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Por Trás da Verdade: Hilary Swank volta ao circuito com suspense policial

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Hilary Swank é uma grande atriz. Nenhuma profissional mediana tem dois Oscars em casa, ambos merecidos, por seus trabalhos exemplares em Meninos não Choram e Menina de Ouro. Infelizmente, apesar dos seus recursos, não conseguiu ter uma carreira que fizesse jus a ter vencido dois Oscars em um espaço de 5 anos. Nunca teve outras indicações ou esteve em projetos que a trataram da maneira que merecia. Há pouco mais de 10 anos, estrelou Dívida de Honra, que poderia tê-la levado de volta pro lugar que é merecido, mas o filme de Tommy Lee Jones foi injustamente ignorado. Agora, em um espaço de 20 dias, terá nas telas Uma Vida de Esperança e esse Por Trás da Verdade que estreia essa semana, uma produção que tenta elevar sua auto estima artística.

EmPor Trás da Verdade, ela aqui vive uma jornalista enlutada, que acaba de perder o filho e se encontra ainda zonza com tudo o que aconteceu nos últimos anos. O rapaz era dependente químico pesado, e estava rompido com a mãe após uma série de eventos. Sua personagem precisa lidar com a namorada dele, que está grávida do falecido, e não tem para onde ir – trata-se também de uma outra adicta em recuperação. Em meio a esse drama forte, a moça grávida passa a ser perseguida por algo que estava em posse do pai de seu filho, e a mãe paralelamente a isso investiga os estranhos fatos que determinaram a morte do rapaz. Por Trás da Verdade não é, como se pode ver, uma produção que trata de temas inéditos, mas existe uma vontade em seus atores de tornar aquela experiência algo recompensadora, sem uma cara oportunista e com a possibilidade de alguma reflexão.

É cinema de gênero, suspense policial com uma forte visão dramática sobre os tipos criados, e que entende que a sutileza não cabe no que está sendo contado. Mas levando esses elementos em consideração, o que sobra de mais precioso é o espaço dado para que a direção encontre pontos de respiro dentro de uma atmosfera tão exasperante. Seu autor é muito jovem, Miles Joris-Peyrafitte, e vem do cinema estadunidense indie. Ainda que Por Trás da Verdade não seja uma grande produção, seu tratamento já não é mais a da trivialidade dos seres, existe aqui o interesse em contar essa história com o devido peso com o qual tais temas não soem deslocados dentro de uma moldura inadequada. Existe sim habilidade no que ele trata, que não deixa os assuntos se atropelarem por uma direção exibida. Ele também tenta suavizar ao máximo a sua mão, para que o campo não se transforme em algo intragável.

Existe dignidade no tratamento de todos aqueles personagens, que o roteiro não julga, embora aponte seus tópicos de culpa. Os que seguem vivos e os que já não estão mais aqui são igualmente responsáveis por seus caminhos e pela forma como conduziram suas relações. Não é um olhar sem risco, mas é justamente por lidar com tantas camadas, principalmente na sua protagonista, que Por Trás da Verdade escapa do que poderia ser gratuito, ou vazio. Existe o talento por trás das câmeras, e na condução do roteiro, que tenta o equilíbrio para não entregar um entretenimento sem uma base enxuta. Então a surpresa que o espectador encontra é aquela que trata sem maniqueísmo uma produção que fala sobre um grupo de pessoas que apenas perdeu na vida.

Encabeçando esse elenco, que conta com sólidas performances de Olivia Cooke e Jack Reynor, Swank sabe a exata dose da dor que pode ser empregada ali, em cada cena. Sua interpretação é mais uma prova de como sua subvalorização impede grandes filmes de contarem com sua figura para gerar mais veracidade ao que vemos. Sua Marissa é uma mulher cuja devastação é demonstrada por cada expressão, física e emocional, de uma atriz que parece ainda longe de esgotar seus recursos. Ao mesmo tempo, cai como uma luva esse tipo arredio e sem espaço para o descanso, que vê na solução desses novos mistérios um planejamento com o qual ela não contou durante sua vida. Tem energia no olhar da atriz, uma fagulha que é capaz de mostrar a diferença entre um grande ator e os demais.

Por Trás da Verdade, cujo título original é A Boa Mãe, tem nessa ambiguidade do seu nome em inglês, uma forma bonita de lidar com os tipos de maternidade que uma mesma mulher pode lidar. Os erros que considera ter tido com o filho que se foi, Marissa não quer cometer com o que ficou. Para isso, qual não é a nossa surpresa ao perceber que ela escolhe errar também com esse, na ilusória impressão de estar fazendo, enfim, a coisa certa que uma mãe faria. O desfecho dessa trama coloca a personagem em novo lugar de análise, dessa vez um que saia da melancolia para entrar nas sombras de vez, apagada por uma verdade que ela irá criar.

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