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Moacyr Góes estreia “Moria” na Casa de Cultura Laura Alvim

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Escrita e dirigida por Moacyr Góes,”Moria” é permeada pela metalinguagem, abordando em sua trama questões como a intolerância, a fé e a esperança.

A montagem tem como pano de fundo a perseguição aos cristãos nos dias atuais, onde milhões de pessoas são aviltadas e mortas por sua fé. “A fé é uma escolha pessoal e deve ser respeitada em sua integralidade. E a fé em si não é necessariamente intolerante ou fundamentalista, mas o que determinados homens e mulheres fazem dela, ou a interpretam, que pode lavar ao horror ou ao amor. Este é um drama, ou uma tragédia, da contemporaneidade, do nosso tempo. É ilusório imaginar que não diz respeito a nós. O horror e a intolerância adquirem sempre suas formas específicas no tempo e no lugar. Mas é um traço do humano”, pondera Góes, que se considera ateu.

Moacyr Góes
Fotos: Bufões Produções

2019, Ilha de Lesbos, Grécia. No maior campo de refugiados da Europa, dentre as milhares de pessoas que ali se encontram, destacam-se três mulheres. Duas delas, Abda e Bahar, são atrizes iranianas que migraram para o continente europeu como refugiadas, passando a viver em condições devastadoramente dramáticas e precárias. Enquanto aguardam um destino que insiste em não chegar, se encontram secretamente de madrugada para ensaiar uma peça sobre os apóstolos Paulo e Tiago. Ali discutem sobre fé, violência, o assédio sexual que sofreram e a liberdade religiosa não vivida.

A peça inédita é a primeira de “O Mistério da Fé”, trilogia onde Moacyr, com a colaboração de André Chevitarese, pretende abordar a relação entre a fé e os tantos desafios, intolerâncias e radicalismos do mundo contemporâneo. São três histórias que ocorrem nos dias atuais, onde os personagens sofrem algum tipo de perseguição e violência.

Moacyr Góes conta que a trilogia vai investigar questões polêmicas, complexas, agudas e atuais. “É uma investigação sobre nosso tempo, e nós dentro dele. ‘Moria’ surgiu pela necessidade de fazer um tipo de teatro que pense o mundo em que estamos vivendo. Abda e Bahar vivem a crise de serem perseguidas unicamente por serem mulheres e cristãs. A intolerância religiosa e o horror contra as mulheres nos campos de refugiados é uma realidade monstruosa. Precisamos falar disso”, observa Góes.

As peças que compõem a sequência da trilogia são “O Salto”, que narra a história de uma missionária presa num país estrangeiro e sua relação com o carcereiro, um rapaz gay; e “Na Cruz”, onde, numa comunidade carioca, um ator e uma atriz ensaiam os momentos finais de Jesus na cruz, discutindo a relação entre o Jesus histórico e o Cristo da fé e o sentido do teatro num mundo em crise.

Inicialmente interessado na questão da intolerância religiosa e a enorme perseguição aos cristãos pelo mundo, em sua pesquisa Moacyr descobriu que mulheres e crianças, em muitos lugares e de várias religiões, são as piores vítimas dessa que talvez seja a maior crise humanitária da era contemporânea. Dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) demonstram que mulheres e meninas, especialmente as que viajam por conta própria, estão particularmente expostas a um cenário de violência sexual e de gênero e de graves violações de direitos humanos. A partir desta descoberta, Moacyr teve o foco desviado para este lado da realidade do horror. O texto, então, ganhou outra dimensão.

“Por que todo horror e violência recaem de modo mais terrível sobre as mulheres e crianças? Isso é algo que devemos pensar. No espetáculo as personagens são perseguidas unicamente porque são o que são, e não porque fizeram algo errado. Isso significa o desprezo e incapacidade de conviver com a diferença e o outro”, pontua o diretor. “Moria” nos fala sobre o legado da civilização judaico-cristã, sobre o teatro como espaço de liberdade, sobre a cruel e desigual condição das mulheres refugiadas. Mais do que nunca, este é um debate que está na ordem do dia e não há como ser ignorado.

 “De algum modo o meu trabalho sempre foi, também, uma reflexão sobre a linguagem e importância do teatro. Mas incluir isso na história das personagens foi um reforço da ideia de que a arte é algo que nos sustenta diante da barbárie. As peças estão interligadas porque são sobre a importância da fé e do cristianismo naquilo que conhecemos como Ocidente. Toda essa história é cheia de conflitos, contradições, entusiasmo, amor, intolerância e horror. Como uma das personagens diz na peça ‘Moria’: ‘Mais que liberdade, Deus é a palavra mais aviltada nos dias de hoje'”, finaliza Moacyr.

SERVIÇO:
“MORIA” – @moria.teatro
Temporada: 05 a 20 de setembro
Ingressos em Eleven Tickets 
Local: Teatro da Casa de Cultura Laura Alvim (Av. Vieira Souto, 176 – Ipanema)
Classificação Indicativa: 12 anos

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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