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“Língua” reflete sobre os impasses de comunicação universais

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Como realizar um espetáculo teatral bilíngue (em português e em Libras) que não coloque a condição de surdez como tema central da história? Como fazer com que essa trama seja acessível ao público ouvinte e surdo sem que haja um intérprete tradutor de Libras no canto do palco? Como criar uma dramaturgia inédita que se propõe a assimilar a cultura surda e suas referências estéticas? Esses foram os principais desafios de “Língua”, encenação dirigida por Vinicius Arneiro, que estreia, dia 6 de junho, no Sesc Copacabana/Mezanino, na busca de estimular reflexões sobre convivência, comunicação e os possíveis novos rumos nas práticas de acessibilidade.

Assinada por Pedro Emanuel e Vinicius Arneiro, com interlocução de Catherine Moreira, a dramaturgia foi criada em sala de ensaio com o elenco, que reúne Erika Rettl, Filipe Codeço, Jhonatas Narciso, Luize Mendes Dias e Ricardo Boaretto, a partir de situações que contemplavam laços familiares e de amizade. O espetáculo dá prosseguimento a uma pesquisa iniciada por Filipe Codeço e Vinicius Arneiro de unir Libras e português na cena artística. A peça-filme “Aquilo De Que Não Se Pode Falar”, que estreou virtualmente em dezembro de 2021, contava com um ator surdo e outro ouvinte, e foi indicada a quatro Prêmios APTR.

Em “Língua”, o desejo de dizer alguma coisa e a impossibilidade de ser compreendido, não importa em que idioma, são as questões centrais da história. Durante uma comemoração de aniversário, vamos conhecer as relações desenvolvidas por um taxista surdo. Como lidar com a distância entre aquilo que se sente e a tentativa de dizê-lo?

“Embora tenha um ator surdo em cena, a gente nunca quis que o tema central da peça fosse a surdez. A maneira como a gente se organiza para contar essa história e a história em si é atravessada por esse fato, já que acompanhamos a relação de uma pessoa surda com o mundo, mas não é o ponto de partida”, explica Vinicius Arneiro. “A gente tem o desejo de trazer mais surdos para o teatro. Nós, ouvintes, nos habituamos a fazer sessões com traduções em Libras, mas sabemos que essas apresentações acabam esvaziadas de um público surdo porque não são peças pensadas para eles. Claro que são iniciativas importantes, mas estamos em busca de uma maior integração. Em “Língua”, fizemos uma criação artística efetivamente pensando nos dois idiomas”, completa.

Este projeto pioneiro de integração entre surdos e ouvintes nas artes contou com a intérprete de Libras Lorraine Mayer durante todo o seu processo de ensaios. Assim foi possível a comunicação eficiente com o ator Ricardo Boaretto, que vive o protagonista surdo. “O que a gente vê nos espetáculos, em geral, são ouvintes fazendo papéis de surdos. E os surdos acabam não se identificando com aquele personagem”, avalia Ricardo. “É preciso dar cada vez mais espaço aos atores com deficiência, e investir na criação de personagens surdos mais complexos, com várias camadas, pois ainda são muito rasos na maioria dos espetáculos. Estamos agora em um momento de visibilidade desta luta, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido”, completa.

Sinopse: Uma mãe prepara uma festa de aniversário para seu filho surdo que cresceu rodeado de pessoas ouvintes. O encontro, que reúne um pequeno grupo de amigos do rapaz, revela não só afetos, mas também dilemas e a diferença cultural entre eles. Além disso, convida-nos a perceber como lidamos com a distância entre aquilo que se sente e a tentativa de dizê-lo.

Serviço:
Temporada: 06 a 30 de junho de 2024
Dias e horários: quinta a domingo, às 20h30.
Sesc Copacabana/Mezanino: Rua Domingos Ferreira, 160,
Ingressos: na bilheteria
Classificação etária: 16 anos

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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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