Festival Identidade em Cena no Centro Cultural Justiça Federal

Em 28 de junho de 1969, em resposta a uma intentada policial contra pessoas LGBTQIAPN+ que frequentavam um bar chamado Stonewall, na cidade de Nova Iorque (EUA), aconteceu uma série de protestos espontâneos realizados pela comunidade LGBTQIAPN+. A Rebelião de Stonewall é considerada o principal acontecimento para que, a partir de então, fosse celebrado o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+. Reforçando a luta contra a homofobia e o preconceito, o Centro Cultural Justiça Federal (CCJF) realiza, durante todo o mês de junho, o Festival Identidade em Cena.

Serão cinco espetáculos teatrais, uma apresentação musical e um cinedebate que prometem trazer reflexões sobre direitos, conflitos internos e violências sofridos por pessoas com gêneros, identidades e orientações sexuais diferentes, além de reafirmar o sentimento de orgulho que a comunidade LGBTQIAPN+ carrega — trazendo à tona um misto de alegria, leveza e força para conquistar definitivamente um lugar de fala na sociedade. “O festival é resultado de um compromisso assumido pelo CCJF com a afirmação da diversidade e inclusão. Temos apoiado eventos sobre a comunidade LGBTQIAPN+ e agora, pela primeira vez, realizamos o nosso próprio projeto com essa temática. Estamos orgulhosos em fazer parte desse movimento, com todas as letras”, ressalta Elaine Pauvolid, diretora da Divisão de Cultura do CCJF.

A primeira peça que inaugura o festival, nos dias 7, 8 e 9 de junho, será A Inquilina. Com atuação de Luisa Thiré e Carolyna Aguiar, texto de Jen Silverman e direção de Fernando Philbert, a história se baseia na vida da dona de casa Sharon (Luisa Thiré), divorciada e mãe de um filho distante. Ela vive sozinha em uma zona rural, sem recursos para se manter. Por isso, decide alugar um quarto de sua casa para Robyn (Carolyna Aguiar), cosmopolita, vegana, lésbica e igualmente mãe de uma filha que a evita. Robyn precisa de um lugar para se esconder de seu misterioso passado e tentar recomeçar. Tudo na inquilina desperta curiosidade avassaladora em Sharon que, quando começa a desvendar seus segredos, cria coragem para dar uma virada radical na sua vida. O segundo espetáculo, que terá apresentação única, dia 9 de junho, no CCJF, será O Espigão. Na peça, realizada pelo Coletivo Você e Eu e direção de Caio Riscado, um irmão e uma irmã se apaixonam pela mesma mulher. Dezoito anos depois, eles se reúnem para acertar as contas, revisitando essa história a fim de preencher lacunas, curar suas feridas e dar um novo sentido a tudo que viveram.

Já nos próximos dias 14, 15 e 16 será a vez de O Hétero entrar em cena, com texto e atuação de Zé Wendell e direção de Alice Steinbruck. Inspirado na rima do repente e do cordel, o espetáculo é um monólogo de autoficção que conta a história de Fulano de Tal, um nordestino, artista e sonhador, que sai do interior do Brasil para ganhar a vida na cidade grande, em busca de autoaceitação e autoconhecimento. No dia 15, também será exibido, no cinema do CCJF, o documentário Quando Ousamos Existir – Uma história do Movimento LGBTI+ Brasileiro, que narra as trajetórias iniciais de ativistas na organização política e cidadã do Movimento LGBTI+ brasileiro nas décadas de 70 e 80. O longa-metragem foi dirigido e produzido por Cláudio Nascimento e Márcio Caetano. A realização é do Grupo Arco-Íris, Centro Memórias do Ativismo João Antônio Mascarenhas da UFPel/RS e da UFES. Após o filme, o público poderá participar de debate sobre o tema.

Na sequência, chega ao Centro Cultural nos dias 21, 22 e 23 de junho a peça itinerante Apartamento 301 que explora intimidades e afetos entre seis amigos gays ao longo de anos dentro do Apartamento 301. Desde a concepção artística até a direção do espetáculo são frutos da pesquisa cênica do grupo de arte: Breno Sanches, Camilo Pellegrini, Eduardo Rios, Felipe Cabral, Junio Duarte e Lucas Abá. Dia 21 também será marcado pela apresentação do coral Se recebo dor, te devolvo amor, com músicas que cantam amor, lutas e conquistas da Comunidade LGBTQIAPN+, interpretadas pelo Arco-Íris Por Prazer – Coro LGBTI+ do Rio de Janeiro e por cantores do Projeto Vozes da Diversidade e drags do Projeto Laura Di Vison – Arte e Cultura Transformista. A realização é do Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBTI+ e do Maestro Leandro Gregório. Já no dia 23, ainda na frente audiovisual, o público poderá assistir a sessão Cine Drag que irá apresentar, por meio de documentários autorais e performances, a história do cinema queer e do movimento civil LGBTQIA+. A produção e o roteiro são da Dudakoo! e da Cútis Negra.

‌O Seminarista, que acontece nos dias 28, 29 e 30 deste mês, fecha a seleção de espetáculos do Festival Identidade em Cena. Inspirado no clássico “Dom Casmurro”, de Machado de Assis, a peça se apoia no trecho do livro em que o protagonista, Bento Santiago, se encontra preso no seminário por conta de uma promessa feita por sua mãe. O que ele mais almeja é dar adeus à vida de padre e poder voltar para os braços de sua amada Capitu, mas tudo muda de sentido quando o seminarista cria laços mais profundos com seu colega de quarto, Escobar. O texto e direção são de Cleto Araújo; elenco Cleto Araújo, Rodrigo Gil e Sofia Monti.

SERVIÇO:
Festival Identidade em Cena
Data: de 7 a 30 de junho, confira a programação completa no site do CCJF
Valor do ingresso: cada evento possui um valor de entrada, confira no site do CCJF
Local: Teatro e Cinema do CCJF
Avenida Rio Branco, 241 – Centro (há possibilidade de entrada pela Rua México, 57)