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 Grupo Corpo apresenta “O Corpo” e “Parabelo” no Teatro Multiplan 

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O Grupo Corpo volta ao Rio de Janeiro no Teatro Multiplan. O programa tem dois de seus balés mais pedidos – “O Corpo” (2000), trilha de Arnaldo Antunes, e “Parabelo” (1997), música de Tom Zé e José Miguel Wisnik. São criações antípodas – o urbano e o sertão – e complementares no seu afeto brasileiro, traduzidas na movimentação ímpar da companhia mineira.

A temporada carioca do Grupo Corpo junta no programa duas obras de estética e ambientação quase opostas. Tendo estreado no ano 2000, O Corpo tem trilha do ex-Titã Arnaldo Antunes; “Parabelo”, de 1997, é a festejada união musical do baiano Tom Zé e do paulista José Miguel Wisnik. Ambas voltam ao Rio depois de longa ausência – O Corpo foi visto em 2011 pela última vez e Parabelo, em 2013. Aliás, as duas coreografias de Rodrigo Pederneiras, reunidas nesse programa, traduzem a brasilidade urbana e sertaneja, do Sudeste e do Nordeste, do tecnopop vertiginoso e da tradição em artesania.

Com o palco às escuras, as vozes filtradas puxam o mote: pé/mão/pé/mão. No fundo, piscam luzes vermelhas como as de um painel eletrônico. Os bailarinos, de malha preta pontuada por amarrações e volumes, mergulham na batida tecno enquanto as palavras (mão/umbigo/braço) vão se tornando mais e mais percussivas, mais som e menos significado. Tambores eletrônicos ressoam, permeados por melodias de várias origens – do funk à música árabe, do baião ao reggae.

Assim começa “O Corpo”, a primeira criação para a dança do compositor, escritor, poeta e performer Arnaldo Antunes. Ele partiu para uma tradução musical, sonora e semântica do corpo, como organismo e como engrenagem, mecanismo. É o corpo, então, “esse composto de ossos carne sangue órgãos músculos nervos unhas e pelos” que preside a peça de oito movimentos gravada com instrumentos acústicos, elétricos e eletrônicos; ruídos orgânicos como grunhidos, gritos e sangue nas veias fundem-se com guitarras, violões, teclados, baixo, percussão e as vozes de Arnaldo, Saadet Türkoz e Mônica Salmaso.

Neste balé, que celebrou no ano 2000 os 25 anos do Grupo corpo, Rodrigo Pederneiras arquitetou movimentos mais secos e vertiginosos para a companhia. A pulsação ao mesmo tempo tribal e futurista incorpora-se nos movimentos, que vão do fetal, intra-uterino, ao autômato.

O linóleo é vermelho e o cenário virtual, projetado por Paulo Pederneiras, faz a sincronização de luzes vermelhas em diversas saturações, muitas vezes acompanhando a trilha e dialogando com graves e agudos; um quadrado branco delimita, aqui e ali, o espaço cênico.

Parabelo – A palavra é a corruptela de parabélum, pistola automática de procedência alemã, cuja etimologia deriva da máxima latina ‘Si vis pacem, para bellum’ (‘Se queres a paz, prepara-te para a guerra). Em 1997, estreou Parabelo, celebração das cores, aromas e sons dos sertões mineiro e nordestino. A trilha, composta pelo baiano Tom Zé e pelo paulista José Miguel Wisnik, se traduziu, pela criação de Rodrigo Pederneiras, na “mais brasileira e regional” de suas criações – em suas palavras.

O agreste surge da música a quatro mãos, em nove temas. A autoridade e experiência do baiano, aluno de Hans-Joachim Koellreutter, Walter Smetak e Ernst Widmer, com suas invenções (apitos, garrafas, o bochecho, o ruído de bolinhas de soprar, o roçar de cordas, a aspereza do serrote contra um tubo PVC, apitos, garrafas), encontra a urbanidade pop-erudita do paulista. Tom Jobim e Luiz Gonzaga ganham citações, enquanto pontos e contrapontos se sucedem. A base instrumental ficou a cargo da banda de Tom Zé, com piano e teclados de Wisnik, rabeca pernambucana, percussão, sanfona, violões e vozes – as de Luanda (do Trovadores Urbanos), Nilza Maria, Tom Zé, Wisnik, Paulo Tatit; da baiana de Irecê, Gilvanete Silva, e de Ná Ozzetti e Arnaldo Antunes.

A regionalidade e a brasilidade se traduziram, na coreografia de Rodrigo Pederneiras, no uso mais intenso dos quadris, no desmonte das formas, do vai-e-vem do xote e do xaxado, dos movimentos das lavadeiras, no prazer sensorial e também da vivência do sagrado. Essa dualidade é expressa no cenário de Paulo Pederneiras e Fernando Velloso, com ex-votos em dois painéis. Da mesma forma, a luz (de Paulo Pederneiras) vai do mistério azulado da noite à explosão solar do meio-dia no sertão.

Os figurinos de Freusa Zechmeister são malhas de pernas e mangas compridas em variações de vermelho, laranja e amarelo, no início cobertas de tule negro. Em trocas constantes vão do marrom metalizado à vibração das cores sólidas.

Serviço:
Teatro Multiplan VillageMall (Av. das Américas, 3900 – Barra da Tijuca)
De 22 de maio a 02 de junho de 2024
Horários: de quarta a sábado às 20h. Domingo, às 17h
Ingressos pela plataforma Sympla
Classificação indicativa: livre
Duração: 1h44 (com intervalo de 20 min.)

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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