- Publicidade -

Vera Schueler Araripe apresenta individual “O Jardim Secreto”, no Ateliê 31

Publicado em:

A artista Vera Schueler Araripe inaugura a individual “O Jardim Secreto”, no Ateliê 31, A mostra é resultado do seu trabalho de conclusão no curso de Pintura da Escola de Belas Artes da UFRJ e apresenta um conjunto composto por nove telas, uma gravura e uma pintura mural medindo 2,5 x 2,5 metros, produzida no local.

A mostra traça um paralelo entre a infância da artista na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro, e o clássico da literatura infanto-juvenil ‘O jardim secreto’ (que nomeia a exposição), publicado pela primeira vez em 1911 pela autora britânica Frances Hodgson Burnett. O primeiro contato da artista com o livro foi através de uma professora de português que a presenteou na quinta série.

O livro conta a história de Mary, uma menina de 9 anos deixada aos cuidados de um tio após perder os pais na Índia. Descobrindo um jardim trancado e abandonado, Mary, junto com seu novo amigo Dickon e um pássaro chamado pisco-de-peito-ruivo, transforma o lugar desolado em um símbolo de renovação e amizade. O livro celebra a redescoberta da natureza como fonte de vida e transformação para crianças antes solitárias e desanimadas.

Assim como Mary, Vera teve uma infância atípica na Ilha do Governador, onde nasceu e cresceu. Sua mãe teve um diagnóstico de depressão pós-parto que, como era de costume na época, não foi tratado, o que fez com que Schueler fosse criada por parentes que também enfrentavam outros desafios relacionados à saúde mental.

“O paralelo entre a obra infantil e a pesquisa de Vera surge na transformação de memórias, mesmo as mais espinhosas, em fonte abundante de cor, beleza e cuidado”, destaca Paula Amparo que assina o texto crítico da exposição e acompanha o trabalho da artista há mais de dois anos.

“O jardim secreto” trata com beleza os medos e as ânsias de quem aprendeu tardiamente a viver e amar a vida com os olhos de uma criança. “Esse projeto também traz uma mudança derradeira na vida de sua personagem principal, visto que o meu jardim secreto um dia fora um quintal maltratado e hoje é a pintura, e o meu pisco foi o sabiá-laranjeira que vivia na mangueira do quintal da casa onde cresci e fazia visitas diariamente. Hoje guardo apenas memórias dele, um passarinho grande comparado aos outros que também habitavam o mesmo quintal, além de possuir uma barriga proeminente de tonalidade laranja vivo que brilhava ao sol”, relata Vera.

Todas as obras da exposição são inéditas, exceto a maior delas, “Três Marias – Um desejo”, (2023), com 2,66 x 1,62 cm de dimensão. Este trabalho foi apresentado no começo de 2024 na exposição Alvorada, na galeria Anita Schwartz, no Rio de Janeiro, através do projeto GAS, que promoveu uma seleção de 32 artistas dentre 770 inscritos no edital. “Três Marias – Um desejo” faz referência ao pedido por um lar feito pela pintora, ainda criança, para o trio de estrelas. “Vera produziu essa tela em retribuição ao desejo concedido. A dupla de primos afetivamente negligenciados de ‘O jardim secreto’, seguindo o exemplo do pisco-de-peito-ruivo, montam um ninho para iniciarem uma família saudável, capaz de abrigar o modo de ser das pequenas existências selvagens como as crianças, as plantas e os animais. A recuperação do jardim secreto anuncia a chegada da primavera e promove a cura coletiva, que se espalha pela propriedade em um irrefreável efeito cascata. A mágica das Três Marias, assim como a do jardim, transformou a realidade de um grupo de crianças que se colocou entre outras espécies para sonhar com um mundo acolhedor”, enfoca Paula Amparo.

A exposição também apresentará as obras “Nana” e “Bananal”, ambas com 80 x 60 cm, “Tininha”, de 150 x 200 cm, “No Jardim”, de 90 x 60 cm, “Cacuia”, “Sabiá” e “Cajuzinho”, medindo 20 x 20 cm cada, e “Aurora”, de 140 x 100 cm.

De origem de família de artistas, tendo o seu bisavô, João Moreira de Araripe Macedo, como precursor, Shueler traça toda sua pesquisa baseada nas memórias da sua infância. Por vezes traça um projeto de pintura, mas ao longo da execução se “deixa levar” pelos pensamentos e outras imagens e formas ganham espaço na tela. “Ao não planejar, fujo de resultados iguais baseados em fórmulas que já deram certo. A cada nova tela há um novo desafio e, por conta disso, a criação é sempre baseada em vivências, sentimentos e memórias ligadas ao período no qual ela foi gerida. Algumas são mais alegres em sua profundidade, outras mais pesadas e densas, mas cada uma possui particularidades que as tornam únicas, por mais que possam compor lindamente lado a lado em uma exposição individual. São tantas camadas que muitas das telas só fazem sentido para mim algum tempo depois de prontas, pois o inconsciente realmente toma conta da criação trazendo à tona coisas que eu não conseguia enxergar antes”, diz a artista.

Serviço:
Exposição “O Jardim Secreto” – Vera Schueler Araripe
Abertura: 05 de julho (sexta-feira) | 16h às 19:30
Visitação: terça a sexta-feira, das 13h às 18h
Ateliê 31 (Rua México, 31, 10º andar (sala 1003), Cinelândia – Centro)
Entrada gratuita

Rota Cult
Rota Cult
Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

Mais Notícias

Nossas Redes

2,459FansGostar
216SeguidoresSeguir
125InscritosInscrever
4.310 Seguidores
Seguir
- Publicidade -