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New Model Army faz show vigoroso no Circo Voador, com clássicos e novidades

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Quarenta e um anos depois do lançamento do primeiro single, “Bittersweet”, e trinta e três sem vir ao Rio de Janeiro, o New Model Army levou ao Circo Voador a turnê de divulgação de seu recém-lançado álbum, “Unbroken”.

New Model Army
Foto: César Monteiro

Nascido em Yorkshire, Inglaterra, no início dos anos 80, o New Model Army chegou fazendo um pós-punk com uma sonoridade similar a de bandas conterrâneas como o The Jam, o Buzzcocks e o The Fall, mesclando a força visceral do movimento Punk com o fervor político e com nuances de hino visto, por exemplo, no The Alarm e U2 em sua fase inicial, além do Folk urbano de protesto de Billy Bragg. O estilo era agressivo, minimalista e preciso foi, com o tempo, abraçando o violão, o violino e a gaita. Sempre tiveram como bandeira a defesa da classe trabalhadora britânica, ocasionalmente equilibrando sua fúria política de esquerda e anti-Thatcher com momentos mais reflexivos de introspecção pessoal. O maior sucesso “51st State”, por exemplo, é uma crítica mordaz à relação estreita do Reino Unido com os Estados Unidos.

Depois da turnê de 1991, que marcou sua estreia ao vivo no Brasil, a banda ainda retornaria ao país em 2007, 2010 e 2018, porém sempre tocando apenas em São Paulo. Portanto, essa foi a primeira vez do baixista Ceri Monger, do guitarrista Dean White e do baterista Michael Dean. A exceção é o vocalista, guitarrista Justin Sullivan, fundador e único remanescente da formação original. E os fãs cariocas tiveram na noite de domingo (9) a oportunidade de reviver, ou conferir pela primeira vez, a energia do New Model no palco.

A faixa “Coming or Going”, do novo trabalho, abriu a apresentação. A alegria de ouvir uma música nova do NMA, que traz a energia dos bons tempos, estava estampada em cada um dos fãs de longa data (a maioria dos presentes). Foi seguida de “Long Goodbye”, do disco de 1998, “Strange Brotherhood”. Antes de”Winter”, Sullivan tirou a jaqueta de couro observando o clima quente do que deveria ser quase inverno. “It’s hot in Rio”, disse antes de executar a faixa do disco homônimo de 2016. “São trinta e três anos sem vir aqui. É tempo pra ca*“, brincou. Em outro momento, fez piada dizendo que se levar o mesmo tempo para voltar, estará com 101 anos. Bem-humorado, o líder do grupo admitiu que seu português se limita a “obrigado” e “caipirinha”. Músicas como “Language”, “Do You Really Wanna Go There?” foram bem recebidos pelo público até devido à fidelidade aos tempos áureos, mas a plateia, naturalmente, ansiava por clássicos, que começaram a aparecer só na metade do show com “Here Comes the War”, de 1993. Logo na sequência, uma dobradinha do celebrado “Thunder and Consolation”, de 1989: “225” e “Green and Day”.

A faixa recebida com maior animação e cantada por toda a plateia foi, conforme o esperado, a mais famosa, “51st State”, que, além do sucesso no Reino Unido e na Europa, teve boa rotação nas rádios rock brasileiras. Ironicamente não estourou nos EUA. No melhor estilo New Model Army, “Purity” foi dedicada ao momento atual em que nacionalistas populistas e religiosos radicais agitam suas bandeiras.

O Bis veio com três clássicos enfileirados: “Get Me Out”,” The Hunt”, música que Sullivan lembrou ter tido um cover feito pelo Sepultura, e o encerramento se deu com “Love the World”. Todos tirados dos que são considerados os melhores discos, “Impurity” (1990), “The Ghost of Cain” (1986) e “Thunder and Consolation”, respectivamente. Na saída, o vocalista deu um soco no microfone fazendo o pedestal cair no pit, gerando microfonia. Afinal, a atitude punk não pode morrer.

O New Model Army fez um show vigoroso, fiel ao seu propósito e, sobretudo aos seus fãs, mostrando um novo repertório com relevância artística, evitando o conforto de se escorar apenas no passado. A banda segue bem entrosada. White está na banda desde 1994 – agora assumindo a guitarra, que, antes da saída do guitarrista Marshall Gill, em 2022, alternava com teclado – e Dean pilota a bateria desde 1997. Monger se juntou em 2012, e eles atualmente contam também com um tecladista de apoio.O apuro técnico adquirido pelos anos não suaviza a crueza, e as texturas vocais de Sullivan parecem desafiar o tempo. O Circo se mostrou a escolha perfeita (o som estava impecável) e provavelmente será o porto do próximo show no Rio, que certamente não levará outros 33 anos para acontecer.

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