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Geraldo Marcolini expõe sua arte na Galeria Cassia Bomeny

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A Galeria Cassia Bomeny recebe exposição com pinturas do artista plástico carioca Geraldo Marcolini. Curada por Christiane Laclau, a individual “Paisagem sem dono” reúne telas de duas séries que, apesar de distintas na técnica e no resultado estético, abordam a temática da paisagem marcada pela ausência do sujeito.

“Não há figuras, ações, roupas ou objetos que indiquem tempo e lugar”, observa a curadora. Na concepção de Christiane Laclau, “a pintura de paisagens seria uma das expressões mais subjetivas e reveladoras do olhar de um artista”.

O título da mostra remete a uma questão política relacionada à paisagem contemporânea. “Se pensarmos no termo em inglês, landscape é um pedaço de terra, um lugar físico. E, hoje, todos os metros quadrados da Terra são propriedade privada ou pública. Por outro lado, a paisagem será sempre sem dono porque é caracterizada pela visão subjetiva de cada indivíduo – e também do artista”, reflete Marcolini.

Geraldo MarcoliniA tela em branco é o terreno onde ele cria paisagens esvaziadas de narrativas a partir de fotografias e vídeos. “Algumas imagens são minhas, outras são anônimas mas dizem respeito à minha história. Eu busco a ligação da minha memória com a memória que pertence a uma coletividade”, complementa. “Não trago uma narrativa para o espectador porque quero dar relevância à pintura e aos elementos que a constituem. A paisagem per se é uma maneira de enfatizar a pintura, que é o meio por excelência para o artista exercer sua subjetividade”.

A luz é outro elemento recorrente na obra de Geraldo: “É a motivação principal e essa busca pelo seu registro é um elemento que atravessa meu trabalho como um todo”, diz o artista. Além da luz, a perspectiva de Marcolini se reflete no enquadramento e na cor.

Em Paisagem sem dono, Christiane propõe o encontro de duas séries trabalhadas pelo artista: “Estimulei o Geraldo a retomar a série Transmission, que ele produziu ao longo de mais de uma década com seu cromatismo austero e linhas verticais que dão às imagens um aspecto reticulado, de baixa resolução. Apresentamos esta série ao lado de seus trabalhos recentes, com a entrada de cores e pinceladas mais expressivas, menos contidas. Esse contraste me pareceu muito interessante”.

Em Transmission, o artista desenvolveu uma técnica que define como um terreno movediço entre importantes referências do seu trabalho: a fotografia, a gravura e a pintura. As telas em grande escala são produzidas sem pincéis, usando materiais não tradicionais, como retalhos de plástico bolha e borracha EVA entintados com o rolo. O resultado é uma espécie de fotocópia ampliada, uma imagem granulada e estriada que contrasta com a tendência contemporânea de alta resolução e nitidez.

A Galeria Cassia Bomeny recebe três dessas pinturas impressas, que oferecem uma perspectiva diferente do trabalho de Marcolini se comparada à sua série mais recente, apresentada em dez obras na mostra.

Na produção atual, o artista se distancia do controle da técnica e volta aos meios tradicionais da pintura para explorar paisagens envolvendo vegetações e o efeito da luz na água. Na representação de piscinas e lagos, ele flerta com a abstração ao eleger enquadramentos fechados e explorar a transmutação da imagem refletida, desafiando a definição visual.

“Mesmo estando no terreno da figuração, onde mantenho a matriz fotográfica da imagem estática ou em movimento, considero que há uma busca pela abstração. É nos reflexos que aparece essa vontade de perder ligeiramente a imagem definida”, pontua o artista.

Paisagem sem dono convoca o público a entrar em uma espécie de fenda temporal através das telas de Marcolini, num mergulho através do olhar. “Se Transmission evoca um tempo indeterminado, na série recente a textura cria um tempo em operação naquele instante. Em ambas, é como se nada acontecesse, mas um nada que difere da ideia de vazio”, analisa Laclau.

Sobre o artista

Geraldo Marcolini vive e trabalha no Rio de Janeiro. Estudou Arquitetura na Universidade Federal do Rio de Janeiro e Pintura e Design Gráfico na School of Visual Arts de Nova York. Marcolini já trabalhou em diversas mídias como pintura, desenho, gravura, vídeo, instalações e arte urbana. Começou a expor seu trabalho em 1999 e desde então tem participado de mostras individuais e coletivas no Brasil e no exterior. Participou de exposições como Panorama da Arte Brasileira no Museu de Arte Moderna, São Paulo (2001), Caminhos do Contemporâneo no Paço Imperial, Rio de Janeiro (2002), Chega de chupar essa xepa no Neue Dokument, Berlim (2004), Abre-Alas na Galeria A Gentil Carioca, Rio de Janeiro (2005), Nano Stockholm no Studio 44, Estocolmo (2009), Investigações Pictóricas no Museu de Arte Contemporânea de Niterói (2009), Oba Oba na Galeria Bang Bang, Lisboa (2015), Ter lugar pra ser no Centro Cultural São Paulo (2016), Fim de semana em Cabo Frio, Paço Imperial (individual) (2018), Casa Carioca no Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro (2020), Brasilitudes no Espace L, Genebra (2022), entre outras.

SERVIÇO:
Paisagem sem dono | Geraldo Marcolini
Abertura: 31 de outubro até 16 de dezembro de 2023
Visitação:
Segunda a sexta, das 10h às 19h
Sábados, das 11h às 14h
Local: Galeria Cassia Bomeny
End: Rua Garcia d’Avila, 196 – Ipanema

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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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