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Exposição questiona segurança da arte contemporânea

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É uma exposição? É uma instalação? É uma performance? É “Amador e Jr Segurança Patrimonial Ltda, nem profissional, nem sênior”, uma mistura de tudo isso com pitadas de humor e crítica. Antonio Gonzaga Amador e Jandir Jr são os artistas que mergulharam nessa empreitada divertida e instigante. Aliás, no fim de semana, haverá um programa de performances. Ao final da temporada, no dia 2 de agosto, será lançado o catálogo da mostra e acontecerá uma palestra das 17h às 19h, com tradução simultânea de libras e a participação dos artistas, da curadora Carolina Rodrigues e da artista multidisciplinar, educadora e curadora convidada Renata Sampaio.

Será a primeira exposição da dupla Amador e Jr. Segurança Patrimonial Ltda. no Rio de Janeiro. Antonio e Jandir interpretam a dupla de vigias fictícios que fazem as maiores peripécias para garantir a segurança das exposições de arte em museus e instituições culturais, com o intuito de questionar o tão restrito e contraditório sistema da arte contemporânea.

A Amador e Jr. Segurança Patrimonial Ltda. apresenta séries de propostas performáticas concebidas por Antonio Gonzaga Amador e Jandir Jr., é realizada em instituições de arte pelos próprios artistas trajados com uniformes de segurança, tendo seus problemas centrais advindos das relações entre instituições como essas e as pessoas que trabalham cotidianamente em suas salvaguardas.

Nascidos e criados respectivamente nos bairros cariocas de Brás de Pina e Penha Circular, Antônio e Jandir trazem o repertório de quem conhece bem o subúrbio para utilizar seus elementos em suas performances. Dois bons exemplos são os trabalhos “A rigor”, em que realizam as rondas no museu usando os característicos chinelos Havaianas, e “Isopor”, quando no, meio do expediente, abrem uma gelada e sentam na cadeira de praia com um cooler ao lado. Assim, vão construindo uma narrativa em torno de questões que evocam o trabalho precarizado no tão abastado sistema da arte, a relação do artista com os funcionários do museu e o papel da instituição no campo da arte.

“A ideia para esse trabalho surgiu da nossa experiência como monitores-educadores em museu, onde dividíamos espaço com profissionais de segurança. Notamos que tínhamos muitas semelhanças com eles: a negritude, os problemas com transporte público, as referências culturais… Mesmo trabalhando como educadores, nos vimos em posições de trabalhos racializados: pessoas negras, pobres, fazendo segurança do patrimônio dos outros… Então, esse cenário acabou nos inspirando”, explica Jandir.

Com curadoria de Carolina Rodrigues, a exposição apresentará ao público um recorte dos oito anos de parceria da dupla, recebendo oito de suas performances, que acontecerão ao longo de dois meses de exposição com a presença dos artistas. A expografia divide-se em dois espaços. Num deles, há uma quebra da oposição entre público e privado em relação à presença desses profissionais na instituição, caracterizada pela montagem de uma sala de descanso, aos moldes das salinhas onde os seguranças tiram aquele cochilo entre uma ronda e outra. No outro, o espaço expositivo apresenta fotografias e croquis de suas performances em desenhos emoldurados, feitos pela própria dupla, acompanhados dos objetos que fazem parte das interações, como elementos performáticos.

A mostra possui o diferencial de tratar a performance como a principal linguagem artística, fazendo uma relação direta com o corpo do proletariado de base em performances com duração de uma jornada de trabalho real. Oito horas de trabalho. Oito horas de performance. Oito horas de prática. É pelo trabalho do corpo e pelo corpo no trabalho que a exposição toma forma e produz outros elementos, como os desenhos, as fotografias e a instalação e os objetos construídos e utilizados para o trabalho.

Por ter longa duração, o público poderá experienciar diversos momentos do trabalho sendo executado. A ação é, por vezes, simples: andar com chinelos, olhar através de um espelho convexo, usar dentes de ouro, trabalhar remotamente, segurar um sino de mesa, segurar uma cadeira, recepcionar as pessoas com bebidas e comidas em um isopor, ou deixar a sala de descanso aberta para visitação. Assim, as performances tentam evidenciar as relações de trabalho e as performatividades cotidianas realizadas por trabalhadoras e trabalhadores durante suas jornadas.

Acessibilidade

As obras apresentadas na exposição terão recursos de audiodescrição por meio de um QR-Code. Haverá, uma vez por semana, um horário exclusivo para visitação de pessoas com deficiência intelectual, pessoas autistas ou com algum tipo de hipersensibilidade a estímulos visuais ou sonoros. A iluminação e possíveis sonoridades serão diferenciadas nesse horário.

A palestra prevista para o final da temporada contará com intérpretes em Libras para o público surdo e ensurdecido.

Serviço
“Amador e Jr Segurança Patrimonial Ltda, nem profissional, nem sênior”
Período expositivo: de 22 de junho a 4 de agosto de 2024
Local: Casa França Brasil – sala 2 (Rua Visconde De Itaboraí, 78 – Centro)

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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