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O Tarô da Morte é mais um filme genérico de terror no estilo Premonição

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Você pode não acreditar, mas O Tarô da Morte é o decimo segundo filme de terror a estrear nos cinemas brasileiros apenas em 2024. Daqui até o fim do mês, estreiam mais três. Provavelmente estrearam muito mais comédias e dramas, mas o gênero terror, por alguma razão, tem uma característica interessante que se destaca entre o público brasileiro. Como o cinema é cada vez mais sustentado pela juventude, e o terror é um gênero assumidamente juvenil, isso faz com que todo título seja tratado como um evento, quando a maioria não o é. Esse é o caso de O Tarô da Morte, com lançamento quase simultâneo com os Estados Unidos, que tenta surfar uma onda antiga que parecia esquecida, porém o fazendo de maneira muito desastrada na maior parte das vezes.

O Tarô da Morte

Primeiro, porque a ideia de O Tarô da Morte parece com algum roteiro jogado fora da cinessérie no estilo Premonição, com a exclusão da cena inicial onde amigos morriam em um grande acidente coletivo. Tirando esse campo (que, creio, transformaria o projeto em plágio), o filme segue um grupo de sete amigos que brinca com a ideia do livre arbítrio após uma sessão de tarô comandado pela protagonista do filme. A partir da leitura dos destinos de cada um, os personagens passam a morrer da forma como a protagonista leu, exatamente.

Enfim, vamos aos muitos problemas do filme, a começar que essa tal sessão que abre o longa é bem aborrecida, com a protagonista falando o signo de cada um deles e o que o futuro traria para cada um, entre outros detalhes, que precisaríamos guardar quando o ‘destino final’ de cada se cumprisse. Mas, a não ser que você entre na sessão com um bloquinho de anotações, tudo se apresenta de forma muito bagunçada, rápida e sem que o espectador se envolva com qualquer um em cena.

A impressão clara que temos durante a projeção é que, com apenas 90 minutos de duração, muita coisa de O Tarô da Morte ficou de fora da montagem. Não porque o filme pareça faltar algum pedaço de narrativa, ou saltar o tempo para algum lugar. Isso ocorre porque não há qualquer respiro entre as cenas, que são um amontoado de momentos indiscriminados, sem qualquer requinte de edição. Não é apenas a preocupação de nos importarmos com os personagens que ficaram de fora, mas uma imensa fatia de construção narrativa deles. O que está na tela é algo bem porco, uma ideia cheia de repetições de estrutura e de visual bastante genérico.

Falta carisma a produção escrita e dirigida (em sua estreia) por Spenser Cohen e Anna Halberg, respectivamente um dos roteiristas e um dos 34 (!!!) produtores executivos de Os Mercenários 4, um filme fraco que ao menos tem carisma de sobra. Os personagens não existem, apenas um esboço estereotipado para cada um deles, e o espectador precisa tentar se importar com figuras que estão prestes a serem descartadas? Para algo tão vazio de propósito, O Tarô da Morte deveria ter proporcionado uma contagem de cadáveres um pouco maior, e não um grupo tão pequeno da qual não sentiremos nenhuma falta e que estão envoltos em um produto cuja escuridão é constante.

Nem mesmo as cenas que deveriam ser a razão de ser de um filme de terror ordinário, as mortes (que são poucas), têm uma tentativa de elaboração inicial. A partir de determinado personagem, ou mais precisamente dois deles, o filme tenta construir uma ideia de plano e de decupagem, para todas as outras, impera a preguiça e a falta de vontade de realizar o que está sendo produzido. Mesmo a mitificação em torno da criatura que rege as maldições tem o seu passado escrito da forma mais burocrática possível, sem qualquer lampejo de originalidade. Para tanta falta de cuidado, resta um espectador igualmente desinteressado em material tão cansado.

Para piorar a performance de O Tarô da Morte, claramente estamos diante de um material que deveria ter elementos ‘gore’ inseridos no contexto. Quando chega na cena envolvendo O Mágico, e nem ao menos nessa passagem o filme abriu mão de sua timidez, chegamos a conclusão de que existia uma tentativa de buscar um público infantil ao produto. Ou seja, não existe algum lugar para onde o filme funcione, tendo em vista que os ‘jump scares utilizados com muita insistência, em sua maioria não funcionam. O crítico que vos escreve, aconselha: tendo visto 11 dos 12 títulos de terror lançados esse ano, O Tarô da Morte é o pior deles.

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