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Bruce Dickinson volta ao RJ em plena forma musical

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Não é novidade que o Brasil ama o Iron Maiden, a banda de Heavy Metal mais famosa por aqui, e certamente uma das principais referências de banda inglesa em nosso território, perdendo apenas para os Beatles, os Rolling Stones e o Queen. Era natural que o sentimento se estendesse ao seu vocalista, tanto que ele virá ao país duas vezes em um ano. No momento, Bruce Dickinson divulga seu mais novo álbum, lançado em março, “The Mandrake Project”, e, em dezembro, retorna para um show em São Paulo com seus companheiros.

Bruce Dickinson
Crédito da foto: Babi Furtado e Dantas Jr.

Aliás, o apoio dos fãs brasileiros é tamanho que, mesmo quando ficou afastado do Maiden, entre 1993 e 1999, suas turnês tinham adesão fiel da comunidade metal. Apesar de seu regresso à banda ter sido celebrado pelos fãs, que lotaram a noite do Metal do Rock In Rio 2021 (os bons tempos em que o gênero ainda arrastava um grande público para o festival), muitos continuaram conectados aos seus projetos solo, como se pôde ver no Qualistage na noite de ontem (30/04).

Claro que as camisas do Maiden eram mais numerosas do que as da turnê de Bruce em curso. Porém, era nítido que a maioria dos presentes na casa da Barra da Tijuca (que reduziu a capacidade pela metade e ainda assim não lotou completamente) sabia cantar boa parte do setlist, e não estava esperando por músicas da banda mais conhecida do vocalista Bruce Dickinson, confirmando a consistência de uma carreira individual com mais de trinta anos. Diferente da última vez em que esteve no Brasil, em 1999, além disso, não nenhuma música da “Donzela de Ferro” foi executada, até pelo fato de que ele já as canta nos shows com Steve Harris e companhia.

“Are you ready, Rio?” (vocês estão prontos?), foi dessa mesma forma energética de se conectar com a plateia com que já estamos acostumados nos shows do Maiden, que Bruce Dickinson chegou no palco. O show começou com a faixa “Accident of Birth”, do disco homônimo de 1997, seguida de “Abduction”, do álbum de 2005, “Tyranny of Souls”, e da clássica “Laughing in the Hiding Bush”, de “Balls to Picasso”, de 1994, primeiro trabalho solo de Bruce após a saída do Iron Maiden. Só então o novo lançamento apareceu, com a faixa “Afterglow of Ragnarok”.

O repertório privilegiou o álbum “The Chemical Wedding”, com seis faixas no total, duas a mais do que “The Mandrake”. Valendo-se de seu carisma e presença de palco, Bruce interagiu com os fãs, regeu coros da plateia nas músicas como faz nos shows do Maiden, brincou com o assunto do momento, a presença de Madonna no Rio, e ainda mostrou suas habilidades como percussionista na música “Resurrection Men”. Logo em seguida assumiu as baquetas em um kit básico ao lado da bateria principal em “Frankenstein”, música experimental lisérgica de Edgar Winter, em que também opera um teremim. Como se não bastasse ser piloto de aeronave, esgrimista e mestre cervejeiro, ainda esbanja versatilidade em outros instrumentos musicais.

A reta final do show trouxe uma sequência de heavy metal melódico em alta voltagem, em que se sucederam “The Alchemist” e o maior hit de Bruce, sobretudo no Brasil, “Tears of the Dragon”. O vocalista fez piada com o fato de não poder deixar a faixa de fora. Música de trabalho do álbum de 1994, teve alta rotatividade nas rádios brasileiras, como “Wasting Love” do Maiden dois anos antes. “Darkside of Aquarius”, também recebida com entusiasmo pela plateia, encerrou o tempo regulamentar. O bis apresentou três faixas seguidas de “The Chemical Wedding”: a pouco tocada na turnê “Jerusalem”, “Book of Thel” e “The Tower”. O ótimo disco de estreia solo “Tattooed Millionaire”, de 1990, ficou de fora do repertório, assim como o peculiar “Skunkworks” de 1996.

Em 2023 os brasileiros puderam conferir o show em tributo a Deep Purple e Jon Lord, mas essa é a primeira vez em quase 25 anos que Bruce Dickinson vem ao país para divulgar um álbum. Em um palco bem menor do que os que se apresenta com o Iron Maiden, mas com uma proximidade maior dos fãs, permitindo um contato mais caloroso (com direito à touca arremessada para a plateia no fim da apresentação), ele defende o cinturão de maior vocalista do metal em atividade aos 65 anos, em plena forma. A banda formada pelos guitarristas Chris Declerc e Philip Naslund, o tecladista Mistheria, o baterista Dave Moreno, do Puddle of Mudd, e a baixista Tanya O’Callaghan (a mais aplaudida pelo público) fornece um arrojado suporte. O Maiden arrasta multidões, mas o público carioca fã de metal mostrou para Bruce que seus shows solo também serão sempre muito bem recebidos.

confira o Setlist:
1- Accident of Birth
2- Abduction
3- Laughing in the Hiding Bush
4- Afterglow of Ragnarok
5- Chemical Wedding
6- Many Doors to Hell
7- Gates of Urizen
8- Resurrection Men
9- Rain on the Graves
10- Frankenstein
11- The Alchemist
12- Tears of the Dragon
13- Darkside of Aquarius
Bis
14- Jerusalem
15- Book of Thel
16- The Tower

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