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74º Festival de Berlim: Confira os vencedores

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Ganhadora do Oscar de Melhor Coadjuvante de 2014 por “12 Anos de Escravidão”, Lupita Nyong’o esbanjou sagacidade no placar final do 74º Festival de Berlim, que teve um dos resultados mais ousados (e inclusivos) dos últimos 25 anos, festejando a força da África, e suas variadas estéticas, com a consagração de “Dahomey”. Mati Diop, sua realizadora, é uma atriz franco-senegalesa há muito respeitada também como cineasta, com direito a ter um Grande Prêmio de Cannes em sua estante, confiado a ela em 2019, por “Atlantique” (na Netflix). Ela saiu-se vitoriosa na Alemanha agora por um documentário decolonial de 68 minutos. É um estudo sobre relíquias do Benin que foram surrupiadas por colonizadores e estão de regresso a seu país de origem. Ela foi receber seu troféu momentos após o cinema brasileiro celebrar o Prêmio de Melhor Direção da mostra paralela Encontros dado à paulista Juliana Rojas por “Cidade; Campo”. Tanto ela como Diop ganharam por trabalhos de excelência narrativa aliados a pautas identitárias ligadas ao combate à opressão, seja o sexismo, seja o racismo.

“Eu levei o músico Wally Badarou para a trilha sonora de ‘Dahomey’ porque eu queria ter artistas que carregassem as potências africanas em si e em seus trabalhos”, disse Mati ao Rota Cult, quando seu .doc foi projetado para o júri.

Lupita guiou os rumos da premiação em trocas de opiniões com um time formado pela diretora Ann Hui (Hong Kong/ China), o ator e realizador Brady Corbet (EUA), o cineasta Albert Serra (Espanha), a atriz e realizadora Jasmine Trinca (Itália) e a poeta Oksana Zabuzhko (Ucrânia). Não esqueceu a América Latina, ao consagrar (com o Urso de Prata) a direção de Nelson Carlos de Los Santos Arias pelo experimento colombiano “Pepe”, cujo personagem é um hipopótamo. Foi refrescante a coragem de Lupita & Cia. ao agraciar o astro hollywoodiano Sebastian Stan (o Soldado Invernal da Marvel) com o Prêmio de Melhor Interpretação pela dramédia “A Different Man”. É um enredo sobre um ator que reinventa a vida ao passar por uma transformação plástica radical em seu rosto. Também foi surpresa (das boas) a láurea de Melhor Coadjuvante para Emily Watson, assombrosa ao viver uma freira tirânica em “Small Things Like These”.

Essas boas escolhas vieram logo após a festança brasileira por “Cidade; Campo”, definido em telas europeias como “triagem de perseveranças femininas pilotada. O modo sereno como Juliana aborda angústias é amplificado graças a uma atuação inspirada de Bruna Lynzmeyer, Mirella Façanha e Fernanda Vianna. É uma trama bifurcada: de um lado, uma mulher migra para São Paulo; do outro, um casal se muda para uma área rural.

Representado em várias seções do evento, o Brasil ganhou a menção especial da Mostra Generation para um curta-metragem vindo das Gerais: “Lapso”, de Caroline Cavalcanti. Em sua trama, adolescentes egressos da periferia de Belo Horizonte (MG), acusados de vandalismo, cumprem medidas socioeducativas a partir das quais passam a compartilhar afetos e incerteza diante da dureza dos dias, da repressão e do esquecimento do sistema. O evento coroou com o Prêmio da Crítica uma trama multinacional que se passa em terras brasileiras e tem Kleber Mendonça Filho e Emilie Lesclaux (de “O Som ao Redor”) como coprodutores: “Dormir De Olhos Abertos”, de Nele Wohlatz, exibida na seleção Encounters.

Concedido por um júri paralelo ao de Lupita, o prêmio de Melhor Longa documental de Berlim foi dado (em unanimidade) ao retrato da erradicação gradual de multidões na Palestina: “No Other Land”, de Basel Adra, Hamdan Ballal, Yuval Abraham e Rachel Szor. O filme acompanha ataques diários àquela nação, acirrando um combate histórico.

Um dos troféus de maior simbolismo político da Berlinale, o Teddy – uma láurea queer contrária à homofobia e à transfobia – foi confiada, desta vez, ao drama de Hong Kong “All Shall Be Well”, de Ray Yeung. Na trama uma mulher precisa repensar sua habitação depois da morte de sua companheira.

Encerrada a agitação berlinense, o cinema volta suas atenções para o Festival de Cannes, que abre suas alas no dia 15 de maio, na França, possivelmente com “Furiosa”, de George Miller.

PREMIAÇÃO DA BERLINALE 2024

URSO DE OURO: “Dahomey”, de Mati Diop
GRANDE PRÊMIO DO JÚRI: “A Traveler’s Needs”, de Hong Sangsoo
PRÊMIO DO JÚRI: “L’Empire”, de Bruno Dumont
MELHOR DOCUMENTÁRIO: “No Other Land”, de Basel Adra, Hamdan Ballal, Yuval Abraham e Rachel Szor (Palestina), com menção especial para “Direct Action”, de Guillaume Cailleau, e Ben Russell
PRÊMIO ENCOUNTERS: “Direct Action”, de Guillaume Cailleau e Ben Russell
PRÊMIO ENCOUNTERS DE MELHOR DIREÇÃO: Juliana Rojas (“Cidade; Campo”)
CURTA-METRAGEM: “Un Movimiento Extraño”, de Francisco Lezama
PRÊMIO ESPECIAL DE CURTA: “Remains of a Hot Day”, de Wenqian Zhang
DIREÇÃO: Nelson Carlos De Los Santos Arias (“Pepe”)
MELHOR INTERPRETAÇÃO EM PAPEL PRINCIPAL: Sebastian Stan (“A Different Man”)
MELHOR INTERPRETAÇÃO EM PAPEL COADJUVANTE: Emily Watson (“Small Things Like These”)
ROTEIRO: Matthias Glasner (por “Dying”)
CONTRIBUIÇÃO ARTÍSTICA: Martin Gschlacht, pela fotografia de “The Devil’s Bath”
MELHOR FILME DE ESTREIA: “Cu Li Never Cries”, de Pham Ngoc Lan
PRÊMIO DA ANISTIA INTERNACIONAL: “The Stranger’s Case”, de Brandt Andersen
PRÊMIO DA CRÍTICA: “My Favourite Cake”
TEDDY: “All Shall be Well”, de Ray Yeung
PRÊMIO DO JÚRI ECUMÊNICO: “My Favourite Cake”
JÚRI POPULAR: “Memorias De Un Cuerpo Que Arde”, de Antonella Sudasassi Furniss (Costa Rica) e “No Other Land”

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