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Biquini e Nenhum de Nós se reúnem em noite nostálgica

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Biquini e Nenhum de Nós são duas bandas representantes do que podemos chamar de série B do BRock (o rock Brasil dos anos 80). Não reuniam prestígio junto à crítica e vendagens como Legião Urbana, Titãs e Paralamas do Sucesso, que eram queridinhos das revistas especializadas, todavia, a execução nas rádios era bem vultuosa. O combo da noite de ontem (10) no Qualistage, na Barra da Tijuca, foi a etapa carioca da série de shows conjuntos que os grupos vêm realizando. O repertório conta com algumas novidades, covers, e, é claro, os sucessos radiofônicos que os fizeram tão populares.

Era esperado que o Biquíni (ex-Biquini Cavadão) fechasse a noite. Apesar de serem dois shows completos, e não uma banda servindo de abertura para a outra, é de praxe que a mais popular feche os trabalhos. No entanto, o vocalista Bruno Gouveia a certa altura do show explicou o que aconteceu. Os integrantes do Nenhum de Nós tiveram dificuldades para vir de Porto Alegre por conta de toda a tragédia no Rio Grande do Sul. Com aeroportos em dificuldade operacional, restou a eles o transporte rodoviário, enfrentando retenções ao longo do caminho. A chegada à casa de shows na Barra da Tijuca ocorreu às 22 horas (o início da apresentação estava marcado para as 21h30).

O Biquini fez questão de manter o compromisso e aceitou inverter a ordem, afinal de contas, ambos são headliners. O show se iniciou com o hit “Tédio”, do primeiro compacto da banda, lançado em 1985. A segunda música, “Impossível”, já pertence à fase em que a banda se consolidou como hitmaker, com o álbum “Descivilização”, de 1991. O repertório foi seguindo uma progressão temporal com “Dani”, “Em Algum Lugar no Tempo”, ambas de 1998, e “Livre”, a primeira do século XXI na noite, lançada em 2014, antes de voltar para 2000 com “Escuta Aqui”.

Daí veio o momento de mostrar o projeto mais recente, em que a banda se une a diversos nomes da música brasileira de fora da cena roqueira. Janaína foi apresentada na versão com participação de Péricles, lançada em 2019, e a faixa-título “Vou Te Levar Comigo”, colaboração de Fagner. Segundo Bruno, o álbum está sendo lançado a conta-gotas e deve estar completo neste ano. “Roda-Gigante”, “Quando Eu Te Encontrar” e “Quanto Tempo Demora Um Mês”, “Múmias”, o cover de Cassiano “Coleção”, e a não tão conhecida “Meu Reino”, do álbum “Zé”, de 1989.

Terminado o tempo para mostrar que a banda se manteve produzindo (embora boa parte do público não esteja muito interessado, exceto os fãs mais dedicados), iniciou-se o enfileiramento de hits no terço final. Sucederam-se “Vento Ventania”, “O Mundo da Lua” (com uma fã no palco), os covers de “Carta aos Missionários” do Uns e Outros e “Chove Chuva” de Jorge Benjor, e “Timidez”. Na volta para o bis o guitarrista Carlos Coelho fez um medley de riffs famosos do rock: “Highway to Hell” do AC/DC, “Start Me Up” dos Rolling Stones, “Smoke On the Water” do Deep Purple, “Song 2” do Blur, “The Other Side” do Red Hot Chili Peppers, além de “Seven Nation Army” (The White Stripes), “Come Together” (Beatles), “Money For Nothing” (Dire Straits) e “You Shook Me All Night Long” (AC/DC). Bruno voltou ao palco e pediu um riff de rock nacional e foi a deixa para iniciarem “Zé Ninguém”. Mais uma fã foi convidada ao palco, dessa vez uma adolescente, mostrando que, de certa forma, o público do Biquini está se renovando.

O Nenhum de Nós conseguiu chegar a tempo de tocar, só que, mesmo com a inversão da ordem, atrasou um pouco. Mas passado o susto, a banda subiu no palco abrindo o show com “Paz e Amor”, seguida de “Notícia Boa”, de 2001. O primeiro hit do setlist, “Eu Caminhava”, como esperado animou o público ligeiramente menor, uma vez que muitos estavam ali para ver o Biquini e decidiram ir embora mais cedo.

Só que os gaúchos também tinham sucessos para embalar a plateia, entre eles cover de “Primeiros Erros”, de Kiko Zambianchi (e que se revigorou com a versão do Capital Inicial), “Gita”, de Raul Seixas – protocolo de um show de rock tocar Raul, como brincou o vocalista Thedy Corrêa. “Camila, Camila” contou com Bruno Gouveia no palco e um coro do público. A última música, “O Astronauta de Mármore” (cover de “Starman” do David Bowie), hit incessante nas FMs em 1989, juntou Bruno e Marcelo Hayena do Uns e Outros em um crossover inédito das três bandas, para fazer a alegria de qualquer nostálgico.

Como já era esperado, houve homenagens ao povo do Rio Grande do Sul. Uma bandeira do estado foi erguida na plateia e o vocalista pegou para colocar sobre a bateria onde permaneceu até o final do show. Conforme prometeu ele devolveu ao dono, mas este recusou e fez questão que ficasse de presente para a banda. Um QR Code foi colocado no telão para doações em pix e todo o merchandising do Bikini do lado de fora teve sua arrecadação revertida para as vítimas das enchentes.

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