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Série Mundo da Orquestra Sinfônica Brasileira homenageia a Itália

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Seria uma tarefa árdua – senão impossível – pensar na tradição musical do Ocidente sem considerar o papel fundamental que a Itália desempenhou e desempenha ao longo dos séculos. Berço da ópera, do bel canto e de inúmeros compositores e intérpretes destacados, o país é o grande homenageado neste concerto da Série Mundo da Orquestra Sinfônica Brasileira.

O espetáculo traz obras de Busoni, Boito, Puccini e Respighi sob regência do maestro Ira Levin, além da participação da soprano Eliane Coelho.

Reconhecido como um dos maiores pianistas de sua geração, Ferruccio Busoni (1866 – 1924) foi também um compositor ambicioso e um dos grandes pensadores da música no século XX. Seu interesse pela expressividade polifônica da música de Johann Sebastian Bach se manifestou cedo, ainda na infância, e ao longo da vida o italiano transcreveu para piano inúmeras peças do mestre barroco. Seu maior tributo ao alemão, porém, talvez seja a poderosa e arquitetônica Fantasia Contrapontística, seu magnum opus, escrito em 1910. A obra traz no seu cerne o “Contrapunctus 14” (deixada incompleta) da Arte da Fuga, que é trabalhado, expandido e reimaginado por Busoni à luz das tendências musicais modernas. Emocionante e intelectualmente instigante, a composição será ouvida neste concerto em transcrição orquestral do maestro Ira Levin, 100 anos após a morte do compositor.

Uma homenagem musical à Itália não seria completa se não abarcasse o universo operístico: para a parte central do programa, a OSB recebe a destacada soprano Eliane Coelho, que interpreta duas árias célebres. A primeira delas é a trágica “L’altra notte in fondo al mare”, da ópera Mefistófele, de Arrigo Boito, na qual a personagem Margherita canta seu desalento enquanto aguarda seu trágico destino. Na sequência, “Signore, ascolta!”, de “Turandot”, que evoca a intensidade e a paixão de uma história épica de amor e desafio. Em seguida, a orquestra apresenta o “Intermezzo” do ato III de Manon-Lescaut, de Giacomo Puccini que, embora breve, encapsula o clima geral da ópera, com passagens de sombrio desespero e de tranquilidade melancólica. Para encerrar este bloco emocionante, Eliane Coelho canta “Tu tu, piccolo iddio”, um dos momentos de maior carga emocional da da ópera Madame Butterfly, também de Puccini.

O concerto chega ao fim com o Festival Romano, de Ottorino Respighi (1879 – 1936). O estonteante poema sinfônico – o último de um tríptico dedicado à Cidade Eterna – foi escrito entre 1926 e 1928 e traduz em música uma sequência de cenas do passado italiano. O próprio compositor assinou o prefácio da partitura, indicando o caráter evocativo de cada um dos movimentos. Em”Circenses”, uma fanfarra vertiginosa dos metais lança o ouvinte em meio a um combate injusto entre mártires e feras. Ao tema sombrio das vítimas e ao rugido feroz dos animais se soma o clangor da multidão, o que dá ao movimento um vigoroso efeito total. “O Jubileu”, em contraste, explora a dura jornada dos peregrinos medievais em direção a Roma. Conforme os viajantes se aproximam da cidade, a instrumentação ganha cores e texturas especiais, com metais, madeiras e percussão recriando o repique dos sinos. Em “O Festival de Outubro”, danças, serenatas e canções de amor indicam que é tempo de celebrar a colheita. O gran finale do poema sinfônico é “Epifania”, que retrata as algazarras e a aglomeração do povo antes da festa da befana. Uma riqueza espantosa de temas e motivos populares se intercruzam em uma tapeçaria sonora de apelo cinematográfico, concluindo a obra em chave de ouro.

SERVIÇO:
Série Mundo – Itália
Dia 17 de abril (quarta-feira) – 19h30
Local: Cidade das Artes | Grande Sala (Avenida das Américas, nº5.300 – Barra da Tijuca, RJ)
Ingressos pela Sympla

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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