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Argylle, O Superespião traz inspirações ligadas à A Cidade Perdida

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Matthew Vaughn já foi considerado uma revelação do cinema britânico, na época do lançamento de Nem Tudo é o que Parece, há 20 anos. Após isso, dirigiu o inspirado Kick-Ass, ficando em muitas listas de melhores do seu ano. De repente, ele tirou da cartola uma franquia (Kingsman) e passou a dedicar os últimos dez anos a ela, que aliás, irá continuar em breve, como assegura o IMDB. Seu novo filme, Argylle, O Superespião que estreia no mundo todo essa semana, vem sendo acusado de entregar o mais do mesmo dos seus últimos filmes. Pode até ser, mas particularmente acho que o cineasta vai um pouco além nessa coloridíssima sátira à super eficiência de agentes secretos – ok, essa é a mesma premissa de Kingsman.

O que os diferencia? Na teoria, bem pouco. Entendo a má vontade do espectador com mais um filme que parece uma derivação de algo que parece já ter cumprido todos os objetivos, mas além de gostar da franquia que ele criou, tenho pra mim que existe uma maior liberdade aqui para a fantasia e para a representatividade. Estamos, afinal, de frente para uma comédia de ação protagonizada por uma mulher, ainda que a moça seja desastrada e nerd. Argylle, O Superespião parece cumprir uma tabela de situações para provar seu valor. O “problema” é que esses valores são mostrados com louvor, isso é, se você estiver conferindo exatamente o filme que esse pretende ser.

É como se Vaughn tivesse assistido e gostado muito daquele A Cidade Perdida, com Sandra Bullock e Channing Tatum, e decidisse fazer sua versão, ainda mais anabolizada. Aqui também temos uma escritora de sucesso que criou um agente especial fictício de sucesso que já vai para o seu quinto volume. Rapidamente ela percebe que seu romances chamaram atenção de espiões de verdade, pelo tanto de veracidade que ela empregou neles, o que fará dela um alvo pelo mundo. É uma premissa já utilizada antes, mas que aqui funciona pelo elenco, e pela vontade de Vaughn em brincar com os tempos, os campos de realidade e com as ideias de percepção.

A edição de Tom Harrison-Read e de Lee Smith (um craque, por trás de A Origem, 1917 e vencedor do Oscar por Dunkirk) é simplesmente deliciosa e define os rumos da produção. Elly participa das cenas de ação sempre observando a diferença entre o Bond de seus livros e o homem real, um abismo que separava o desconcertante Henry Cavill do ‘vizinho’ Sam Rockwell. Essas cenas são costuradas pelos atores em ação conjunta, em um jogo que é de difícil realização e igualmente divertido de assistir. Isso tudo torna ágil nosso olhar para a obra, e acaba abrindo os caminhos para o que de fato Argylle, O Superespião quer comentar, que são as aparências, e a forma como observamos nossa vida e o mundo ao nosso redor.

Por trás do que é sua essência, uma bobagem coloridíssima e bastante eficiente, Argylle, O Superespião esconde um outro propósito nos subtextos. Na superfície, está um blockbuster cheio de CGI que aparenta ser propositadamente vagabundo, porque trata-se de uma fantasia, um filme de imaginação. Tudo isso é uma embalagem simpática demais para negarmos que funciona verdadeiramente. Pode não ser original, mas é muito sedutor por todos os seus elementos unidos: elenco, montagem, visual. Quando vasculhamos o que o filme nos fornece, percebemos as camadas familiares que se escondem na relação entre os personagens, que são constantemente traduzidos de maneira negativa, mostrando a toxicidade entre os laços familiares.

Além disso, Bryce Dallas Howard mostra como pode ser divertido passar por tantas reviravoltas, Argylle, O Superespião abusa dos ‘plot twists’, e esse exagero é um dos elementos que mostram como sua atmosfera é tão irresistìvel. O filme não cansa de mostrar-se como um balão de gás infantil – multicolor, levíssimo e vazio de qualquer substância. Não deveria ser um problema, e pra mim de fato não o é. Tendo tanta coisa para apresentar a cada nova curva e com uma duração muito agigantada, nosso tempo aqui é da mais pura diversão. Não saiam antes do fim porque tem cena pós créditos, que deve abrir um sorriso em alguns e bocejo em outros.

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