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Letícia Colin e Michel Melamed estrelam primeiro espetáculo juntos no Teatro Adolpho Bloch

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Misto de tour de force e divertimento, no qual um casal de atores interpreta não só um outro casal, mas também uma dezena de personagens, “Um Filme Argentino” marca o aguardado primeiro trabalho de Letícia Colin e Michel Melamed no palco. Espécie de “A Vida Como Ela É…” com aquela máxima de Shakespeare — “o mundo é um palco” —, o espetáculo traz a dupla de atores na pele de Cláudia e Cláudio e de outros arquétipos que permeiam os diversos momentos de um casamento.

Letícia Colin e Michel Melamed
Foto: Rael Barja

“A gente completa 8 anos em março e, desde sempre, houve a vontade de nós fazermos algo juntos. Porque temos uma admiração mútua, muitas trocas e experiências em comum. A gente, um dia, saiu da portaria de um prédio, e aí veio a ideia do espetáculo, que, na verdade, era um filme inicialmente”, diz Letícia Colin.

A trama de “Um Filme Argentino” começa após uma briga do casal. Letícia Colin e Michel Melamed são Cláudia e Cláudio, em que ela acaba dormindo na portaria do edifício onde vivem e, por ali, cria raízes. “O título vem de vários lugares. Primeiro, eu gosto muito de como soa, poeticamente me agrada. E tem aquela história também da cisão que há no cinema brasileiro: temos filmes superpopulares que são sucesso de bilheteria e os de arte que concorrem a prêmios. O cinema argentino consegue reunir os dois. Queremos tornar isso possível aqui, quebrar o fosso entre arte e entretenimento”, conta Michel Melamed, que também assina texto e direção da montagem.

Aliás, humor de Letícia Colin e Michel Melamed enquanto casal emerge no texto do espetáculo e conduz a dupla por situações inusitadas e hilárias. “A gente gosta de coisas visuais que não se explicam, inventa personagens, cria vozes e também mergulha no trágico. Rimos muito das situações difíceis: nossos perrengues familiares, os ruídos de comunicação. A ideia é tirar graça da DR. Às vezes, caímos nas ciladas dos clichês e da rotina, que é boa, mas também castradora”, filosofa a atriz, que, além de fazer rir e emocionar, vai também cantar. “É muito física a peça e eu vou dançar e interpretar a versão de uma música”, entrega. “Queremos estabelecer uma relação de cumplicidade com o público. Já na primeira cena, a plateia vai vivenciar aquele momento em que a gente faz rir, respira, recebe a risada, retoma. Vai ser como compor uma música em conjunto”, completa Michel.

A variedade de personagens que todo mundo veste dentro de um casamento é outro ponto fundamental na dramaturgia de “Um Filme Argentino”. “Eles representam uma perspectiva da relação. Em um relacionamento longevo, a gente sempre enfrenta a questão de como se reinventar. Surgem desgastes naturais, você identifica coisas que admira no outro e também aspectos que não gosta, há conflito, transformações das individualidades. E com a passagem do tempo, as coisas se invertem, as pessoas mudam. O casamento precisa mudar, abraçar os novos personagens que as pessoas se tornaram”, explica Michel, que também se alterna com Letícia entre papéis masculinos e femininos.

O processo, naturalmente, já vem enriquecendo a relação do próprio casal, dentro e fora de cena. “Você não pode deixar a relação quadrada. A bola precisa rolar. É engraçado, trabalhando na mesma área, a gente sempre meteu a colher um no trabalho do outro, mas com generosidade. Agora estamos ainda mais próximos. É um desafio porque somos diferentes, temos nossos próprios métodos, e agora estamos tentando ver como esses universos vão criar uma terceira coisa. Como é que equaliza isso?”, diverte-se Michel.

Ser dirigida pelo marido está aflorando novas perspectivas para Letícia. “É um desafio para mim compreender a mente desse autor e diretor. É uma direção como eu nunca tive. Ele me exige precisão. A gente cai no desconhecido. Estou descobrindo ferramentas novas dessa atriz que eu sou”, celebra a atriz, que também é uma das produtoras do espetáculo ao lado de Michel e Bianca de Felippes.

Serviço
De 29 de fevereiro a 21 de abril.
Sex e sáb, às 20h. Dom, às 18h.
Local: Teatro Adolpho Bloch (Rua do Russel 804, Glória.)
Ingressos pela Sympla
Classificação: 12 anos
Duração: 80 minutos

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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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