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Blitz toca “em casa” alternando hits, novidades e pérolas, na abertura do verão no Circo Voador

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O Circo Voador abriu as atividades do projeto Verão no Circo com a banda que pode ser chamada de prata da casa. Foi sob a lona ainda armada na praia do Arpoador, no mítico verão de 1982 que a Blitz despontou para um sucesso que tomou os quatro cantos do país dando início ao estouro do Rock Brasil, carinhosamente chamado de BRock. Na noite de sexta-feira (5), Evandro Mesquita e sua trupe desfiaram o novelo de hits, sem esquecer composições mais recentes e algumas pérolas menos conhecidas.

A música que abriu a apresentação, ‘Vai Vai Love’. Logo na sequência, um dos grandes sucessos radiofônicos, ‘Weekend’. ‘Baile Quente’, do disco “Aventuras II”, e ‘Agora é a Hora’, do mais recente álbum “Supernova”, foram as duas parcerias com Roberto Frejat que surgiram no setlist. Aliás, a última foi composta durante a pandemia.

Músicas mais recentes, certamente, precisam ser mostradas pois é o momento em que a banda se diverte, mostrando as novas composições. Esse é o combustível para o músico continuar em atividade. Mas o público, sobretudo o mais amplo, vai aos shows de bandas veteranas pelos hits. E para não deixar os fãs passando vontade, entrou outro clássico absoluto da Blitz, ‘Betty Frígida’.

‘Eu, Minha Gata e Meu Cachorro’ é outra faixa da “era moderna”, por assim dizer, mas que parece saída da primeira fase da banda. Depois dela, Vinícius Cantuária subiu ao palco com uma guitarra e atacou um trecho de ‘Lua e Estrela’, de 1981 (seu primeiro grande sucesso como compositor com a interpretação de Caetano Veloso), antes de iniciarem ‘Dali de Salvador’.

Seguindo no clima praiano, Evandro se lembrou das rodas em torno da fogueira em Saquarema nos anos 70, dando a deixa para a faixa que leva o nome do município fluminense

Ainda no esquema de um hit e uma menos conhecida, ‘Mais Uma de Amor (Geme Geme)’ abriu espaço para ‘Beijo da Mulher Aranha’, que, aliás, eles não tocavam desde os anos 80. Houve espaço também para homenagear grandes vozes femininas que se foram recentemente. Evandro enumerou Elza Soares, Gal Costa, Tina Turner (com quem ele gravou um comercial da Pepsi) e a Rainha do Rock Rita Lee, enquanto a banda já esquentava os acordes de ‘Mania de Você’, cantada pelas vocalistas.

‘A Dois Passos do Paraíso’, contou com luzes dos celulares acesos surtindo o efeito de constelação no trecho em que Evandro, usando um chapéu, encarna um radialista que lê a carta da “Mariposa apaixonada de Guadalupe” acompanhado pelo coro “Bye bye, baby bye bye” das meninas.

“Música boa não tem prazo de validade”, disse o líder da Blitz deixando qualquer falsa modéstia de, antes de anunciar uma música “nova”, ‘Lado Escuro da Rua’. A ironia de Evandro se dá pelo fato de a faixa já ter mais de 25 anos, do álbum “Línguas”, de 1997.

A clássica faixa proibida do primeiro disco da Blitz, ‘Cruel Cruel Esquizofrenético Blues’, teve lugar no setlist. Por conta da temática e de um palavrão, os militares (ainda no poder) riscaram a faixa, última do LP, e Evandro comentou que se orgulha do episódio, por fazer companhia a Chico Buarque na mira dos censores.

Cover de ‘Aluga-se’, de Raul Seixas, e ‘O Homem de Avental’ (que Evandro brincou dizendo que fez quando foi na Ana Maria Braga dar uma receita) antecederam um baile oitentista com homenagens aos colegas contemporâneos Barão Vermelho (‘Bete Balanço’), que também deram seus primeiros passos no Circo, Paralamas do Sucesso (‘Óculos’) e Titãs (‘Sonífera Ilha’).

‘Biquíni de Bolinha Amarelinha’, um dos melhores exemplos de boa apropriação da música pop no Brasil (a versão em português do sucesso americano ficou famosa na voz de Celly Campello nos anos 60), como de costume, trouxe o lado mais teatral da Blitz, com as backing vocals com seios falsos gigantescos cobertos pelo biquíni do título, guarda-sol e óculos escuros. ‘Você Não Soube Me Amar’ foi mais um hit popular da banda e da década de 80, e parecia ser a última música, mas ainda havia espaço para um bis. ‘Babilônia Maravilhosa’, da carreira solo de Evandro (e parte trilha da novela Top Model, de 1989, em que ele atuava), entrou de penetra no meio do setlist. Com ‘Egotrip’ a festa foi encerrada, com direito ao pessoal da equipe formando uma verdadeira bateria de escola de samba junto com o vocalista e uma vendedora dos produtos licenciados de porta-bandeira.

A turnê da Blitz tem o sugestivo nome de “Turnê Sem Fim”, seguindo os passos de Bob Dylan com sua “Never Ending Tour” iniciada em 1988. Com isso, a trupe fica livre de batizar as excursões e também de apresentar material inédito para justificá-las. A banda segue com a formação consolidada há dez anos com Evandro, Billy Forghieri (teclados) e Juba (bateria) da formação original; e Rogério Meanda, na guitarra desde 2005. Já nos vocais femininos, tradição e marca registrada do conjunto, estão a “patroa” Andréa Coutinho, na função desde 2003, e Nicole Cyrne (que integra a banda desde 2014). No baixo houve substituição. Alana Alberg ocupa agora o lugar de Cláudia Niemeyer que participou da primeira formação em 1981, e retornou em 2005, permanecendo até 2022. E na percussão o reforço luxuoso de Mafram Maracanã.

Tocando em “sua casa” (no Rio de Janeiro sob a lona localizada na Lapa), a banda estava nitidamente à vontade e em comunhão com a plateia. E o eterno garotão carioca (do alto dos seus 71 anos) se mantém como um dos frontmen mais despojados do rock nacional.

O título indicando algo a perder de vista também sinaliza que a banda deve continuar brindando fãs de várias gerações, como se viu na noite de sexta-feira no Circo, com sua irreverência, hits imbatíveis, dando-nos o aroma da brisa daquele verão carioca de 1982 e daqueles idos de anos 80, quando o rock brasileiro dominava a paradas de sucesso e as coisas pareciam mais simples olhando em retrospecto.

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