A essa criança, igualmente recairão profundas transformações na produção, e assim como lá, é sempre bom dar crédito a quem coloca pequenos atores para servir como reflexo de acontecimentos maléficos no cinema, seja no terror ou não. Essa é mais uma contribuição que William Friedkin trouxe ao gênero, ao centralizar seu clássico O Exorcista na figura de Linda Blair. Woody Norman, que já tinha demonstrado todo seu potencial em Sempre em Frente, aqui comanda boa parte de nosso interesse.

Além de Norman, Drácula: A Última Viagem de Demeter é mais um capítulo da dominação global de David Dastmalchian. Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania, O Estrangulador de Boston, Boogeyman e Oppenheimer contaram com a presença marcante do ator sempre em lugares muito centrais, e aqui não é diferente. Como Wojchek, que sonha em se tornar o próximo capitão do Demeter, o ator integra um elenco que não tem culpa pelo esfriamento de uma produção tão promissora. Aliás, nem ele nem ninguém do elenco, que assim como a direção de arte, são responsáveis por nos capturar para dentro de um título que parece ter feito tudo direito, até perceber que deixou de fora um ingrediente crucial a qualquer filme: alma!

Falta alma ao título dirigido por André Øvredal, que depois de estrear como uma promessa, vem repetindo produções com diferentes graus de decepção envolvido. Se visualmente a experiência de Drácula: A Última Viagem do Demeter é de uma condução classuda e esteticamente eficiente, mas não há o que se possa fazer a um projeto onde o coração não foi acoplado ao todo. Por mais que consiga, vez por outra, nos encher os olhos com seus valores empregados em cena, e com umas três ou quatro cenas imperativas (como a de um personagem que é jogado em chamas ao mar), o filme não alcança o espectador pelo que deveria ter de mais pulsante em cena. A sedução existe, porém o que não existe é o charme necessário para tal.

A partida de Drácula: A Última Viagem do Demeter termina, enfim, empatada – ou quase. De um lado, temos um elenco empenhado em contar uma história com o máximo de entrega possível, e uma produção que enche os olhos com suas artimanhas visuais, do outro lado, é a ausência que impera. Com uma criatura que mais parece uma mistura do Nosferatu clássico com o Smeagol, do Andy Serkis, saímos da sessão com a clara impressão de que o jogo foi perdido.

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