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“Teoria King Kong” estreia no Sesc Copacabana

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“Teoria King Kong” foi escrito em 2006 pela escritora Virginie Despentes e tornou-se um sucesso absoluto pelo impacto e ousadia de narrar, em primeira pessoa, experiências que tangenciam temas como gênero, estereótipos e ativismo. No Brasil, o livro foi lançado em 2017 pela N-1 e teve sua tradução assinada pela atriz, jornalista e escritora Márcia Bechara, que também assina a dramaturgia do espetáculo. Considerado um fenômeno de vendas, “Teoria King Kong” encontra-se esgotada desde 2020 no Brasil e na América Latina.

Teoria King Kong
Foto: Igor Marotti

No palco, as atrizes Amanda Lyra, Ivy Souza e Verónica Valenttino atualizam o texto a partir das suas escrevivências e subjetividades, ora se colocando como as tradutoras da obra, ora incorporando a própria Virginie Despentes e dando voz às reflexões que abarcam a complexa condição feminina, exposta pela autora num jorro literário, virulento e desconcertante capaz de desacomodar formas de perceber, pensar e interagir com determinadas heranças que ainda orientam nosso comportamento em uma sociedade patriarcal.

 Para a dramaturga Márcia Bechara, o maior desafio de transpor “Teoria King Kong” para os palcos em 2023 é, justamente, encontrar sua atualização, visto que isso acontece mais de uma década depois do lançamento na França. Ela comenta, “Muita coisa mudou, da nossa compreensão interna do que seja o feminismo ou os feminismos e de como essas coisas se interpelam mutuamente na América Latina, na Europa e em vários outros contextos. Esse é o grande desafio, atualizar esse texto que é magnífico e magnânimo, para a realidade brasileira, para que ele converse com a gente também da maneira que o teatro sabe fazer. O teatro como essa grande ágora contemporânea, um espaço potente e propício para as discussões do nosso tempo”, afirma.

De acordo com a diretora Yara de Novaes, a aproximação de Márcia e das atrizes, que também colaboram com a dramaturgia, e facilitou o processo de construção do texto. “São elas (as atrizes) que estão trazendo para a dramaturgia essas pessoalidades, essas fricções”. Bechara optou por não trazer apenas falas na primeira pessoa, mas escolheu a figura de três tradutoras-transcriadoras para que fossem as cicerones, as experimentadoras cênicas do livro da Virginie, elas estão fincadas na realidade contemporânea brasileira e fazem esse percurso com muito humor e acidez.

“O teatro é uma matéria que é feita do corpo, a sua principal mídia é o corpo. E o corpo brasileiro está em cena com essas três atrizes. A presença delas em cena é extremamente revigorante desse novo Brasil que emerge depois desses desses seis anos de total loucura fascista e que tem muita coisa pra dizer, inclusive em relação ao mundo, para o mundo. A gente vê no Brasil uma atualização dos feminismos, das questões que a gente chama de identidades, mas que vão muito além disso, que são coletivas também”, afirma a dramaturga.

Além disso, a escolha do elenco foi uma busca de entrar em diálogo de alguma forma em paridade com o texto, pesquisa que ocorreu na total sinergia entre Yara de Novaes e as produtoras e idealizadoras do projeto, Verônica Prates e Valencia Losada, da Quintal Produções. “Quando a gente coloca essas três atrizes em “Teoria King Kong” , contamos com a possibilidade que temos de alguma maneira de deixar o livro mais plural. Para poder dialogar com a obra era preciso trazer pessoalidades e singularidades, e foi isso que elas trouxeram”, revelam.

“Para marcar a fogo a radicalidade contemporânea do texto, convidamos as atrizes Amanda Lyra, Ivy Souza e Verónica Valenttino para compor o núcleo artístico do projeto. Atrizes múltiplas, plurais e com trajetórias pavimentadas em lugares muito singulares de classe, raça e gênero. Atrizes pactuadas com o Teatro, e que farão de Teoria King Kong um dos acontecimentos teatrais mais marcantes deste tempo pós-pandêmico”, declaram Verônica Prates e Valencia Losada.

Para Verônica Valenttino, o projeto traz a potência de não apenas reproduzir ou representar uma história, ou um só tipo de mulheridade. “Na minha condição de travesti é importante abordar outras questões, então tem sido potente essa construção em conjunto com a Marcia. É um desafio reproduzir uma dramaturgia que nasce de fatos reais, mas nós nos desafiamos a transpor, transcriar, transgredir e não apenas traduzir o livro para o teatro mas de também traí-lo”.

Aliás, o espetáculo reúne em sua ficha técnica uma equipe de mulheres que despontam em várias áreas do Teatro, o que fortalece esse pacto feminino e feminista em torno da encenação.

SERVIÇO
De 25 de agosto a 17 de setembro
Apresentações de quinta a domingo, às 20h30
Sessão extra no sábado, 16 de setembro, às 17h30
Mezanino do Sesc Copacabana (Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana)
Ingressos na bilheteria
Classificação indicativa: 16 anos

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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