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2ª edição da Semana de Arte Favelada celebra a arte e a cultura das favelas

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Visando o protagonismo da cena cultural favelada, a Semana de Arte Favelada (SAF) é uma manifestação artístico-cultural que busca destacar a arte, a cultura e a criatividade que surgem das favelas e periferias. Estruturada em torno de três eixos artísticos principais – literário, artes cênicas e visuais – a SAF proporciona um espaço para que artistas locais possam exibir seus talentos. Entre as inúmeras atrações, a segunda edição do evento contará com a exibição especial do filme “Nosso Sonho: A História de Claudinho e Buchecha”. O evento é gratuito e terá início nesta sexta (8), às 18h, e a programação seguirá até domingo (10), na Vila Olímpica Mané Garrincha, no bairro do Caju.

Wellington de Oliveira, idealizador da SAF e cria do Caju, compartilha sua jornada pessoal e a visão que impulsiona o evento, que agora ganha a edição cajuense. “Na adolescência, eu tive vergonha de mencionar que era do Caju, um bairro que muitas vezes as pessoas remetem ao cemitério, mas depois percebi a importância de revelar a potência e a riqueza cultural deste território. Agora, quero trazer não apenas o reconhecimento da arte e da cultura do Caju, mas também um sentimento de orgulho por esse lugar, podendo falar com a boca cheia de onde venho, do Caju”, orgulha-se.

A SAF é um movimento de empoderamento e inclusão, oferecendo uma plataforma para os artistas das favelas que foram selecionados compartilharem suas histórias, perspectivas e talentos, promovendo a autoestima nas comunidades. “Existe a necessidade de ressignificar não apenas o local de onde viemos ou fomos criados, mas também de possibilitar que artistas sejam verdadeiramente reconhecidos como tais”, ressalta Wellington.

Na primeira edição da Semana de Arte Favelada, realizada no ano passado, 200 artistas originários de comunidades e periferias participaram da iniciativa, que teve o seu lançamento no palco do Theatro Municipal do Rio com atividades no Centro de Artes da Maré. Além disso, a comunidade da Maré se beneficiou com mais de um mês de programação artística gratuita, realizada no Centro de Artes da Maré.

A programação da SAF deste ano começa com filmes que capturam a essência da vida nas favelas, com a exibição dos curtas-metragens “Caju no Mapa” e “Projeto Oxigênio é tóxico”, seguido pelo filme “Nosso Sonho: A História de Claudinho e Buchecha”, que foi sucesso de bilheteria e aclamado pela crítica. Dentre as atrações também está uma exposição de 30 obras visuais criadas por artistas favelados ou crias de favelas. Além disso, um festival multilinguagem que trará 12 atrações culturais, abrangendo dança, música e teatro. Em meio a estas expressões artísticas, um sarau literário, incluindo tarde de autógrafos, proporcionará o lançamento de um e-book com 25 textos de autores selecionados.

Um tour histórico pelo Caju será promovido pela SAF, em parceria com o Coletivo Caju Cultural, uma iniciativa importante para alterar a percepção comum do bairro, frequentemente associado apenas ao seu cemitério, destacando a riqueza histórica e cultural do local para além dos estereótipos. Dentre as atividades culturais também está a oficina de pipa, uma tradição característica das favelas. Entre as potências que estarão presentes no evento, destacam-se as irmãs gêmeas Helena e Eduarda Ferreira, conhecidas como as Pretinhas Leitoras. Com um canal no YouTube dedicado a discutir literatura de maneira lúdica e envolvente, elas serão as mediadoras do Sarau Literário.

Este evento promove a expressão artística e cultural das faveladas e periferias, que muitas vezes são marginalizadas e sub-representadas na sociedade. Portanto, essa valorização da arte no próprio território é vital para a inclusão social e o empoderamento cultural. “Muitos artistas são reconhecidos fora de seus próprios territórios, mas não dentro deles. Portanto, é essencial promover esse reconhecimento e projeção no território local, criando referências importantes. Artistas locais se tornam modelos, mostrando que também é possível viver da arte”, salienta Wellington.

Frequentemente, há o investimento em políticas públicas focadas em perspectivas técnicas ou cursos operacionais, mas esse enfoque acaba negligenciando a importância de mostrar novas possibilidades, especialmente no âmbito artístico e cultural. “O projeto que eu defendo busca ir além, evidenciando que a arte não é apenas um direito constitucional, é um direito para todes, incluindo os moradores de favelas e periferias, abrindo novos horizontes além das tradicionais perspectivas operacionais e técnicas que são direcionadas a nós”, ressalta.

A SAF não apenas exalta a arte favelada, mas também dá voz e palco aos artistas locais, pavimentando o caminho para uma nova era de reconhecimento artístico e cultural, onde a diversidade e a autenticidade das comunidades são celebradas. “A SAF é um lugar de encontro e de troca, é um momento em que a gente se fortalece, podendo reescrever as histórias que são contadas sobre nós”, conclui.

SERVIÇO:
Data: 8 a 10 dezembro
Local: Vila Olímpica Mane Garrincha
Endereço: R. Carlos Seixas, s/n – Caju
Ingresso: Gratuito
Classificação indicativa: Livre

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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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