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“Cravo” une as bailarinas Laura Samy e Maria Alice Pope, em temporada no Espaço Sérgio Porto

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O isolamento social imposto pela pandemia da Covid-19 isolou indivíduos em suas casas, aliás, o mesmo isolamento foi capaz também de aproximar dois nomes respeitados na dança contemporânea: Laura Samy e Alice Poppe que construíram na dança carreiras longevas, tendo trabalhado com grandes coreógrafos e encenadores. Elas se admiravam, mas nunca haviam trabalhado juntas.

Em 2020, diante das incertezas do “novo normal”, criaram não um, mas dois projetos. O mais recente deles é “Cravo”, criado em 2021 e originalmente pensado para ser filmado, numa parceria que incluiu o cineasta Cavi Borges e o diretor de fotografia Fabrício Mota. A proposta, que une ainda a trilha sonora de Sacha Amback à iluminação de Paulo César Medeiros chega agora ao palco três anos depois de ser concebido. Cravo fará temporada de três semanas no Espaço Cultural Sergio Porto.

A pesquisa de movimento e a sua relação com o espaço dão as tônica nas trajetórias de Laura e Alice. Algo construído em experimentações cujos resultados contaram com o olhar de grandes nomes, como Angel Vianna (com quem Poppe trabalhou anos a fio), João Saldanha (com quem ambas trabalharam) e, no caso de Samy, o diretor teatral Enrique Diaz. Cada novo trabalho parte de uma premissa aberta também a outras linguagens artísticas. O cinema, por exemplo. Cravo tem na sua gênese influências de clássicos da sétima arte, assim como dos diretores que lhe deram vida.

Alguns exemplos são “Martha”(1973), do alemão Fassbinder (1945-1982) e “Repulsa ao sexo” (1965), de Roman Polanski, entre outros. Uma inspiração ligada ao cinema, mas que abarca também a fotografia, é a do norte-americano Man Ray (1890-1976), que revolucionou a relação da câmera com o objeto retratado. Outra referência a se considerar é a do dramaturgo irlandês Samuel Becket (1906-1989), cuja peça “Dias felizes” também pautou a proposta do espetáculo.

O roteiro é dividido em oito movimentos – ou quadros. O primeiro é o prólogo, seguido pelas demais cenas. As demais cenas são compostas por solos e duos. No caso desses últimos, o público tem diante dos olhos quadros nos quais os gestos conversam, provocando também contradições entre eles, num resultado vívido e visceral.

Da década de 90 para cá, ganhou força o conceito de teatro-dança, impulsionado por propostas como as trazidas pela coreógrafa alemã Pina Bausch (1940-2009). A relação entre público e plateia mudou. Laura Samy e Alice Poppe foram do palco ao audiovisual e voltam agora à cena, seu habitat natural. E a junção dessas duas artistas só pode resultar em algo instigante.

Serviço:
Temporada: 05 a 21 de julho
Dias e horários: sexta e sábado, às 20h, e domingo, às 19h
Onde: Espaço Sérgio Porto (Rua Visconde Silva, s\nº, Humaitá. Tel: 2535-3846)
Classificação etária: 12 anos

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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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