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Dois é Demais em Orlando: Rodrigo Van Der Put conquista o publico com comédia familiar

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Rodrigo Van Der Put faz parte de um novo fenômeno do cinema nacional. O que têm em comum ele, Anna Muylaert, Maurício Eça, Bruno Barreto, Hsu Chien, Cris D’Amato, Pedro Antônio e provavelmente mais alguns? Todos esses cineastas têm mais de um título pronto para lançar esse ano (alguns, até três), e todos eles querem o público em larga escala ao lado deles, dirigiram filmes que dialogam com o caráter popular da nossa cinematografia. Van Der Out, que mês que vem lança Vidente por Acidente, essa semana estreia Dois é Demais em Orlando, que tem um diferencial dentro desse grupo: trata-se de uma comédia infanto-juvenil sem base testada por trás. E se alguém acha o consumidor de cinema brasileiro difícil, é porque nunca tentou agradar esse mesmo público aos 10/15 anos.

Dois é Demais em Orlando

Ao sair da sessão, no entanto, o resultado não poderia ser mais animador. Dois é Demais em Orlando funciona na maior parte do que propõe, e seus acertos saem de um lugar da crítica mais tradicional, aquele típico cara sisudo que só enxerga apelo no filme sério. Aliás, esse não é mesmo um filme produzido para quem está aguardando a próxima Palma de Ouro, ou que tenha passado os últimos meses pensando nos melhores filmes dos anos 70, precisamos, certamente, liberar a cobrança para adentrar o filme. De maneira muito singela, essa é a história de uma amizade bastante improvável entre uma criança mimada de 35 anos e de um vovozinho rabugento de 11 anos. Assim que essa identificação é assimilada (com a ajuda dos protagonistas), estamos prontos para entender o clima geral.

João e Alberto são complementares. Duas almas solitárias em seus extremos, que cultivam a solidão com algum talento, e preferem estar sozinhos em suas funções a encarar o mundo de frente. Em Dois é Demais em Orlando, essas duas figuras serão obrigadas a conviver e não apenas conhecer os defeitos um do outro, como perceber que são mais parecidos entre si do que gostariam de admitir. Não é uma tarefa fácil a de conviver com ambos, e o espelho que eles veem ao se encarar, basta para afetar sua auto estima. Afinal, eles não querem estar consigo mesmos! Como estamos diante de uma produção destinada a toda família, tais indagações ficam nas entrelinhas, prontas para serem analisadas, mas o filme apenas sabe delas e as aponta, sem chafurdar nas questões.

O roteiro assinado por Daniela Ocampo e Luiza Yabrudi tenta ser funcional para o que são as reais intenções da produção: deixar o terreno solto para seu elenco, ou mais precisamente para o que seriam os três atores como solos de Dois é Demais em Orlando. Isso não significa que não haja capricho nos relevos, na verdade é somente por isso que nos importamos com cada uma das pessoas em cena, porque o filme se preocupa com o que cada um tem a dizer, mesmo quando é pouco. Polly Marinho e Estevam Nabote, por exemplo, mereciam participações mais efetivas, assim como Cézar Maracujá, que só bate na trave e dessa vez não tem muito mesmo o que fazer (embora tente arduamente). Se todos esses tipos são percebidos, é sinal que o trabalho de Ocampo e Yabrudi foi além da funcionalidade pretendida.

A linha de frente física é solucionada por Van Der Put (um veterano de especiais de Natal do Porta dos Fundos) na companhia de seus craques: Eduardo Sterblitch, Daniel Furlan e Pedro Burgarelli. Enquanto os dois primeiros são gênios que ultrapassam o que poderia ser vendido como estereótipo de humor, o pequeno jovem astro atenta por uma parte do coração do filme. Porque, como bons dois lados da mesma moeda que são, João e Alberto são igualmente elétricos, chatos de galocha, e adoráveis. Acrescidos ao impagável dr. Anderson Cabelo de Furlan, a química não tem preço. É o trio quem leva Dois é Demais em Orlando até o máximo possível em fisicalidade, e que também nos conquista porque estamos falando de grandes atores que aproveitam cada micro espaço cênico que lhes é confiado.

O que não pode deixar de ser dito é que sim, Dois é Demais em Orlando tem todas essas qualidades, mas também é um muitíssimo pouco disfarçado institucional para as próximas férias da família brasileira, ao menos aquela que pode arcar com as contas que advém de tal passeio. Mas não há qualquer sentimento de culpa nisso, porque se toda propaganda explícita tivesse o cuidado que esse filme tem com seus personagens, e atores tão dedicados ao que está acontecendo, o mundo seria um lugar melhor. Enquanto isso não é normatizado, fica a torcida para que um filme tão afetuoso e divertido alcance o que as grandes bilheterias nacionais desse ano alcançaram; qualidades não faltam para tal.

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