A Viagem de Ernest e Celestine é um respiro lúdico

Poucos sabem, mas a Europa é um dos grandes polos do cinema de animação. Aliás, a França é a pátria de um grande número de produções animadas, algumas baseadas em quadrinhos clássicos como Asterix e Obelix. A Viagem de Ernest e Celestine é um longa de animação francesa, sequência direta de Ernest e Celestine ,de 2012, onde os dois personagens se conhecem e criam essa forte amizade. Neste novo longa, a ratinha Celestine acaba danificando o valioso violino “Stradivarurso” do urso Ernest, o único jeito para consertar o instrumento é retornar a cidade natal de Ernest. A cidade é conhecida por ter os melhores músicos do mundo, mas quando a dupla chega lá descobre que a música foi proibida por lei.

Dirigido por Julien Chheng e Jean-Christophe Roger, o filme chama a atenção principalmente pela qualidade da animação e sua essência infantil. A trama é extremamente simples e de fácil identificação, as figuras antagônicas são usadas de alívio cômico e suas motivações são claras e bem usadas dentro da trama. Para uma criança é uma história cheia de encanto e diversão, para um adulto a qualidade técnica é o que mais chama atenção.

O traço usado no filme lembra histórias infantis, onde não existem traços em ângulos retos, tudo é bem redondo justamente para trazer essa noção de uma ambientação suave. A colorização opta por um estilo que relembra aquarela, com cores também muito suaves. Além disso, a animação traz detalhes em várias camadas. Toda vez que a câmera faz um plano aberto é possível ver vários detalhes de cenário, seja mobília ou até personagens figurantes se movendo livremente. Normalmente, animações que “atuam” como figurantes de fundo tem um movimento repetitivo, para poupar custos, não é o caso aqui. Primeiro, segundo e terceiro plano, todos eles tem elementos de cena que se movem livremente. O que apenas aumenta a profundidade e o estado imersivo que o filme cria.

Outro elemento técnico que vale destaque é a captação de som. Justamente pela história se passar em uma cidade de músicos, o som precisava ser o de maior qualidade possível. E de fato, sim, é possível se ouvir os passos dos personagens claramente ou cada som de diferentes instrumentos. O elenco parece muito à vontade dentro dos personagens, inclusive uma especial surpresa foi descobrir que a voz de Ernest, o urso, é feita por Lambert Wilson, que ficou marcado como Merovíngio em Matrix Reloaded.

Ainda que seja um filme infantil, A Viagem de Ernest e Celestine consegue divertir diversas idades com uma produção cheia de esmero e simplicidade. É um filme perfeito para famílias com filhos pequenos, e até para cinéfilos que apreciam uma animação bem feita.