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“Viva o Povo Brasileiro”, clássico de João Ubaldo Ribeiro, vira peça

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  1. “Viva o Povo Brasileiro”, considerada uma das principais obras do escritor João Ubaldo Ribeiro, ganha versão musical nos palcos cariocas. Aliás, o autor recebeu tanto o Prêmio Camões de Literatura como o Prêmio Jabuti quando lançou o livro. Poderosa, a publicação foi ainda enredo da Império da Tijuca em 1987.

"Viva o Povo Brasileiro"Agora, o romance ganha uma inédita versão musical para o teatro, com 30 músicas originais compostas por Chico César, a partir de letras inspiradas ou que utilizando parte textual da obra de Ubaldo. A direção musical e trilha original são de João Milet Meirelles (da banda BaianaSystem). A pesquisa para a montagem teve início na investigação de doutorado feita na Universidade de Lisboa pelo diretor André Paes Leme, que já adaptou com o sucesso, da literatura para o teatro, ‘A Hora da Estrela ou O Canto de Macabéa’, ‘A hora e vez de Augusto Matraga’ e ‘Engraçadinha’.

O desejo de falar do que seria esse povo brasileiro a partir da ótica crítica e do humor de João Ubaldo Ribeiro provocou o nascimento do projeto. “Não há possibilidade de entender o povo brasileiro sem compreender que todos nós somos o povo brasileiro, desde os povos originários até os imigrantes que chegaram muito tempo depois. Criamos esse espetáculo, que praticamente pega um terço do livro, mas traz a essência da obra ligada à ideia de ancestralidade, de espiritualidade, da luta contra a escravidão, por uma igualdade e justiça social. O texto é especialmente conectado à força feminina, que é algo muito forte a partir da personagem da Maria Dafé, que é a grande heroína”, diz André.

O livro de João Ubaldo Ribeiro tem cerca de 700 páginas e percorre 400 anos da história do Brasil. A trama, ambientada em Itaparica, fala de uma alma que quer ser brasileira. Primeiramente, ela encarna em indígenas, até o primeiro personagem, o Caboclo Capiroba, em 1640, que é enforcado pelos portugueses colonizadores, mas tem uma filha que se chama Vu, e dela descendem as mulheres da história.

A alma depois reencarna em um Alferes, em 1809. Esse Alferes sonhava em ser um herói brasileiro e tem morte súbita protegendo Itaparica da invasão portuguesa. Morre cedo, mas consegue ser considerado herói. A alma fica mais desejosa de ser brasileira e vai encarnar na personagem Maria Dafé, que é filha da Vevé (Naê), tataraneta de Vu. Ela foi estuprada pelo Barão, que, quando sabe da gravidez, manda o negro Leléo tirar Vevé de Itaparica. Leléo é um negro liberto, que já tem muito dinheiro e que cuida de Dafé como sua verdadeira neta, dando ensino e escola. Aos 12 anos, Dafé assiste ao assassinato da mãe a facadas, por homens que queriam violentar as duas. Isso é o gatilho para Dafé virar a heroína da história.

Para embalar toda essa trama, Chico César compôs 30 canções, que ganharam arranjos de João Milet Meirelles e a colaboração do elenco. No palco, três músicos e dez atores que interpretam, cantam e tocam. Além do elenco fixo, cada cidade por onde o espetáculo passará ganhará um coro composto por atores iniciantes/ estudantes, locais, que ajudarão a dar vida à essa epopeia.

“Esse é meu terceiro trabalho com a Sarau. Nós fizemos ‘Suassuna – O Auto do Reino do Sol’ e ‘A Hora da Estrela ou O Canto de Macabéa’. Para compor as músicas, eu parti da palavra do escritor e busquei a sonoridade da escrita. Trouxe muito da minha formação intuitiva da música negra, brasileira, baiana, porque o livro se passa em Itaparica e Salvador. Fiquei feliz quando soube que era o João Meirelles quem seria o diretor musical, porque o BaianaSystem é o grupo com maior expressão dessa contemporaneidade da música negra brasileira”, conta Chico César.

Em seu segundo trabalho com o teatro musical, João Milet Meirelles trouxe para ‘Viva o Povo Brasileiro (de Naê a Dafé)’ uma construção coletiva com referências da música baiana contemporânea e da tradicionalidade. “Existe também um apontamento para o futuro. Tem muita percussão, cordas, sanfona, piano. São três músicos e um elenco também muito competente musicalmente. Tem essa diversidade como uma linha que vai conduzindo tudo. É uma construção coletiva com o processo de experimentação”, define João.

Serviço
Teatro Riachuelo Rua do Passeio, 38 – Centro – Rio de Janeiro
Temporada: De 25 de agosto a 01 de outubro.
Quinta a Sábado às 20h. Domingos às 18h.
Vendas pela Sympla ou bilheteria do teatro
Classificação Indicativa: 14 anos

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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