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TOC TOC TOC: Ecos do Além aborda o horror do abuso parental

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A nova onda de filmes de horror tem como marca o uso de situações básicas da realidade humana criando uma alegoria para o fato em questão. O já clássico do Novo Horror, Babadook, é uma grande alegoria para depressão, e Hereditário de Ari Aster nada mais é que uma exploração sobre o processo de luto. Em TOC TOC TOC: Ecos do Além fica claro que o foco consiste no abuso parental. Peter (Woody Norman) é um menino tímido e sem amigos que vive com seus pais (Lizzy Kaplan e Antony Starr), à medida que vozes nas paredes se tornam impossíveis de ignorar, o menino vive um pesadelo onde o monstro da parede é melhor que seus próprios pais.

Logo nos primeiros momentos de TOC TOC TOC: Ecos do Além, fica óbvio que os pais são a figura de horror, e o roteiro alegórico de Chris Thomas Devlin se desenrola, literalmente, no colo do espectador. Todavia os signos usados e a forma que o horror vai crescendo tornam o filme muito mais denso.

TOC TOC TOC: Ecos do AlémTudo começa quando Peter começa a escutar sons vindos da parede, que são totalmente ignorados por seus pais, que não demoram para escalar uma onda de abuso culminando no menino dormir acorrentado no porão. Juntando com os pesadelos, as vozes nas paredes parecem ser apenas o medo de Peter de ser morto por seus pais, ou se continuará sofrendo por anos a fio. Em paralelo a isso, a personagem da prof. Devine (Cleopatra Coleman) mostra que a sistematização acaba negligenciando crianças vítimas de abuso que não se encaixam dentro do que é esperado. Ainda que a professora sinta que tem algo errado, nada dentro do sistema permite que ela ajude, até o momento que ela quebra esse sistema.

Além disso, outro traço clássico em crianças vítimas de abuso parental é a incapacidade de socializar e criar relações com outras crianças e muitas delas se tornam vítimas de bullying, ou o oposto, tornam-se os agressores.

A direção de Samuel Bodin vai lentamente desfolhando essas camadas ao passo que Peter se aproxima mais da verdade sobre o “monstro” dentro das paredes de sua casa. Se o monstro existe de fato ou se ele era um personificação do que Peter se tornaria por conta do abuso é pouco relevante, pois a mensagem é clara na conclusão final onde percebe-se que, apesar de tudo, o menino terá que carregar o horror do trauma. A fotografia usa muito bem as cores para definir os locais seguros e ameaçadores, assim como efeitos especiais usados com prudência e controle apenas contribuem para o horror.

O elenco é impecável, principalmente por conta de Woody Norman, com 14 anos de idade. A carreira do jovem ator já impressiona, tendo estrelado obras com grandes atores, como Joaquin Phoenix. Tanto Kaplan quanto Starr têm papéis reconhecidos e aclamados nas séries de TV, como Master of Sex e The Boys, respectivamente. Mas sendo justo, Woody carrega o filme nas costas, realmente cativando o espectador.

TOC TOC TOC: Ecos do Além é mais uma feliz surpresa do horror de 2023. Conseguindo não apenas criar um filme tenso e denso, mas também usando de base os horrores do mundo real. Aliás, no clímax do terceiro ato, o filme acha necessário criar um banho de sangue que fica totalmente desconectado com a densidade da obra.

 

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