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Human Persons aborda o tráfico internacional de órgãos humanos

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Existe uma lenda da internet, uma Creepypasta, clássica, onde um cara sai com uma garota de programa, eles bebem um pouco e um deles apaga. Horas depois ele ou ela acorda numa banheira cheia de gelo, totalmente grogue, e com um corte no corpo, geralmente no abdômen. Ele encontra um bilhete dizendo para não se mexer e chamar a emergência. No hospital se descobre que um de seus órgãos foi roubado. Esse é exatamente o início do filme Human Persons, obra de produção latino-americana, dirigida por Frank Spano.

Human Persons O roteiro segue o personagem James (Luis Fernández) que trabalha para um grande chefe do crime nos EUA, com especialização no tráfico de órgãos. Ultimamente, James não está dando sorte com a “coleta” e começa a ser pressionado por Jack (Bill Kalinak), o chefão, que chega a ameaçar sua família. James resolve então voltar para sua terra natal, a Colômbia, onde espera ter mais sorte em achar órgãos mais saudáveis e mais fáceis de coletar. Todavia, James acaba tendo que se aliciar com João (Roberto Birindelli), um grande traficante da região, mas o mais difícil será enfrentar o seu passado.

O maior problema deste longa é querer ser um filme de ação, e deixando de lado o argumento que realmente o torna relevante. A questão do tráfico de órgãos é, certamente, um dos principais crimes internacionais, muitas vezes ignorado, pois envolve pessoas absurdamente ricas. Por vários momentos no filme, James nega sua herança latina, se negando a falar espanhol, por exemplo. O personagem aparenta ter passado por um intenso processo de desumanização nos EUA, de modo que ele nem enxerga mais pessoas da América do Sul como humanos, eles são gado a ser consumido. A temática é totalmente atual, a forma como muitos países do primeiro mundo usam países pobres para suprir suas necessidades, mesmo que isso envolva matar pessoas ou criminalidade.

O problema é quando a direção de Spano decide sair dessas críticas reflexivas intimistas, para tentar criar um John Wick latino, e falhando miseravelmente. O filme não tem orçamento para isso, e os elenco não tem aptidão, ou treinamento, para esse tipo de produção. Ainda que esse mesmo elenco, quando há diálogos mais complexos, trazem uma carga de atuação mais densa e competente. Nem a fotografia consegue criar esse espírito de um thriller, sendo ela muito introspectiva, com grandes quadros aéreos das cidades. O diretor usa a visão de cima das ruas e estradas como se fossem as veias e artérias de um corpo.

Humanpersons tem como argumento uma luta de classes que vai além de contextos simples, contudo se perde ao tentar imitar obras estadunidenses, ao invés de se manter dentro do seu diferencial.

 

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