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Vidente por Acidente: Rodrigo Van Der Put,o novo queridinho da comédia brasileira, estreia novo filme

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O que fazer com um dom que, literalmente, Deus nos deu? Essa deve ser a pergunta principal que o roteiro de Vidente por Acidente nos propõe desde a primeira cena da produção, quando vemos Ulisses em uma conversa com o próprio Criador para criticar a profissão que lhe foi herdada. Ele não sente nenhuma felicidade em viver dentro de uma família de arquitetos, e está questionando sua aptidão. Eis que então ele acorda desse “sonho” conseguindo, ao tocar na pessoa, vislumbrar as reais inclinações de cada um. Ou seja, um homem que não curte sua profissão se sente realizado, enfim, ao descobrir a profissão dos outros, com esse argumento (sem nenhum sentido), o filme se desenvolve.

Vidente por Acidente

O diretor Rodrigo Van Der Put acaba de estrear Dois é Demais em Orlando, uma divertida comédia para toda a família, e em menos de um mês lança mais um filme no mesmo segmento. Porém, aqui não há intenção de conquistar crianças, mas esse é um outro filme, onde os problemas familiares estão no centro da narrativa. Talvez essa seja a única semelhança entre os filmes, que têm resultados bem distintos, tanto nos conceitos estéticos quanto no acabamento do roteiro. Escrito por André Brandt, Gui Cintra e pelo protagonista Otaviano Costa, Vidente por Acidente tem em sua premissa promissora uma clara tentativa de elaborar uma comédia menos alicerçada nos tiques de sempre.

Para isso, o filme apresenta essa narrativa diferente do humor pastelão que vem caracterizando as neochanchadas, que é como chamam os títulos na linha de Os Farofeiros, De Pernas pro Ar, Até que a Sorte nos Separe, entre outros sucessos. Em Vidente por Acidente, o humor é construído de maneira menos óbvia e televisiva, pensando na proposta de apresentar uma narrativa, personagens e motivações. Van Der Put é cria do Porta dos Fundos, grupo de humor que criou um formato de comédia ligada a uma versão mais aguda da realidade, digo isso, por ser justamente isto o que vemos nas telas em Vidente por Acidente, com um roteiro moldado em cima de desejos e ausências muito humanas.

Quem nunca se questionou ter tomado o rumo certo na vida, ter feito as escolhas certas em cima do que era o próprio desejo, e não pela vontade alheia? Esse é o dilema de Ulisses, que precisa criar um distanciamento da pressão familiar para compreender seu lugar no mundo. A apresentação desse ponto de partida é satisfatória, mas o desenvolvimento do material imagético não tem o refinamento que poderíamos esperar. Estamos falando de planos fechados, de uma encenação excessivamente quadrada, pouco imaginativa, e que contrasta com suas intenções narrativas. Existe pouco cuidado na forma como o filme é concebido visualmente, o que não parece obedecer um padrão que o diretor nos acostumou.

O problema desse grupo de diretores que rodaram muita coisa e agora têm seus títulos todos colocados à disposição ao mesmo tempo é o campo de comparação, independente de querermos. A verdade é que Dois é Demais em Orlando não sofre dos mesmos problemas que Vidente por Acidente, e lançá-los proximamente só prejudica a produção lançada essa semana. Ainda que não fossem colocados lado a lado, o novo filme ainda assim demonstra fragilidade tanto estética quanto estruturalmente, em seu roteiro. São muitas questões, personagens e ideias lançadas pela produção, e a metade do que é proposto não consegue alcançar desenvolvimento.

Nenhuma culpa pode ser atribuída ao elenco, que conta com as performances de Evelyn Castro, Katiuscia Canoro e Victor Lamoglia, os três com ótimas presenças que fazem jus aos seus talentos. O capitão do navio, Otaviano Costa, parece menos à vontade de um time tão espetacular, mas essa discrepância vai sendo minimizada durante a produção, que consegue deixar intactos todos os nomes do elenco. Mas, infelizmente, o elenco não é capaz de um milagre, e Vidente por Acidente se perde em seus excessos de trama. Caso fosse enxugado ao menos metade de suas ambições (ou desenvolvido ainda mais esse roteiro), talvez uma série de humor teria sido a melhor opção, além disso, a realização um pouco mais elaborada poderia trazer um outro filme as telas.

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