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Tuesday: O Último Abraço aborda a relação com a morte

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Existem duas coisas de que não se pode fugir, dos impostos e da morte. Tuesday – O Último Abraço aborda a morte diante de fatos a vida. No longa, Julia Louis-Dreyfus precisa enfrentar o fato inegável de que sua filha Tuesday, interpretada por Lola Petticrew, vai morrer. Zora, personagem de Julia, não está pronta para isso e não está disposta a entregar sua filha, dessa forma, ambas entram numa jornada para descobrir a importância da morte.

Existem vários filmes que colocam uma personificação da morte na trama, podemos lembrar do clássico O Sétimo Selo, de 1957, onde Max Von Sydow joga xadrez com a Morte. Até mesmo a animação Gato de Botas 2: O Último Pedido traz a morte personificada na figura do Grande Lobo Mau, na voz de Wagner Moura. Ou seja, existem diversas versões da morte no cinema, e Tuesday consegue trazer uma nova versão, ainda que inusitada, carregada de símbolos. A direção e roteiro, assinados por Daina Oniunas-Pusic, conseguem de fato trazer inúmeros signos sobre o assunto até na fotografia e no figurino.

Aqui a morte é personificada por um pássaro tropical, com o bico que lembra uma foice, interpretada pelo ator Arinzé Kene. Toda a jornada da mãe, Zora, tem ligação clara com as cinco fases do luto, e em paralelo também trata da relação entre mãe e filha no sentido mais inicial de maternidade, de cuidado e conforto. A interpretação de Julia Louis-Dreyfus contribui muito para o filme, pois a atriz consegue oscilar magistralmente entre o drama e a comédia. O figurino da protagonista e a fotografia usam a cor amarela, que também é uma cor relacionada à morte, pois no Livro do Apocalipse o Cavaleiro da Morte cavalga um cavalo amarelo.

A obra vem muito no estilo de Sete Minutos Depois da Meia-Noite do diretor J.A. Bayona, onde se usa um recurso fantástico para tratar um tema real, neste caso uma mãe aceitando a morte da filha. A direção é muito delicada ao tratar de temas muito profundos e densos. Ela não romantiza a morte, ela mostra a fúria, o desespero, a dor, envolvidos no processo, ao passo que tenta não prender-se a essa maniqueísmo de bom e mal. Com ritmo lento, muito parecido com cinema europeu, é necessário calma quando se aprofunda em assuntos que são facilmente conectados ao espectador. Todo ser humano, seja jovem ou velho, precisa passar pelo rito de passagem da morte, e é um assunto que deve ser tratado com seriedade e leveza. E nisso Tuesday acerta muito bem.

A mensagem que o filme mais prega é que a aceitação da morte é também um meio de celebrar a vida, e o eterno reside no legado que os mortos deixam nos vivos. Ainda assim é um filme que pega o público pelo coração, é um filme feito para afetá-los de alguma forma. Tuesday é uma linda obra e com uma mensagem relevante.

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