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Mestre Aberaldo ganha exposição no Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular

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O Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular inaugura a exposição “Aberaldo e o rio: esculturas da Ilha do Ferro”, na Sala do Artista Popular (SAP), no Rio de Janeiro. A exposição apresenta a vida e a obra do Mestre Aberaldo, artista alagoano que imprime na madeira as memórias e experiências de observações atentas sobre seu território. Realizada em parceria com a Associação dos Amigos do Museu de Folclore Edison Carneiro (Acamufec) e com o apoio do Programa Alagoas Feita à Mão, da Secretaria de Estado de Relações Federativas e Internacionais de Alagoas, esta é a 208ª exposição do programa SAP. 

As embarcações navegadas às margens do rio São Francisco, os personagens da história local e a fauna são elementos que ganham a forma de esculturas, bancos e representações em miniatura de uma trajetória vivida no sertão alagoano. Nascido na Ilha do Ferro (AL), em 1960, Aberaldo Sandes Costa Lima teve a arte e o roçado como parte de sua vida, junto ao jogo de futebol no campinho local, à pesca e às corridas de barcos à vela, em miniatura, no rio. Segundo o artista, o trabalho com a madeira sempre esteve presente em sua trajetória. Aprendeu a manuseá-la com o pai na carpintaria e, no início da década de 1980, começou a produzir barcos em miniatura junto com o irmão para vender nas feiras de Maceió (AL). Logo em seguida, começou a fazer seus primeiros “corcundas”, esculturas inspiradas na postura corporal de Frei Damião, frade que agrupa muitos devotos na Região Nordeste.  

Após o surgimento dessas esculturas, vieram as formas inspiradas nos ex-votos – objetos confeccionados na madeira e dados pelos fiéis ao santo de devoção, em nome de alguma graça alcançada -, a partir das imagens que via pelas estradas e das histórias de fé que ouvia no povoado. Essas formas antropomórficas se tornaram a principal marca de seu trabalho. No entanto, o repertório de Mestre Aberaldo foi se ampliando e, hoje, há uma multiplicidade de formas de bancos, animais, barcos e miniaturas entalhadas em imburana e mulungu, madeiras utilizadas por ele.  

Para compor suas obras, o escultor utiliza diversas ferramentas, desde a serra elétrica, para cortar troncos maiores, até um conjunto de diferentes serrotes, serras, enxó, facões, machadinhas, para dar contorno à madeira. Para finalizar as peças, o formão, as facas e as lixas, de diversos tamanhos, complementam a coleção de instrumentos que são utilizados no processo artístico. A tinta à base de água e o verniz conferem o acabamento. Em geral, trabalha em várias peças ao mesmo tempo, executando-as por etapas: em um dia faz o corte, no outro, só o polimento e assim por diante. Mas, o que importa para o artista é a rotina permanente entre o entalhe, o rio e sua imaginação. 

Segundo Mestre Aberaldo, o artesanato na Ilha do Ferro tem íntima e histórica relação com o Rio São Francisco, em razão das técnicas de manuseio da madeira desenvolvidas pelos antigos mestres canoeiros que construíram e restauraram barcos. O artista destaca, também, a produção de tamancos de madeira, comuns na Ilha e comercializados às margens do rio. Outro destaque é a presença da fé, em formas de “cabeças de promessa” ou os ex-votos. A confluência desses aspectos e o modo como cada artista se apropria desses elementos se refletem na atual produção de esculturas da Ilha do Ferro, que hoje é um valoroso celeiro de artistas populares.  

“Aberaldo e o rio: esculturas da Ilha do Ferro” pode ser visitada de 22 de agosto a 29 de setembro na Sala do Artista Popular, no Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP Rua do Catete, 179, Catete).

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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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