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Exposição de Daiara Tukano destaca a cultura e a luta dos povos indígenas

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A beleza e a força do feminino ancestral causam impacto aos olhos de quem observa as pinturas chegam ao Museu de Arte do Rio, na exposição individual da artista indígena Daiara Tukano, na cidade do Rio de Janeiro.

Daiara Tukano

A exposição “Pamuri Pati – Mundo de transformação” fala sobre as transformações sociais que podem ser observadas pelas óticas do feminino e do próprio povo indígena. Para ela, isso se dá por uma retomada da “memória ancestral” com a qual a sociedade se reconecta. “Quero compartilhar um pouco da cultura do meu povo, mas também dessa vivência de luta”, afirma a artista.

O Museu de Arte do Rio é um equipamento da Prefeitura do Rio, de responsabilidade da Secretaria Municipal de Cultura, gerido pela Organização de Estados Ibero-Americanos (OEI). A mostra faz uma retrospectiva da carreira da artista, reunindo mais de 70 obras, entre elas pinturas, esculturas e instalações.

A expressão “Pamuri Pati” significa “mundo de transformação”, conceito arraigado na cultura indígena: “Para nós, os seres do mundo são seres em transformação. O mundo em transformação traz todas essas narrativas desde os petróglifos (representações gravadas pelo homem em pedra ou em rochas), que são as pinturas mais antigas em pedras e cachoeiras”, destaca Daiara.

Receber a exposição “Pamuri Pati – Mundo de transformação” é cumprir a missão do MAR de trazer a linguagem e as percepções dos artistas contemporâneos brasileiros. “Viabilizar o acesso à expressão de tanta força e diversidade dos povos indígenas, valorizando a língua, que está na base da conexão social de todos os povos, fortalece o MAR como um espaço aberto e plural, que promove a arte e a cultura”, afirma Leonardo Barchini, diretor da OEI no Brasil.

Daiara Tukano avalia que estamos vivendo um bom momento na arte indígena. “Em função das fortes mudanças climáticas é importante ouvir os povos que sabem se comunicar com a natureza. E a arte indígena cumpre esse papel”, enfatiza. Entre as obras vistas em “Pamuri Pati – Mundo de transformação” estão algumas que fizeram história ao compor Véxoa: Nós sabemos, a primeira exposição com temática indígena contemporânea na Pinacoteca do Estado de São Paulo, em 2020. Espelho da Vida, que esteve em Véxoa, foi exibida na 34ª Bienal de São Paulo, em 2021. A obra, inspirada no manto Tupinambá, que a artista viu por acaso em uma visita a um Museu de Bruxelas, foi costurada por Daiara com plumas artificiais tingidas. Ela acrescentou, ainda, um espelho convexo, em que a imagem refletida nos reflete bem menores do que somos.

A mostra Amõ Numiã, a primeira exposição individual de Daiara Tukano, na galeria Millan (SP), também está contemplada no conjunto de Pamuri Pati – Mundo de transformação. Dali, ela traz as figuras femininas das grandes mulheres que marcam o trabalho dela. São telas que retratam a feminilidade e a força das mulheres, em que a artista lança mão com frequência das formas geométricas e das cores.

Outro destaque da mostra é a obra Festa no Céu, composta por quatro pinturas suspensas que representam os pássaros sagrados gavião-real, urubu-rei, garça-real e arara-vermelha. Para os Tukano, as aves, chamadas de miriâ porâ mahsâ, fazem cerimônia para segurar o céu e impedir que o sol queime a terra fértil. No verso de cada pintura, um manto feito de penas entrelaçadas que remete à tradição dos grandes mantos plumários. A série Kahpi Hori leva ao MAR pinturas acrílicas sobre telas com desenhos em alusão aos traços indígenas e padrões geométricos com cores vibrantes e feixes de luz que dão uma sensação de efeitos 3D. O significado de “Hori” são miragens que se enxergam a partir do Kahpi (nome dado pelos Yepá Mahsâ ao cipó da ayahuasca).

A instalação Maloca, uma grande lona plástica pintada com petroglifos e erguida sobre estrutura de bambu, ocupará a área central da sala expositiva no primeiro andar do pavilhão de exposições do MAR. A peça simboliza os acampamentos indígenas no Rio Negro que nasceram junto com as cidades. A instalação será uma casa, onde as pessoas vão poder entrar e ouvir histórias”, adianta Daiara, que gravará esses relatos e deixará tocando dentro da estrutura de Maloca.

Serviço:
“Pamuri Pati – Mundo de transformação” – Daiara Tukano
Museu de Arte do Rio / MAR (Praça Mauá, 5 – RJ)
Visitação: de 11 de maio a 25 de agosto
Classificação indicativa livre

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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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