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“Em Nome da Mãe” faz temporada no Teatro Adolpho Bloch

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Ao deixar de lado o aspecto religioso e desmistificar a figura de Maria de Nazaré, mãe de Jesus, o espetáculo “Em Nome da Mãe” aborda a jornada íntima de uma mulher jovem, pobre, não casada – e grávida, tendo por isso sofrido os preconceitos de uma sociedade conservadora, patriarcal e machista. A história milenar, escrita por homens na Bíblia, aqui é contada por sua protagonista antes de se tornar a mãe do filho de Deus. Baseada na obra homônima do premiado autor italiano Erri de Luca, a peça foi concebida para o palco por Suzana Nascimento, que também estrela o monólogo, em sua primeira montagem no Brasil. A direção é de Miwa Yanagizawa.

Contemplado pelo Edital de Cultura Sesc RJ Pulsar, o espetáculo “Em Nome da Mãe” faz única apresentação em 20 de abril (sábado) no Sesc Madureira, às 16h. A montagem fará uma circulação por oito unidades do Sesc no estado do Rio, entre abril e maio: Teresópolis, Barra Mansa, Valença, Madureira, Campos, Nova Friburgo, São João do Meriti e São Gonçalo.

Em 2015, Suzana Nascimento teve contato pela primeira vez com a obra de Erri de Luca. O livro “Em Nome da Mãe” conta em primeira pessoa a história da gestação de Maria de Nazaré, desde o anúncio de sua gravidez imaculada pelo anjo Gabriel até o nascimento de Jesus. Arrebatada pelo livro, a atriz construiu uma dramaturgia para ser encenada, aprofundando o olhar para o feminino. Nela, a jovem mulher ganha voz própria e coloca em evidência sua dimensão não apenas humana como feminina: ela relata sua coragem e suas incertezas, as perseguições, os constrangimentos diante de intrigas e acusações, seus medos e sonhos.

A peça fez sua estreia em versão audiovisual durante a pandemia, em agosto de 2021, dentro do projeto “Arte em Cena – Temporadas”, braço de temporadas teatrais do projeto em que o Sesc RJ transmite espetáculos artísticos em suas plataformas digitais. A montagem foi laureada em quatro categorias no 16º Prêmio APTR de Teatro, em 2022: espetáculo, atriz protagonista (Suzana Nascimento), direção (Miwa Yanagizawa) e música (Federico Puppi).

“Não estamos fazendo uma transposição do audiovisual para o presencial. Estamos retrabalhando a linguagem, a luz foi criada para o palco pela Ana Luzia Molinari de Simoni em parceria com Hugo Mercier”, diz Suzana Nascimento. A atriz também destaca os momentos pontuais de interação com público na montagem presencial. “Essa interação é uma característica do meu trabalho desde o meu monólogo ‘Calango Deu! Os Causos da Dona Zaninha’, premiado nos Festivais FITA e Cena Contemporânea, em 2014, que também fez circulação por diversas unidades do Sesc”, explica.

A ideia de ir além da simples adaptação do texto para o teatro veio aos poucos. Desde a primeira leitura do livro, Suzana sentiu a necessidade de abordar importantes transformações em relação ao universo feminino, e construiu uma nova dramaturgia, com outros personagens e situações. Ao lançar um olhar contemporâneo sobre uma história contada há mais de 2 mil anos, a peça abre espaço para reflexões sobre o feminismo e sobre os comportamentos patriarcais que atravessaram o tempo até nossos dias.

A peça passeia por importantes arquétipos da alma feminina. Em cena, Suzana dá voz a três mulheres – a donzela Maria (ou Miriam, como é chamada em hebraico), a atriz (uma mulher de 46 anos) e a anciã (Maria, em sua velhice, carregando em si a ancestralidade feminina) – que relatam a jornada da protagonista, intercaladas com histórias da vida da própria atriz e temas da atualidade. “Só existem seis falas atribuídas a Maria em toda a Bíblia. Pouco se escreveu sobre ela. A peça é uma investigação sobre sua jornada íntima, trazendo uma Maria profundamente humana, em plena metamorfose, se apoderando de sua própria história”, conta Suzana.

“Fui arrebatada pela obra. Foi uma desconstrução da imagem romântica que eu tinha da Maria, que nos chega perfeita, como aquela que vemos nos presépios de Natal”, conta a diretora Miwa Yanagizawa. “Humanizar a figura da Maria e mostrar a opressão sofrida por essa mulher amplia o movimento libertário feminista”, diz a diretora, que vê neste trabalho um diálogo com seus dois espetáculos anteriores, “Nastácia” e “Eu matei Sherazade, confissões de uma árabe em fúria”.

Serviço:
Local:Teatro Adolpho Bloch(Rua do Russel 804, Glória)
Temporada: de 7 a 29 de agosto – quartas e quintas, às 20h /  sessões extras nos dias 2, 3 e 4 de setembro
Ingressos na bilheteria do teatro e pela Sympla

Além da peça, o Teatro Adolpho Bloch recebe a exposição “No Princípio  era a Mulher”, da artista Suzana Nascimento, acompanhando a temporada do espetáculo teatral “Em  Nome da Mãe”

Contam as árvores que o ciclo da vida é fluxo infinito, grávido de recomeços. A Botica de Histórias  recolhe as folhas-filhas quando elas se despedem da árvore mãe e retornam à terra. Pela linha íntima  e ancestral do bordado, aqui elas recebem uma interferência poética e artesanal e contam novas  histórias, integrando gente e natureza. 

‘Botica’ era uma farmacinha antiga onde se vendiam e se preparavam medicamentos. A Botica de  Histórias é uma farmacinha para a alma, um bálsamo artístico e medicinal que une poesia visual,  oralidade, ancestralidade e natureza; um desejo de cultivar memórias afetivas em infusão e nutrir  relicários internos pelo elo tangível entre o orgânico e o afetivo. 

A exposição “No Princípio era a Mulher” costura a Botica de Histórias ao espetáculo “Em Nome da  Mãe” como ingredientes que compõem o caldeirão artístico de Suzana Nascimento. Assim como o  espetáculo, a exposição passeia pela alma e pela ancestralidade feminina com o desejo genuíno de  dar à luz tamanha potência. 

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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